Posts de Frederico de Castro (1260)

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Lugar comum

É património desta humanidade onde
O sonho peregrino feliz gemeu acomodado
Aos bastidores da vida numa precisão de olhares
Valsando orquestrados
Em dribles de cumplicidade colorindo os sonhos
Que baloiçam assim adestrados 

O tempo solidificou os dias numa mímica de palavras
Primaveris, artísticas e orgásticas
Alimentou a fisionomia da manhã que se espreguiça
Vaidosa, ilustrando a vida despertando fantástica e charmosa

Lugar comum se tornou o dia que gora nasceu
A noite que valsou entre a 5ª sinfonia de abraços seduzidos
E o renovado milagre estético orquestrado sob a batuta de um verso
Ritualista pulsando de inspiração semântica e tão surrealista

Na meiguice de uma manhã matreira deixo
O sol entrar pelas persianas dos meus silêncios
Estendendo seu naipe de luzes majestosas buscando
O epicentro de todos os desejos onde nos embriagamos
Ornamentados, estupefactos…eternamente homogeneizados

Queda-se todo o silêncio da alma prostrada deixando o
Profundo ser do ser quase insano inflamado e indomado
São estados do mesmo sonho onde preencho os vazios
Bolsos da solidão hibernando pelos ecos e alamedas deste
Embrionário verso inconformado…em ebulição

Hoje resta só uma ovação de lamentos tamanhos…abismáveis
Confinada a esta estrofe peregrina penetrando nas entranhas
Do tempo onde sucumbo legitimado no sombrio sótão
Da solidão incontrolável, hermética,íntegra e inadiável

Frederico de Castro

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Indefesa tristeza

O perfume do silencio palpitará entre
Todos os paladares degustados num
Medonho dia onde se despenhou um
Lamento implícito e tão tristonho

Ali repousam vagarosos e improvisados
Todos os cânticos inéditos e recônditos
Ovacionando os instintos esbatidos num silêncio
Explícito e afoito amadurecendo o ovócito da vida
Clonada irrompendo majestosamente confeccionada

Nenhum verso será jamais meu
É património desta humanidade onde o sonho
Peregrino feliz gemeu acomodado aos bastidores
Da vida numa precisão de beijos e abraços
Patrocínio deste amor repleto de cumplicidade

Desenho nas linhas das tuas impressões
O verso ledo e faminto vagueando entre as
Conexões digitais do tempo que passa assim
Num concluio de ilusões escasseando

Assim fotocopio e imprimo cada sonho escapulindo
Pelas encostas desta solidão velada numa
Desdenhada noite inundando a indefesa tristeza
Morrendo massiva e quase sedada

Na linha imaginária do tempo, por lá
Afloram todas as fronteiras do amor
Destino traçado no passaporte da vida
Recriada , vadiando sorrateira, emancipada

Ficou silencioso aquele rabisco de um chuvisco caindo
Sinuoso pelos batentes desta solidão destelhada
Alinhavo costurado delicadamente num verso carente
Cingido e abençoado no engendrado desejo perdido nas
Calendas do tempo impetuosamente do tempo despojado

Frederico de Castro

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Antídoto para uma lágrima

Que antídotos fabricamos para a tristeza
Quando em lágrimas ela apenas cimenta
A solidão que se agiganta e suscita tanta incerteza?

Que lágrimas derramarei em minha poesia que
Pranteia dentro destas palavras destras descobrindo
Todas as transparências da noite maestra orquestrando
Soluços vestindo a pilastra do tempo quase amestrado?

