S.Martinho

S. Martinho

Trezentos e dezasseis, longínquo ano,
Seio de uma família pagã,
Panónia, no antigo Império Romano,
Nasce um menino, talvez de manhã.

Seu pai, Romano e ilustre comandante,
Destinava-lhe a vida militar,
Quinze anos é soldado e viajante,
Sua lenda se estava a iniciar.

Na maturidade dos quarenta anos
vê renascer uma nova esperança,
Abandona os exércitos Romanos,
Abraça o Cristianismo, na, hoje, França.

Fundador do mais antigo Mosteiro,
De toda a Europa, Gália, Ligugé,
Pregador incansável, milagreiro,
Sua lenda, nasceu noutro cliché.

Existem duas versões, na verdade,
Uma certeza parece confirmada,
Trezentos noventa sete, bela idade,
Deixou-nos, e lá se foi de abalada.

Oito de novembro, dia cinzento,
Nasce uma das duas citadas versões,
O sol ilumina todo firmamento,
Nascia o mais singular dos verões.

Três dias depois, onze de novembro,
Ainda sob um sol resplandecente,
vai enterrar e, desde sempre me lembro,
Seu dia será este, eternamente.

Outra história sobre si contada
Tem a ver com um pobre mendigo,
A quem metade daquela foi dada,
De modo a servir-lhe de abrigo.

Logo outro mendigo lhe apareceu,
S. Martinho sem sequer hesitar,
A restante metade lhe deu,
Ficando, ele, sem com que se abrigar.

Foi então que nasceu a lenda,
O dia chuvoso tornou-se radioso,
Hoje não há quem não aprenda,
A lenda de verão tão milagroso.

Portugal acrescentou-lhe algo mais,
“No dia de São Martinho.”
Juntam-se amigos e comensais,
“Vai-se à adega e prova-se o vinho”.

Francis Raposo Ferreira
11/11/2019

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