(Des)fragmentos

Não estou vendo a hora
pra te cobiçar
toda desfragmentada
sem rescaldos nem penhoras
apenas e só embebida no fluxo
perfumado da nova aurora que
se perfila pujante e sem demora

Deixo-te os vestígios da minha
alegria inventada e benzida
em metáforas desertoras
multiplicando eufórico
toda a magia do amor
construído de empreitada
sem impostos
nem créditos ou câmbios
apenas desmistificando a estatística
dos desejos onde nunca divido meu amor
pois, por ti regateio cada constelação
de tempo profético se entranhando
na fresta de luz resgatando a alma
que pernoita em mim de prontidão

Não estou vendo a hora
de implementar todos meus
sussurros nas coordenadas
transcritas nos azimutes
brilhando na imagem que se faz
verso atónito, a norte e a sul
mesmo quando perco o fôlego
estampado no teu horizonte
deambulando incógnito

Serão porventura reencontros
entrelaçados
em promessas sequestradas
no silêncio suspeito dos dias
que morrem disfarçados
Serão imagens esmiuçadas
até à revelação
de uma vida eterna a todos intimada
Não estou vendo mais a hora
de renovar promessas
acalentar minha poesia
impressa no dorso das palavras que
avivo em correrias

Sobram os dias de festa exilada
no intimo segredo talhado no tempo
enfeitando os sonhos fidedignos que se
embebedam numa ingénua caricia condimentada
com beijos e instintos quase malignos

Restam desalentos e conceitos
proscritos na perplexidade da manhã
que morre indigesta e hostil
como quem manifesta uma indelével
lembrança agonizando no portátil
silêncio serventil

Ficam por ali amarando os espasmo
da noite outros abraços trajando
fielmente minhas monotonias
esculpidas em aparatosas explosões
de preciosas sinfonias
crescendo tumultuosas
em arremedos fartos de esperança
rangendo em profunda
harmonia sumptuosa

Transformemos em preces
e vénias
cada fiel paladar da vida
retumbante
arquitectada a dois
sempre vibrantes e livres
à nossa imagem e semelhança
desferindo no final um golpe de
misericórdia acintoso e matreiro
antes de decretarmos qualquer falência
deste sonho, mais apaziguador
onde naufrago e albergo teu sorriso
infinito, escanhoado e tentador

Frederico de Castro

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Frederico de Castro

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Comentários

  • Desfragmentar, ou seja, deixar de olhar as coisas pequenas que tanto nos incomodam e tentar ver as dimunutas que fazem toda a diferença. Lindísismo e reflexivo poema, Frederico.

    Parabéns!

    Destacado!

  • Muito  bom...a leitura nos leva e nos deixamos ir

  • Parabéns, poeta, você é um talento nato... Escreve com maestria versos maravilhosos. Abraços, paz e Luz!!!

  • Achei uma sacada astuta para mostrar que tudo depende só de nós mesmos, de nossa imaginação e do talento. Isso você tem de sobra!

    • Eu te agradeço a sacada astuta do seu comentário

      abraços

      FC

  • Frederico, teu poema é uma vigem por um mundo lírico e rico em metáforas e fantasias que nos deixam deslumbrados. Escandalosamente lindoooooo! Bjs

    • Obrigado Marso pelo comentário "escandaloso"

      Bem hajas poetisa

      FC

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