Seja noite, seja dia
Seja começo ou fim
O número doze é cabalístico
Não se livra dele assim
Doze são:
os Césares romanos
as tribos de Israel
os filhos de Abraão
os deuses do Olimpo
os signos do Zodíaco
os apóstolos de Cristo
os meses do ano
Também doze são
As badaladas do relógio
A nos alertar do tempo
De um mundo sem portão
Sem ordem, sem direção
Que teima em pregar peças
Não poupa criança ou ancião
O som revela preciso
Nossa angústia, escravidão
Pois o tempo é nosso algoz
Vindita dos deuses malditos
Pra castigar a ousadia
Da nossa rebelião
Ao não mais querer ser seu súdito
Mas amigo, filho e irmão
O que revelam as badaladas?
Seja dia, seja noite
Não importa as circunstâncias
Seremos vítimas do tempo
Escravos de seu compasso
A dirigir nossas vidas
A regular nossos passos
Mas, nem tudo está perdido
Haverá de sobrar tempo
Para fugir do torpe cárcere
E grande amor desfrutar
Sem restrições, sem limites
Desafiando os deuses
Fazendo o tempo parar
F.J.TÁVORA
Comentários
Continue semeando por meio das expressões frutos bons - sinto a potência quando saboreio a leitura.
Parabéns, poeta, poema lindo, primoroso, adorei. O tempo não é tangível, mas é implacável e nos corrói aos poucos... Abraço, paz e Luz!!!
Sim, Francisco, breve e infinito é o tempo em que duramos à sombra do Amor.
Na redoma que de tudo nos protege, não há doze números, nem doze badaladas.
Só o amor engana o tempo, que, por sua vez, engana aos amantes.
(A beleza também engana o tempo: seus versos serão sempre belos pela verdade que carregam.)
Simplesmente belo e maravilhoso, encanto que resplandecem nosso olhos
¡Fantástico!
Uma outra obra de arte em Poesía, Filosofía existencial, Sabedoria!
Mais que obrigada pelo presente de poder ler a você.
Doce milhões de vezes, Parabéns!
Beijos
Felicidades!