No fundo do Poço

Faça de mim apenas um poço
em qualquer deserto sem água
neste infortúnio causal que ouço
em que a ternura pouca mirrava

Faça-me tela de linho branco
onde amor se desmancha nas cores
e que a dor é um mal natural
linfa impura de tantos horrores
que escorre por entre pedras dos açores

Faça de mim amor para quem não entendeu
que é para todos o respeito, as regras, as leis
faça-me o fogo no qual me queimei
sonorizando a dor que arrefeceu
na noite sem a lua cor de breu

Faça de mim o ator que não sou ou fui
e nesta tristeza que me coça e arde
sem que eu possa dizer um Ui
nas entrevidas de sombras que polui
ao me ver morrer na minha finita tarde

Dê-me então teu abraço; Ò noite escura!
Já não há lei, nem dos homens, nem de Deus.
Aos meus olhos mostre o meu fim!
Somente o negrume é que não
poderá negar para mim...
ou para os meus.


Alexandre Montalvan

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Alexandre

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Comentários

  • Gestores

    UAU... Versos fortes e bem elaborados. Parabéns, Alexandre.

  • Inencionalmente provocativa e expressiva de uma alma gritande de vida. Felicitações pela inspiração

  • Bom dia

    poeta Alexandre.

    Criatividade,

    sensibilidade,

    super inspirado, tudo em alta.

    Um belíssimo poema.

    Parabéns

    Um forte abraço.

    #JoãoCarreiraPoeta.

  • Parabéns poeta 

    Sempre nos presenteando com teus belos escritos

    Paz e luz sempre 

  •  

       Quanta inspiração poeta Alexandre! Um mestre da poesia! Parabéns!

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