Prostra-se uma lágrima num rol de memórias iletradas
Emplastro deste vocabulário sedimentado numa palestra
De ilusões derradeiras e cadastradas

Assim expus o silêncio confinado, maltratado
Desventrando paixões que ficaram incrustadas
Numa lágrima linchada, vagueando na antecâmara das
Confissões mais compenetradas

Frederico de Castro

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Astuta saudade

Pelos olhos amendoados de um sorriso casto
Deixo laqueado o sonho embrionário revelado num
Gesto ou súplica aconchegada à placenta do tempo
Onde se queda o imperceptível silêncio combalido
Sangrando no endométrio deste meu uterino verso
Engravidando a saudade assim tão fetal

Jazem perdidos os ventos de um desejo intenso
Ali cerzido, patenteado…num grito alienado, e letal ficando
Nós assim mais fecundos tatuando cada artefacto do amor
Em estado de graça acenando um indeciso e melancólico
Adeus indigente irredutível e fatal

Oculto agora o significado das palavras
Rudes e indivisíveis, dispersas pela enxurrada de versos
intrusos condenados ao degredo de uma ilusão inflexível
Percepção da existência que se escoa irreversível
Rodeada de abraços flanqueando a vida pelejando
Capítulo a capítulo qual elegia de fé assim indiscritível

As lágrimas das saudades perfumam o mural
Onde escrevemos o condoído silêncio ausente
Despertando todas as maresias que inalo em ti
Entranhando-me genuíno, astutamente exequível
No marsupial desejo palpitando irresistível

O sol nasce sempre radioso e colorido
Estendendo seus calorosos e embriagantes raios
Pelo tempo mais ébrio e ladino
Domando aquela manhã aveludada que se
Esgueira comungada neste sonho tão felino

A poesia descobrimo-la nós pincelando todas as
Margens de inspiração fluindo desgarradas pelos
Socalcos da vida abrigando a volúpia dos mesmos sonhos
Acontecendo implodindo na clandestinidade de um carinho
Comovido às vezes descartável…outras quase absolvido

Frederico de Castro

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Nunca é tarde...

Nunca é tarde
Para demover cada hora em fuga pelo tempo
Aditar à duna dos meus silêncios uma ampulheta
De lamentos escorreitos remexendo nas poeiras
Graciosas guerreiras onde embalsamei a vida antepassada
Multiplicando cada distância mais movediça e traiçoeira

Nunca é tarde
Para soltar as amarras da existência onde congrego o
Pseudónimo de todos os meus versos levados assim na
Esteira do tempo esbofeteando a difusa luz conjugada
Na toponímia das palavras desarraigadas pautando
Cada polegada da vida gesticulando emancipada

Nunca é tarde
Para gerar o aspectro ascético de cada desejo
Bailando em coreografias íngremes frenéticas
Antro da minha nudez ansiosa salivando
Sequiosa no ventre idílico das utopias que soletro neste
Multifacetado tempo erótico e tão malicioso

Nunca é tarde
Para vislumbrar-te genuína entre a fauna dos
Meus versos assim vertiginosos e o corpo
Ganindo raivoso amadurecendo todas as alquimias
De amor refinadas numa orgia de beijos quase intravenosos

Nunca é tarde
Para inebriar-te com palavrões degustados
No mais fiel e requintado verso que geme poético
Acoitar-te ali perto do meu silêncio mais estético
Para depois ressuscitar entre todos os actos de
Fé mais eclécticos

Nunca é tarde
Para sonhar-te dia e noite convertendo
Os solitários itinerários das nossas sombras em
Reencontros harmoniosos mesmo que proibidos…grandiosos
Gemendo requintados…sempre voluntariosos
Mesmo que deserdados e beligerantes…amanhã e sempre
Pra sempre deliciosos e empolgantes

Frederico de Castro

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Trajecto lunático

Qualquer hora passa despercebida alheia ao tempo
Que se envolve nas teias e gemidos de cada segundo
Inviolável e inebriante deixando-nos inconsequentes
Distâncias algemadas à moldura do silêncio tão eloquente

Vesti a vaidosa noite com luminescências e emoções
Cartografadas num olhar repleto e lambuzado de divagações
Traços esbatidos na hipnótica existência onde abrandamos
Todas as saudades inquisitoriais que tentadoramente recriamos

Empobreceram-se os céus pingando sua alma no ribeiro
Do tempo onde se afogam mágoas e lamentos vestidos
Por aquela solidão indiferente arando os sonhos que pernoitam
No regaço dos instintos natos e prepotentes

