Fiz-te andor no meu altar
Fustiguei com perfume a amanhã
preciosa e brejeira andante nos ventos
feita esboço e rascunho deambulando
entre as sombras e o atalho perdido
na expectativa dos tempos
Mastiguei cada palavra chilreando
de inspiração
Alimentei aquelas rimas ardendo
na centelha dos meus silêncios
Roubei-te um beijo
contornando o palato dos sabores
deixado no dicionário destes versos
assim,apaixonados… a meu jeito
Tatuei no tempo as sombras
escondidas de esguelha no
compartimento das emoções
deixando nos ventos ecos ensurdecedores
moendo lentamente os frágeis e incautos
lamentos dormitando na rua
em suaves gestos tão avassaladores
numa procissão velando até o bastião
dos meus mais delinquentes pensamentos
Simulei na escuridão a luz que se
esconde atónita, virtual
escancarando a manhã furtiva
desengaiolando o dia desbravando
os atalhos do amor sussurrando
pela permuta de um abraço
nos teus braços, tão casual
tal qual o pseudónimo deste verso
partilhando cada sopro de vida
jorrando numa tormenta
de beijos tão consensual
Instalado lentamente em cada
clareira do tempo
memorizo-te num flash inédito
mirando teu ser reflectido no
pálido e melancólico dia
onde cicatrizo todos os ferimentos
suspirando nesta estrofe
ardendo na fraudulenta manhã sonolenta
que se esvai andarilha
condimentando
cada gargalhada insinuante
entre dois corações unidos numa
sublime inspiração estonteante
É tempo de desencalhar os sentimentos
despir e encenar cada momento
delineado na curvatura dos sentidos
e dos sonhos arfantes
Provocar novos vícios
tatuados no limiar de uma lágrima
caindo dispersa na réplica de todas as orações
deglutidas na exaltada doutrina
faminta e destemida
pincelando outras ilusões bailando
no reboliço incrédulo do tempo
dissimulado escapulindo sibilando
Camuflei as horas
lacrando o tempo numa súplica
corando ao destelhar os desejos
mergulhando no fértil momento
num arremesso de felicidade cuspindo
todos os conversos e delicados festejos
Sei como vasculhar nosso
vocabulário de amor
Imaginar-te a esvoaçar em todas as nuvens
colorindo os versículos desta epístola onde
a minha fé derradeiramente se alimenta
camuflada num acto quase bajulador
que todo sinónimo de amor fomenta
E se te ausentares
sei como desenhar-te num exímio e
vertiginoso testamento
à mercê desta emoção
que pelos atalhos do tempo, a seu tempo
uma eterna alegria no canon do silêncio
tantas recordações sedimenta
Frederico de Castro
Comentários
Parabéns, poeta, como sempre poema maravilhoso, você é mestre neste tipo de "arte", é um prazer ler seus poemas... Abraços, paz e Luz!!! PS: Vou salientar, a riqueza do vocabulário, fabuloso.
Um poema que nos leva a ler e reler com prazer... Parabéns!