As boas palavras aclaram ideias
Exaltam sorrideiros pensamentos
Branqueiam o alvejado esmalte
Enquanto mordem a carne dos lábios
Emolduram os dentes
Refinam o hálito prazerosamente
Mastigam, deglutem, engolem, ruminam
Cospem ou vomitam toda verborreia excedente
As boas palavras escovam amigdalas e vísceras
Lapidam a língua, burilam vocábulos, babam sílabas
Separam, pontuam, pausam ou encerram contendas
Afetas a qualquer diálogo contundente
Descongelam a mente e plantam saborosas pronúncias
Docemente salivam e irrigam e enlevam a verve da gente
As boas palavras harmonizam o silêncio e o discurso
De quem fala, de quem ouve, descreve e as soletra
As semeia e as escreve peregrinas, fortes e singelas
A quem se atreve a dize-las ou busca-las certas
Sapientíssimas e perpétuas ainda que ditas erroneamente
Sem que se proclame, perceba ou se ouça
De si mesmas sequer uma só letra
PSRosseto
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