Quando chegar ao fim do caminho pagino-te todas
As minhas andanças lunáticas feitas no trajecto
De vida onde se reaproximam as margens das lembranças
Escritas em versos dissidentes…remoto e algoz momento
Onde sítio e deposito todas as minhas esperanças

Indisciplinados e indulgentes soerguem-se os sonhos
Camuflando sem empecilhos as nossas ausências
Deambulando nos delírios predadores monitorando
Os resquícios de um beijo roubado na curvilínea
Nesga de tempo entreaberto à espessura de uma breve
Sílaba miscígena, fragrante e endógena

Frederico de Castro

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Sabores integrais

Toca o clarim do tempo desabitando os latidos da
Luz vivificando o semblante dos encantos despertando
Numa delicadeza ímpar insurgindo-se pontual ao enluarar
Cada sorriso que se desfralda de par em par

No espectáculo dos sonhos irreais capitulando
No crepúsculo magistral pranteiam gotículas de amor
Sorvendo todos os perfumes que zarpam deste jardim
Relampejando de coloridos beijos tão intemporais

O silêncio aprontou-se para a festa deixando
As sílabas dos ecos castiços empoleirados numa melodia
Inspirada, subtil escancarando os desejos omnipresentes
Recriando a poesia revigorada…complacente

Brotou do arco-íris a elíptica coloração virtual dos azuis
Geniais onde se manufacturam os sonhos entrincheirados
Num sussurro à mercê das saudades tão colaterais
Implorando um abraço mesclado e laborado com sabores integrais

Frederico de Castro

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Dentro do silêncio

No estilo poético das mais nobres divagações
Evoco a sublime coreografia dos versos solitários
Misancene das inspirações inquietas deambulando
No proscénio das minhas alegações finais onde dou
Guarida a esta fé tatuada numa oração quase irreal

Dentro do silêncio sitio todas as brisas coniventes
Atapeto os caminhos desfilando no vácuo dos sentidos
Mais irreverentes…inexplícita luz brotando no ténue momento
Onde resguardo meus versos redimidos e confindentes

Dentro do silêncio asfixio esta dor que se deleita com
Os meus desassossegos mais veementes
Descalçando cada sonho que vislumbro no conforto
Do horizonte impávido depurando a vida engavetada
Na masmorra da saudade tão complacente

Qual artífice das palavras acocoradas na arte
Pomposa deste meu vocabulário geométrico
Monto meu puzzle de verbos e versos esotéricos
Polindo o perfeito sonho onde porventura esvazio
Todas as rimas viajando dentro deste silêncio obcessivo
Enfático...percussivo 

Frederico de Castro

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Essência da delicadeza

Levantou-se o silêncio delicado penetrando num
Olhar salpicado de ternura…plantando no tempo a
Essência do amor envolto em corações corporificando
Toda a delicadeza comungando pacificada

À deriva deixei as noites a navegar ininterruptamente
Temperando o vento que soa em rajadas tonificadas
De beijos assim deliberadamente mal a mordaça do silêncio
Esvoace exonerando-se num anseio efusivo…solenemente

Brasam estes versos latindo solitários incontidos
Espalmando cada palavra inconfessável…assentindo o
Frágil e magnânimo lamento que ali fenece redimido

No restolho dos dias imemoriais cremo a solidão
Envergonhada que desponta convergindo num sorriso
Imperial galopando na assépsia deste silêncio quase irreal

Frederico de Castro

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Sarau das ilusões

Inconsolável e morosa chovia
Uma chuva miúda… miudinha caindo
Em bátegas de emoções escorrendo breve
Brevemente pelos telhados das mesmas solidões
Ininterruptas…varrendo o profano silêncio
Sepultado entre novos capítulos de tristezas
E aquele atarefado e lúgubre dia aninhado a
Este poema que jaz asfixiado num luto súbtil
Capitulando tão absoluto

Tenho somente a omnipresença da noite
Minha companheira das ilusões quase fatais
Onde descortino no breu da infinita escuridão
Aquele grosseiro adeus estacionado no subversivo
Olhar ministrando as condolências que deixei
No manuscrito da vida escapulindo sem indulto
Nem reticências

