A ESTRUTURA DA BOLHA DE SABÃO
(oficina:Desafio Poético)
Frágil, como só o amor pode ser,
Na memória, resiste ele, insistente,
Mais que a si mesmo sobrevivente,
Pois vive mais, se lhe é dado morrer.
Massiva estrela sem força a reter
A luz de que ela, cega, se ressente,
Lança no sem-fim clarão já ausente
Do corpo que não o pôde conter.
Em transposto cenário, a imagem
Fixa no olhar globo de água e sabão
No desgosto da própria desmontagem.
E a esfera multicor vira um vão,
Buraco negro do tempo em voragem
Do amor que é supernova em explosão.
(E. Rofatto)
Comentários
Um poema sentimental que mostra um senso que o amor deixou numa alma apaixonada somente dor. Sentidos que chora as lágrimas do desamos. Belíssimo e sentimental
Grato, José Carlos! Um prazer recebê-lo aqui neste espaço e um motivo de gratidão o seu comentário.
Grato, Selda! Sua frase a respeito dos corações superlotados já é um verso - flagrante da sua sensibilidade de poeta! Sem dúvida, um carinho a sua visita e o seu comentário!
de MARGARIDA MARIA MADRUGA: "Lindo E. Rofatto. Enquanto lia, sentia a fragilidade de uma bolha de sabão. Espetacular."
de E. Rofatto: "Grato pela visita e comentário, MARGARIDA MARIA MADRUGA! Fui à sua página e me surpreendi com tamanho bom gosto e sensibilidade. Um privilégio ter a a apreciação de alguém com um olhar treinado para a beleza!"
(Acidentalmente, apaguei o seu comentário lisonjeiro, mas faço questão de registrar aqui o quanto me foi valiosa a sua atenção para com o meu texto.)
Perfeito o paralelo entre a beleza, a fragilidade, a instabilidade e a brevidade da bolha e do amor. Linda criação poética cinzelada com muita sensibilidade e talento.
Grato, Francisco! Um prazer ter a sua presença e a sua palavra bem cuidada registradas neste meu canto. Seja sempre bem-vindo!
Edvaldo, todas as vezes que vejo um poema construído dentro das oficinas da Casa, fico muito gratificada.
No comparativo da bola com o amor, a bolha toda beleza efêmera transparente e multicor, tal o amor em flor, cheio de seiva
a arrepiar a derme no ebulição da paixão e dos desejos que se somam, naturalmente, ao amor. A bolha quando estoura deixa o prazer de ter nascido diante dos olhos
de quem soprou e se deleitou com sua beleza, o amor, ao fim, fica vazio de de toda convivência nas lembranças que se criaram.
Lindíssimo soneto.
Parabéns e Destacado!
Grato, Edith! É um privilégio participar das oficinas que vocês preparam com tanto cuidado para nós. Mais de uma vez me surpreendi produzindo textos que não eram do meu costume por estímulo das oficinas - e fiquei cheio de gratidão por poder criar a partir do incentivo que temos aqui na Casa. Gratifica-me também a sua leitura tão cuidadosa e tão afinada com a minha intenção: na beleza efêmera, mas inesquecível,da bolha a dimensão da grandeza do amor que, (às vezes) dura só algum tempo. Sua leitura cruza a ponte entre o que está escrito e o que deve ser entendido!
Grato, Juliano! Um canudo de mamoeiro mais um copinho com água e sabão faziam a minha festa quando criança - tomara que hoje a festa continue com as palavras, como você disse!
Parabéns, poeta amigo, obra primorosa, é um deleite para a alma ler seus versos, fico encantado. Soneto lindo, maravilhoso, nos faz divagar... "Do amor que é supernova em explosão." Verso magnífico... Abraços, paz e Luz!!!