Hoje eu senti falta...

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Hoje eu senti falta...
 
Hoje eu senti falta dos natais de minha infância quando nós, as crianças, éramos colocadas cedo na cama e ficávamos olhando por baixo da porta as sombras das pessoas que iam e vinham. A gente não participava das festas. Somente da abertura dos presentes.
Ah! Esse era o momento mais aguardado. Levantar cedo e ir correndo até o lindo presépio que minha mãe sempre fazia. Ali ficavam nossos sapatinhos e nem que fosse uma lembrancinha a gente encontrava e era como um tesouro.
 
Hoje senti falta de montar o presépio com minha mãe enquanto a gente esperava o resto da família chegar. Tudo era muito agitado. Tinha a preparação da ceia, as bebidas ficavam por conta dos homens, encomendar o pernil, os pães de queijo. Ah! Que delícia pernil com pão de queijo. Nenhum peru se compara ao sabor.
 
Hoje senti falta da arrumação da casa, das filas para o banho, das camas compartilhadas, das criançadas correndo por todo o lugar. Sim, por que nos tempos atuais elas não dormiam cedo, participavam de todo o festejo, da oração à meia-noite agradecendo ao Menino Jesus por sua presença em nossa casa. Casa cheia de sonhos. Casa cheia de amor.
 
Hoje senti falta dos amigos secretos de última hora e onde também não faltava a brincadeira do inimigo secreto que faziam com que todos gargalhassem com o que aparecia. Sempre tinha presente para aquele convidado de última hora, que vinha não sei de onde mas que se estava ali era por que tinha que estar.
 
Hoje senti falta das caras amassadas do dia seguinte, dos chás de boldo para aqueles que passavam da conta (estes preferiam morrer do que tomar rsrsrsr), das sobras requentadas, dos doces que são receitas de família e que não podiam faltar em uma mesa de natal.
 
Sim, senti falta disso e de muito mais! As lembranças dançam e pulam de um picadeiro a outro. Vão remontando um teatro de natais onde nos sentíamos acolhidos, de presépios adornados, de mesa farta, de presentes nos sapatos.
 
Mas, esses tempos ficaram pra trás. Hoje, os natais se dispersaram. Os idosos da família ficam sozinhos quando deveriam se sentir acolhidos. Já fizeram tanto por nós! Quanto tempo ainda lhes restam? Quanto tempo ainda nos restam? ​
 
M.A.Oliver 24/12/21

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Angélica

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Comentários

  • Triste essa saudade, mas os tempos mudam, as pessoas se transformam sem nem perceber, nada a fazer a não ser ter nossas lembranças para acalentar o coração. O tempo voa!

    Linda reflexão, embora triste, a realidade se impõe... 

    Beijos Angélica

    • Obrigada Luly pelo carinho! 

  • Sim...eu lembro e sinto falta da mesma forma....esse cuidado delicado com o Natal que hoje como vc diz se dispersou, mas temos que nos adequar e de alguma forma pequena que seja manter Papai Noel vivo sem perigos em nosso coração e podemos fazer isso ...trazer da memória e contar e cantar...o Natal nunca morrerá. Bj grande querida amiga, Deus a abençoe. Seu texto é belíssimo

    • Obrigada Carlos pelo carinho!

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