No anfiteatro dos tempos murmuram agora
Os segredos pérfidos denegrindo o silêncio
Complacente acampado ao redor dessa luz
Redentora e felina…quase indiferida, marginalizada
Descanso das minhas saudades qual recreio
De uma lembrança assim potencializada

E quando a lua acender seus faróis e a noite
Em si recrudescer a endémica treva dos tempos
Guarneço-te de versos deslumbrados numa
Ablepsia de silêncios selectos escalando cada lisonjeira
Gargalhada escrita num verso engarrafado na fábrica
Das minhas inspirações mais matreiras

…Assim ligeira a alma inteira soçobra no enredo
Magistral das memórias adoptivas e derradeiras
Sarau festivo ou desígnio das minhas ilusões mais desordeiras

Frederico de Castro

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Nas mãos do tempo

Tudo pode acontecer numa hora certa
Incerto é depois o destino que desacerta
O consumível tempo que agora desperta
Na fogosidade da infinita imaginação em alerta

Estamos todos nas mãos do tempo
Contemplando a milimétrica hora escapulindo
À existência perene amanhecendo no binómio
De cada segundo que fenece neste meu manicómio 

Décadas séculos, milénios deixam o silêncio quase
Antiquado esvoaçar num contra relógio intemporal adormecendo
O fuso horário onde se reinicia a eternidade de cada tempo
Jazendo no corolário de um sonho que desperta neste cenário

Envelhece o tempo na inteireza de cada momento alimentando
As artimanhas de um jet lag que vegeta ansioso insuspeito
De Norte a Sul até aos confins do imaginário acerto o nanómetro
Dos sonhos onde adormece cada decímetro pictórico de uma hora satisfeita

É na criatividade dos prazeres festivos que centilam atómicas
Horas monitorando a eunomia da vida onde com brados cada segundo
Se secunda das paixões meridionais alongadas pela pontualidade
Que uma simples hora redescoberta acoberta

Frederico de Castro

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E depois do tempo...

E depois do tempo…
O tempo escreve seu folhetim velando
A solidão que desponta em mim
Tantas são as ausências ali prostradas
Esquadrinhando cada remendo dos silêncios
Esguios, misericórdios assim aprisionados

É tempo de seguir o tempo que se esgueira súbito
Abandonado no colo da farta tristeza sancionada
Num lamento caminhando afeiçoado ao relevo
Das saudades patrocinando a luz da noite
Que morre mística, comovida…clonada

Neste código de silêncios onde supervisiono
Todas as solidões do mundo purifico cada
Desejo numa catarse de amor regurgitando
A plenitude das tuas essências perfumadas
Inflacionando de beijos e carícias aquela
Mítica mágoa deambulando resignada

Abeirei-me das escarpas do tempo onde
Degluti meu destino rude fugindo hábil
Pelo ventre da noite, qual despacho mais
Lúcido de um verso retocado, alucinado
Drenando as palavras onde me deleito condenado

Agora por fim abstenho-me das incógnitas ilusões
Que passeiam na destra hora onde retoco
E estrangulo minhas desilusões
Ficam em reclusão os fragmentos de tempo
Vigiando teu adormecer num instinto
Mago, sensorial…devoto e maternal

E depois do tempo…outro tempo virá
E que chore até a saudade mais estonteante
Para que as margens bucólicas do tempo
Se estreitem ondeantes engolindo lentamente
A perfeita fusão da vida que agora se regenera exuberante

Frederico de Castro

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Miraculosa penumbra

Aqui jaz a noite depois de deglutir a luz que desperta
Desatinada galopando pelos pastos do tempo rebelde
Esvazia-se  labiríntica embalando a escuridão meticulosa
Subtraindo cada penumbra de vida que fenece assim tão miraculosa

O eco de um sorriso brejeiro invade todos
Os despertares da melancolia matreira
Flagela meus versos derradeiros, perfumando
Cada corriqueira lágrima deambulando forasteira

