VELHA DOENÇA

Velha doença de onde vens?
Colada a meus ossos fragmentários
Inundando minha boca com teu fedor de morte
Um odor impregnado nas roupas
Uma presença que segue meu olhar
Um ponto escuro no fundo abissal dos meus olhos
Um furtivo sentimento de tragédia
Você pode ver que não me alegro mais com o nascer do novo dia?
Percebeu meu mutismo diante da grande cidade?
Da grande e suja cidade...
Habitações sem alma...
Vidas sem por quês...
Você precede a razão nao é?
Velha doença que se deita comigo
Meu leito de enfermo que ninguém pode mudar
Uma forma ali comigo na cama
Derradeiro descanso que já me leva longe
Ah velha doença me deixa entende-la
Me fala teu nome?
Me explica teus motivos?
Preciso que tenhas motivos
Tens que ter algum sentido
Eu sigo andrajoso com você
Eu serpenteio com você
Ate mesmo rastejo...
Sim eu rastejo!
Velha doença sinto que não vais partir
Não podes partir
Não queres partir
Tens aqui solo fértil
Tens aqui sangue fresco
Alimento para a prole horrenda que geras
Para teus monstros
Sim... posso ver que ficas
Posso entender que ficas
Estas comigo
Estas nesta casa
Neste bairro
Neste país
Neste mundo
Vive o homem sobre a Terra
Vive você com a humanidade
Teimosa, terrível...
Eterna.

 

RODRIGO CABRAL

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Comentários

  • Viceral teu poema, se homem não está disposto a reconhecer seus erros, o mundo sucumbe.

    Excelente poesia.

    Destacdo!

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