Sombras Líquidas


Há sombras líquidas em cada canto da rua,
no desordenar de nuvens imprecisas.
Mas as lágrimas são minhas — não são tuas —,
desenhadas pelas tuas mãos, poetisa.

Eu me depuro em marasmo elusivo,
perdido a olhar um ponto no espaço,
sem encontrar sequer um objetivo,
pois apenas amo — e não sei o que faço.

Esta é a tristeza de uma longa espera,
um abandono cruel e perene.
Se já amaste, então não me condenes:
o amor abranda até o coração da fera.

Minha insensatez é amar na loucura
e reinventar meu triste coração partido.
Tão cego, não me importo com a desventura
ao ouvir tua poesia em meus ouvidos.

Não sou sombra líquida na escuridão:
sou o crepitar de uma grande fogueira —
mas que, na verdade, apenas permeia
as cinzas do meu pobre coração.

Alexandre Montalvan

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Alexandre

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Comentários

  • Parabéns,Alexandre!

  • Gestores

    Concordo com o Nelson. Essa musa deve estar lisonjeada. Lindíssimo poema, usualmente.

  • Ave, poeta! A poetisa Musa certamente se comoverá. 1ab

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