MINHA MELHOR LEMBRANÇA...
Tenho meditado sobre este rosto sério e apreensivo, talvez numa expectativa de um futuro incerto, vacilante, e por incrível que pareça é a minha figura predileta. Um retrato pelo qual carrega em si o início de uma grande, admirável e inusitada história de um garoto que, desde aos seus tenros quinze anos, já pensava na vida, tal qual se espelha este semblante estampado e assustado.
Era uma vida em preto e branco. Inocente, e ao mesmo tempo, destinado às intempéries das cores... Se soubesse efetivamente que o “colorido” da vida não lhe traria lá dias melhores sobre o “cinza” da satisfação, por certo quereria manter-se nesta fisionomia, ao menos era feliz.
Fui privilegiado por nascer nos anos 60, e ter vivido felizmente nos anos 70 e 80... Os melhores anos da minha vida. Vai ver é isso que denota esse rosto de menino “interrogatório”: Ué... Cadê? Verdade... Cadê aqueles anos da brilhantina, dos confetes, do Bee Gees... Da propaganda de Hollywood... Foi-se tudo. Ora, voltemos então para aquele menino e façamos tudo de novo, como num flash back; que se torne tudo cinza novamente.
Pudera... Todavia, não se encontra ainda disponível nas lojas a máquina do tempo, coisa que o padrasto colorido não conseguiu inventar. Muito menos, creio eu, de reinventar os áureos anos 70 e 80, pois o que temos hoje é “faz de conta” do que já foi realmente propriamente dito. Por isso, aquele semblante é o meu “indicador de saudade”, que mede o quanto fui feliz e não sabia... Me olha e diz: Sorria, você está sendo filmado.
Alcebíades Júnior - 14/10/2017.
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Comentários
Boa tarde Alcebíades Júnior
Um belo poema relembrando um passado que não volta mais.
Apenas incluo, se me permitir, os anos 60 também, porque já tenho 81 aninhos e me sinto aquele menino da foto.
Parabéns
Abraços
JC Bridon
Boa tarde, Julio!
Verdade, não volta mais mesmo, período de ouro das nossas vidas!
Claro, anos 60 tem suas pérolas também, nasci em 66 e tenho certas lembranças, mesmo pequenino.
Grato por suas palavras.
Forte Abraço!
Nessa retrospectiva, caro poeta Alcebíades, percebe-se quanto
a vida que nos parecia cinza, não o era... O tempo se incumbiu
de fazer as mudanças, os estragos no mundo! O que era cinza
tornou-se colorido, porque o colorido de hoje já não nos causa
tanto prazer... O mundo mudou e as lembranças de décadas atrás
nos fazem sentir que "eramos felizes e não sabíamos".
Um texto para se fazer uma boa reflexão! Amei! Bjs.
Oi poetisa Mena... No tempo em que o Cinza ainda predominava (mais precisamente nos anos 60/ 70: televisores, máquinas fotográficas, etc.), a vida era bem melhor. A partir dos anos 80, apesar da minha maravilhosa adolescência (onde o colorido começou a predominar), a vida ficou Madrasta. Entretanto, todas as gerações irão se lembrar dos anos 70/ 80, época Áurea de todos os tempos. Sou feliz por ser contemporâneo e ter vivdo estes anos. De resto, apenas resquícios do que, porventura, foi bom. Grato por sua visita e apreço. Grande Abraço!
Diz que recordar e viver então vamos recordar adorei o que li parabéns...
Sim, recordar é viver, pena que passou, o que era doce e o que não era se acabou... Grato por sua visita e apreço, poetisa. Grande Abraço!
Penso que a maioria das pessoas ao se olhar por esta janela do tempo vai dizer que era feliz e não sabia, o grande problema é que só se sabe disto quando se cresce e começam as quedas.
Bela prosa, Alcebíades.
Certamente, querida poetisa... Eu não posso dizer dessa nova geração se levarão boas e saudosas recordações dos dias de hoje, mas que os anos 70 e 80 foram excepcionais, isso foram, Sem Dúvida. Sou feliz por isso. Grato por sua visita e apreciação. Grande Abraço!
Todos nós, quando somos crianças, Alcebíades, na ânsia incontrolável de crescer, não percebemos que ser feliz é exatamente esse período onde não sabemos nada da vida.... Belíssimo texto!
Verdade, querida poetisa, a vida de mãe passa a ser madrasta... Que Fúnebre... Agora é só saudades de um tempo Gracioso e Marcante; não o troco por nada neste mundo... Só por Deus. Grato por sua sempre preciosa visita e apreço, uma Honra. Grande Abraço!