EXANGUE

EXANGUE

 

Uma última vez

Vi tuas letras.

Senti tuas mãos trêmulas sobre o papel,

O véu de rimas descendo ao nível das linhas.

As mesmas mãos que sangram o esmalte

Sobre o espelho da alma.

Não severamente letras alinhadas em púrpura,

Curvas e sinais delineados na rubra face,

Mas letras ladrilhadas de saudade

De algo que jamais vai conhecer.

Vi o tecer de sonhos perdidos,

Escondidos sob uma vergonha inalada

Nos ares em que a poesia se espalha

Soprando uma nudez desconhecida.

Vi que a vida que tocaste em frente

Ficou atrás dos próprios pensamentos

Varrida pelos vários e constantes ventos.

Vi a cicatriz que trazes em tua mão esquerda

Causada por teus dentes

Saboreando o próprio sangue.

Morrerás exangue como todos nós

E terás teu pó

Infectando toda terra santa.

 

Mário Sérgio de Souza Andrade – 15/05/2017

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Comentários

  • 3666824?profile=original

  • Uma dor mística sentido pelos espírito que vem dos altos nos enfurnando aos poucos onde os sentido grita a dor, sangra uma alma que sofre

  • 3666634?profile=original

  • 3666630?profile=original

  • Parabéns, poeta, poema lindo, maravilhoso, "pó ao pó, cinzas ás cinzas..." Abraços, paz e Luz!!!

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