INSTANTES DA VIDA REAL

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INSTANTES DA VIDA REAL

Eu tinha quinze anos de idade, se tanto. Perto de minha casa morava uma linda moça que no fim da tarde passava rente a mim quando vinha de seu trabalho. Era lindíssima, de corpo esguio, cabelos loiros e dois maravilhosos olhos azuis que se contrastavam com sua tez alva, quais duas estrelas cintilantes encravadas no universo de seu rosto inatingível para mim.
Eu a amara, mas fora um amor platônico, onde a idealização e a ausência de desejo físico, dão azo a uma conexão profunda e espiritual, onde a admiração e o respeito pela pessoa amada são mais importantes do que a atração física, embora, na época eu não soubesse disso.
Digna de ser a musa inspiradora do mais terno dos amores buscara, numa tarde cinzenta e fria, esconder do mundo a desilusão que dilacerara seu coração franco e leal... Suicidara-se... Seu sentimento puro, o amor verdadeiro, embora proibido, que doava, fora desprezado pelo orgulho insensato e sua simplicidade d’alma foram achincalhadas pelo egoísmo pervertido e ingrato.
Então, entristecido, com o peito opresso, sem ainda entender direito os dramas morais e as derrocadas do espírito em sua caminhada na busca da perfeição, escrevi meu primeiro soneto, que publico pela primeira vez, da forma como foi escrito:

 


Era mocinha fagueira,
a linda Ritinha que um dia
deitada junto da esteira,
mil riquezas pressentia!

Amor?! No fundo besteira!
Dinheiro no banco dizia,
é paixão pra vida inteira,
casamento em que se fia!

Nunca mais eu vi Ritinha,
até ontem de tardinha,
quando vinha o rabecão!

Era a moça sonhadora
que com veneno se fora,
sozinha na solidão!

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Nelson de Medeiros

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Comentários

  • Boa tarde, Margarida Maria! O bardo, aqui, te agrade e te saúda pela constante boa vontade com meus rabiscos poétios. Abraço.

  • Gestores

    Você já nasceu sonetista, então.

    A beleza é uma prova muito difícil na evolução. Assim, como a riqueza, o poder...

    Triste fim, mas os resultados da nossa má ação aparecem logo.

  • Caro poeta:

    Um triste fim para um amor de jovens, daqueles tempos em que sonhar era o prato principal em nossas vidas.

    Também amei assim uma artista famosa: Elisabeth Taylor. Ia ao cinema e sentia que ela só olhava pra mim. Credo,né. rsrs

    Mas, isso era lá atrás, onde somente sonhávamos com o amor.

    Triste porém belo poema, caro poeta

    Parabéns

    Abraços

    Bridon

  • Lindo e triste versos

     

    Abraço

    • Ave poetisa Ciducha! Versos tristes eu compus mas, teu carinho sempre afasta a mi nha tristeza. 1 ab

  • Quanta inspiração e quanta paixão! parabéns!

    • Boa noite Poetisa Editt! Como prezo a tua companhia nesta página. Obrigado e receba meu abraço;

  • Um Belo texto poético...Uma história de vida contada em vocabulário culto. O suicídio traz um sentimento de impotência e tristeza, mas não abala o belo e diferenciado tema.

    Amei a história de Paixão e Amor.

    O soneto é fantástico e senti uma emoção boa ao ler-te.

    Música linda

    Enfim uma obra de excelência merecedora de um DESTAQUE.

    Abraços fraternos prezado Poeta Nelson Medeiros 

    Esteja bem junto aos seus familiares 

    • Boa noite, meu amigo poeta! De fato, esta foi uma história de muita paixão onde o desprezo pela vida de um homem rico, deu azo a um triste fim de romance. Obrigado por tua presença constante. 1 ab

  • Toda triste história pode, sim, ser retratada num belíssimo soneto. Parabéns Nersão, teu coração deve ser um relicário de paixões. Parabéns e um forte abraço. #JoaoCarreiraPoeta.

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