Profano o tempo se preciso for, pedindo à alucinada
Noite que desvende as vontades em extase marinando
Fascinadas pelas perífrases destes versos insanos
Tatuados em fantasias onde te desvendas flamejando

A cidade ao longe adormece agora aprisionada a um
Grosseiro gomo de luz escapulindo na vigília da noite
Apropria-se o silêncio das locuções verbais apaixonantes
Dos seres que se entregam irremediavelmente ígneos…crepitantes

Frederico de Castro

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Esquecido queixume

A solidão prostrou-se ali fitando o
Perfil ígneo de uma sombra reluzindo no breu
Das escuridões qual requintado cântico plangente
Açoitando o silêncio florescendo numa prece conivente

Deixo as melancolias pousar nos ramos do tempo
Onde com vagar divagam todas as carências de
Uma saudade trajada com tantas reincidências
Esquecidas num queixume breve e sem reticências

Ficam os registos do tempo passando esporadicamente
Alimento deste subalterno silêncio rugindo afeiçoado
A este verso embebedado no frescor de cada
Afecto unanimemente corroborado

Telepáticas pernoitam as luminescências de uma noite
Pintada nas minhas memórias mais egocêntricas onde
Serenam depois as ondas intactas de uma
Quietude icónica…excêntrica, estupefacta

Frederico de Castro

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O design do tempo

O brilho dos dias arredonda-se entre as falanges
Do silêncio que emigram pelo táctil e saboroso tilintar
Da luz abanando minha solidão deontológica
Semeada entre sonhos e desejos que minuto a minuto
Em teu ser gentilmente a vida deflagra assim analógica

Tenho meu lugar no tempo marcado na arquibancada
Dos céus ecológicos ceifando todas as esperanças
Que desaguam na pátria dos meus amores genealógicos
Bandeira das minhas sílabas poéticas pintando os perfis
E o design onde teço aquele beijo desgarrado e tecnológico

Vou enterrar de vez esta fantástica noite que perdura
No lugar do tempo
Desembarcar no semblante do teu olhar e cogitar-te
O design de uma lágrima demorada, dissecada entre aquele
Adeus tão simples que ainda agora desejo lembrar-te

Sei como é difícil domar estes profanos sentimentos
Paleológicos gotejando à flor da pele…quase patológicos
Porque a saudade me deixou em fúria deglutindo
As palavras dolorosas banalizadas ante o silêncio que
Desabotoa a madrugada que se ergue feliz, ilesa
Cirúrgica ,nevrálgica…audaz tão coesa e voluntária

Frederico de Castro

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Onde jaz a noite

Na periferia do silêncio pernoitam uma
Vastidão de olhares súplices reflectindo
Um pulsante lamento, presumo eu, embebedando
Esta noite cúmplice que se perpetua farsante
Desfraldando um sonho incandescente e possante

Recém chegada
A noite inunda o perfil
Do tempo suspenso numa densidade
De lamentos acometidos e aconchegados
Aos gemidos silenciosos soçobrando homologados

No chilreio da madrugada encontro sorrisos
Levedando na face da lua que espreita
Meus versos se excitando…desapego de
Uma saudade debruçada no tempo hibernando

Transborda a esperança regando meu jardim
Da fé onde se coam orações com tamanha pujança
Até se apagarem as solidões rondando de soslaio
A vida, em fuga pelo silêncio abissal,em festança

Deixo a cegueira dos meus olhos verem somente
O espectro do teu ser passeando no limbo de todas
As ausências infinitas…oh submersa ilusão vestindo
As alvoradas explícitas com beijos deixados de infusão

Frederico de Castro

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Uma pitada de silêncio

Cozinhei dois dedos de conversa
Numa cataplana de silêncios
Deixei em lume brando o tempo açucarado
Pernoitando na sobremesa dos desejos

Um pitada de palavras aqui…um verso
Caramelizado acolá e a rima embebedada
Refoga todo o amor nutrido num beijo regado
Com um suave Bordeaux maduro frutado

