Gira o ponteiro do relógio em sua toca,
Invisível e real celeiro de ferozes seres,
Alados, decapitados, amordaçados,
Ilustres moradores do tempo,
Abraçados aos seus cadafalsos,
Amontoado silêncio gélido,
Ilustrando os pálidos tesouros,
Abrigando criaturas infestas.
Funesto caminho irrompe a alma,
Assaz perdida no tempo,
Redemoinhos de fantasmas,
Atemorizando suas fiéis imagens,
Com seus gritos enfadonhos,
Gruir da infinda morte,
Sob asas do pesadelo,
Ambíguos infernos,
Aos olhos de quem os criou.
Ao longe a canção sidérica,
Se faz ouvir no mutismo dos mundos,
Vibrações de plasmas quiméricos,
Recriando submundos indefinidamente,
No imenso caos da casualidade,
Onde os infernos se fundem,
No desalinho de cada vontade,
Consentido querer ao livre-arbítrio,
Condenado desejo decaído,
Sob o contínuo girar do ponteiro,
Em suas portas exequíveis.
Sirlânio Jorge Dias Gomes
Comentários
Poema gótico carregado de força e poesia.
Aplausos, Sirlanio.