Espreitadelas

Fui no tempo pintando

teus relevos no vento

Escrutinei os céus

em busca dos beijos

filtrados pelas nuvens

onde sequencialmente

nos albergamos satisfeitos

   - Fui no tempo

nutrir-me de vida

protagonizar outros

segredos deixados

amarrotados em lençóis

despojados de memórias

  - Fui decretar aos sentidos

que sem malícias

um dia nos extasiamos

quebrando todas as demências

  - Domesticámos as esperas

despimos as saudades

ressuscitámos o silêncio

onde exprimimos

actos consentidos de amor

habitando as manhãs transitórias

amadurecidas de euforia

  - Um dia nossos seres

deixarão esculpidos

com elegância inconfundível

os ecos deste amor

para gáudio dos empaturrados

desejos

em plena simetria

  - Fui

e não mais voltei

deixei outras ausências

estampadas na indigência

dos tempos

Simplesmente faleci

neste vagar dos ventos

onde proscrito me entrego

peremptório e homologado

espreitando-te súbtil

na extravagância desse gingar

quando por mim tão alegre

e graciosa serpenteias

Frederico de Castro

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Frederico de Castro

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Comentários

  • 3593331?profile=original

    • Muito grato fico por ter gostado deste poema

      Sabe uma coisa? Já não é meu...mas do mundo

      Abraços

      FC

  • Prezado Frederico, seu talento é inusual, amigo.

     Nem sei que dizer.

     Parabéns de novo.

     3592696?profile=original

    • Meu agradecimento sincero por tão gentis palavras

      Abraços

      FC

  • Muito lindo Frederico. Como estou amando te ler. Parabéns!

    3592879?profile=original

    • Obrigado pelas gentis palavras

      Bondade sua

      Abraços

      FC

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