Até ontem eu sei que me perdi
e se por ventura depois tu
me encontrares
deixa somente que a formosura do
dia me reconheça
no culto de tantas ilusões
e juntas recriem teus traços
de elegância mais delicada
e depois caminhem
calmamente redigidas em poesias
trajadas de passividade
- Plácidamente te encontro
no constante céu onde adormeço
tuas tempestades cicatrizadas
num poema que se ateia a ti
tão pulsante
esquecidos nós pelas noites
incendiárias
prolongando-se minhas desculpas infindas
oriundas deste tempo algoz
que quase me mata de suplicas
tão embriagadas e incorrigíveis
- Vai…encontra-me se puderes
impede-me de fugir para onde não quero
regurgita-me as palavras que outrora
nunca te disse
Afirma-te em mim
assim tão simplesmente
como se a adição dos nossos abraços
nunca mais se dividisse em prantos
que subtraímos no tempo
- Rima tuas dores como aqueles perfumes
onde ardo em teus desejos
quase compulsivamente
E se chorares
chora baixinho para que meus
silêncios te ouçam
enlaçados às palavras
tontas e fiéis
que madrugam sôfregas
reflectindo nossos seres vagueando
neste tempo tão desbotado
onde ancoramos a fé a fundo
como esperança ainda mais audaz
em subtis pontinhos de luz
deglutidos numa miragem
onde finalmente existimos
apaixonadamente festejamos
inesperadamente acontecemos
Frederico de Castro
Comentários
Simplesmente estonteante teu poema. Nos isto nos redime dia após dia. Lindo!
É neste acontecer que o poesia se desdobra e engrandece o poema. Meus aplausos, Frederico! Bjs
Belissimo!
Beijos