Vacilei no dia
enquanto esperava
só amar-te em cada detalhe
aperfeiçoado em dádivas
que o corpo suplicante mordia
Embrenhei-me em ti
acossado exepcionalmente
ao mudo verso que penetra
provocante em tuas searas
padecidas
machucadas
que desta luz mortiça
reaviva, grávida
de incandescências que tanto
cúmplice amor ateia
Eu sei
que o céu até chorou
percebendo o perfume
que da minha janela
teu grato ser aprumou
Eu sei
que deixámos morrer
nossa intimas noites
em combates sôfregos
abraçados nessa impávida
plateia que ressurge
inscrevendo tantos aplausos
no dia delicado
em que te abraço
autenticando todo o espólio
onde permutámos
juras e maciços afectos
que nem eu sei jamais explicá-lo
Que meus pensamentos
caminhem solitários
famintos de ti
em lamentos silênciosos
nesta viagem vagueando
nas encruzilhadas do tempo
palpitante
num vaivém monótono
entre ti e mim
entrelaçados em instintos
satisfeitos que jamais questiono
Restam os rituais vividos
e repercutidos nos gestos de amor
quando por fim me deleito
num qualquer desejo consumado
ternamente a ti enclausurado
onde por fim …conciliadoramente me
deleito esfaimado
Frederico de Castro
Comentários
Volto a relir e a emocionar-me..
O meu orvalha sempre,
Bela poesia regida com maestria..
Maravilhoso poema Frederico, quanto prazer em te ler. Parabéns!