ORA PRO NOBIS

Nesta terra maltratada

Sob os sóis dos confins,

O derradeiro suspiro da flor

(que não morreu por amor)

 

Nesta terra castigada

Ser homem não é nada.

Contam-se apenas os músculos

E o severo cabo de uma enxada.

 

No amarelado riso seco

Quando na sombra abençoada,

Os pensamentos escoam

Sobre o suor da pele surrada.

 

Não se perdem sonhos,

Pois o sonho não existe,

O despertar é amargo e triste.

 

O céu é preto no branco

E o chão é terra rachada,

A ilusão é crer

No fruto da semente plantada.

 

É então que os ossos

Se encontram com o coração.

E no silêncio da noite,

Os dois morrem,

Mais nada.

 

Mário Sérgio de Souza Andrade  - 09-12-2016

(imagem Aldair Dantas)

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Comentários

  • 3649528?profile=original3649559?profile=original

  • Eu conheço bem o manejo de uma enxada. Meus aplausos pela maravilhosa de poesia.

    Destacado!

  • UAU!!!! Sensacional!!!

    3647976?profile=original

  • 3647925?profile=original

  • Outra vez afirmo: seus poemas causam impacto! Ainda mais este que fala de uma realidade que vivi! Fica a minha gratidão por colocar em versos a situação dos que têm enxada à mão. Obrigado!

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