Arrebataria meu barco em alto mar
De encontro a um vagalhão inesperado
Alquebrada, a proa soçobraria a estibordo
E suas partes desencontrariam por esse velho casco
Assim esfacelando blocos inteiros
Afundariam docemente entre as salgadas lágrimas
De olhares brejeiros
Entenderíamos que a solidão do mar
Seria bem menor que a de não amar
E que a dor de amar nada seria
Ante a ávida gula desse voraz veleiro
Inundado de saudade navegada e navegante
Por um qualquer timoneiro
Apartado de ansiedade retida sem serventia
Quisera atirar nesse oceano toneladas de poemas
E vê-los manchando as encostas
Escritos nas areias meladas de poesia
PSRosseto
Comentários
Belíssima Poesia, bom que não perdi esta leitura. O pessoal aqui publica muito e com extrema qualidade, impossível ler todos..
Bem: Um lindíssimo e lírico poema onde o mar e o veleiro são as bases das valorosas metáforas impulsionadas por sentimento subtil do amor e porque não a paixão.
Ante a ávida gula desse voraz veleiro
Inundado de saudade navegada e navegante"
Destaco estes versos complementares:Como leitor sinto aqui, a paixão, o apaixonado, o Amor à quem a Poesia é dedicada.
A útima estrófe, além de linda, uma expressão de neutralidade do Poeta, quando este oferece a todos suas poesias e seu amor.
"Quisera atirar nesse oceano toneladas de poemas
E vê-los manchando as encostas
Escritos nas areias meladas de poesia"
Parabéns por mais esta obra.Paulo Rosseto
Abraços Antonio Domingos