“Quem és, senhor Vento?"
O Vento uivante e tenebroso ruge
Nas ondas da praia, nos campos perdidos
Alfarrobeiras e figueiras, rotas suas vestes
Campestres, descabeladas, vencidas …
Cem mares levantados… Areais massacrados
Limpando ou arrasando? Amanhã se saberá...
Falar rouco, bramido de desespero e dor
Concerto solitário sem qualquer banalidade.
És som do ventre da Terra
Seu gemido de prazer, seu choro…
Seu AUM e OM sagrados.
És ondulação de mar nos pinheiros das serras,
És seda ondulante nas searas de pão,
Trovão nas grutas costeiras,
Serpenteado sibilar, arrepiado nas frestas
Dos palácios rotos, despidos de veludos e anéis.
Na negrura da noite, tempestade, mataste a luz,
Ouço teu rugir, que teima me amedrontar.
“Quem és, senhor Vento?"
Entra…! Vem…!
Transporta-me nesses ares, leve e voada
Leva-me, na tua voz grave, vibrante…
Agarra-me forte, para não cair…
Ahhhh! …. No teu voo eu vou!
Chantal Fournet
22/10/2016
Portugal
Comentários
Parabéns pelo belo poema, cara Chantal.
Quando o primata humano assunta nas manifestações dos elementos telúricos, mais que o medo da assimetria das escalas (o homem: esse musaranho indefeso e o planeta: esse ciclope descomunal), desencadeia-se em nós aquela sensação inebriante de fazermos — todos os entes, indistintamente — parte do concerto universal. E o vento, para além disso, ainda insufla a harpa eólia da poesia que habita a pequenina, mas sensível, alma desse musaranho bípede. Abraço do j. a..
ONTEM foi um dia de bençãos pessoais...🥰🥰🥰🥰😍😇😇 Edith Lobato COMO AGRADECER TUA GENEROSIDADE ?...<3
Gostava de aprender a conseguir assim fazer caber um poema grande num cartao!!! LINDO demais e a imagem é optima!
GRATIDÃO E MIL BEIJOS DE POESIAAA