Eu sofro do olhar calcinado de quem viu demais das sombras
Tantos cinzas manchando as paisagens do meu mundo
E eu precisando de algo
Alguma coisa minha que jaz perdida já há muito tempo
Nem sei bem o que
Eu deixo os olhos passearem no céu coalhado de estrelas
Deixar a Terra e vagar pelos astros
Há doce sonho
Desejo improvável que me mantém longe
Já não resta mais em mim nem mesmo uma pequena fagulha
A chama e agora mera lembrança
Só resta uma brasa extinta e dormida
Apagada de medo
Sou o sussurro sombrio e fraco
Anseio a mudança que não vem
E o alivio do peso que esmaga-me o peito cansado
E Deus como estou cansado
Tão farto destas batalhas sem glorias
Encharcadas de vitimas
Cansado de sonhar o sonho que se afasta deixando-me apenas a poeira da distancia
Quando é que a dor finalmente para?
Se é que para
Preciso de algo que abrevie o sofrimento
Alguma coisa qualquer pra apressar minha miséria no mundo
E que importa se e corda, bala ou faca o que põe fim a tortura?
Não careço do refinamento do método
Só da paz das trevas aconchegantes
Que não provocam lagrimas
Estou a um passo da beirada do mundo
E se pular... serei eterno.
Rodrigo L. Cabral
Comentários
Intenso e sóbrio poema todo ele trajado de uma
sensibilidade refinada...quase , quase a pular
para uma eternidade encontrar
Meus aplausos
FC
Nossa Rodrigo que intenso! Não pule, a eternidade está dentro de você. Abraços. Lindooo
Ai meu Deus que lindo! Que lindo olhar reflexivo sobre a face da realidade e tanto sofrimento.
Grato muito grato.
Ah! Se fosse possível pular pra ser eterno, Rodrigo. A beirada do mundo estaria lotada de pulantes. Tristemente lindo! Bjs