Na ementa da vida preparo as palavras
Apiritivadas com doçura num cocktail de acepipes
Flambando qual iguaria de um príncipe

Com um Porto Vintage rego as emoções numa ceia frugal
Meu desjejum nocturno crocante e substancial, qual cardápio
De sabores que merendo numa pitada de silêncio tão comensal

Recheio por fim o silêncio com ecos saborosos de um repasto
Sublime deixando em banho maria este banquete de ilusões
Suflê ou fondue apetitoso onde me refastelo deleitoso

Frederico de Castro

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Segredos proscritos

Nesta osmose de silêncios profanos
Passeiam descalços sorrisos na
Simbiose das metáforas acariciantes
Metástases diluídas em palavras recicladas pela
Anatomia de um olhar poético…inebriante

Depus o quântico momento a teus pés
Assim de rompante sangrando ainda a noite
Absorta num sonho assíduo, retrato do rebuliço
Desejo encastrado no púlpito de um verso
Que morre quase anónimo e abstracto

Deixo-te esta missiva implantada no ónus
Do tempo recluso…entropia desordenada musicando todos
Os silêncios onde tropeço no recato momento recôndito
De um sonho esquecido na marcha fúnebre da vida
Espasmo delirante qual desejo prevaricando proscrito

O choro embeleza o breve olhar espelhado nas faces
Enrugadas de uma sombra sensual decompondo o cinismo
Deste tempo que disseco em cada estágio nocturno reflectido
Num segredo gesticulando inefável, explícito e incalculável

Dilaceram-se os dias excitados vibrando no enleio
De um cântico inenarrável precipitando esfomeadas
Gargalhadas convertidas nesta fé
Inexplicável e contemplativa
Rasgando as vestes do amor e da solidão assim
Patenteada e apelativa

Segredos proscritos…erigidos na herança
Dos meus silêncios agora resignados
Parindo um gracejo que se refastela
No hexágono momento onde procrio o amor
Exposto no mausoléu das paixões que recrio

Frederico de Castro

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Insónia resignada

Percorri muitos caminhos
Subi todas as estradas do silêncio
Banais lembranças alimentaram
Faúlhas de esperança marginal
Embriagando as noites com nossas
Solidões aventureiras e fraternais

Coei a luz que desarrumou a
Escuridão do tempo passando afável
Pelas bermas do teu ser velejando na
Meiguice do vento ocasional e indelével

A terra com saudade da chuva palpitante
Deixou semear-se com o perfume das
Lembranças passadas desenrolando
As insónias buscando ainda o alento de
Minhas inspirações derradeiras …impugnadas

Ainda sei como desvendar a ilusão dos sentidos
Plenos, apaixonados, flertando minhas longas
Metragens poéticas porque sobejou somente um
Instinto fiel descomunal que atenua toda uma
Saudade ousada, genética e tão aluvial

Frederico de Castro

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O féretro do tempo

Ausenta-se em fuga o féretro
do tempo…todo o tempo
No breu da noite roendo, roendo
A solidão espectro da meditação
Desfilando neste abissal silêncio
Onde soçobra a tristeza estampada na recitação
De um verso ausente…distante consumido na
Hora insípida, desidratada em lamentação…

E assim destilo meus pensamentos algemados
Ao cativeiro do tempo
Sólido presídio onde ancorei
As memórias e o cio de cada desejo abismado
Vicejando entre saudades e sonhos agora exorcizados

As ausências depressa se esquecem
Assim que a solidão rompa o invólucro das tristezas
O esquecimento percorra as avenidas das desarmonias
E sepulte de vez este inquisidor tempo ruindo
Solidário e sem subtilezas

Põe-se agora a noite agreste em sintonia
Com o monopólio das minhas póstumas exéquias
Alicerce do lajedo nesta existência perene onde reconcilio
A vida refluindo qual voyeur escutando os olhares inquietos
Enfrascados ao pensamento grisalho abalroando as alegrias
Desertando na paisagem imune vagueando sem mais afectos

Frederico de Castro

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CPP