E tantas repetidas vezes tentadoramente
nos enlaçamos quase impossivelmente
Deixámos nosso código postal encerrado
quando vadiamos pelos compartimentos
da solidão morrendo desesperadamente
E tantas suplicantes vezes nos incendiámos
gentilmente
desabitando o ser algemando-nos
intensamente
vestindo à noite o uniforme luarento
onde nós amámos excepcionalmente
E outras tantas vezes personificámos o amor
com gestos e palavras prostradas no leito
onde adormecemos o véu dos teus gracejos
aplaudindo cada momento verbal sancionado
num beijo engolindo derradeiramente teus
suspiros desenfreados de desejos
E foram tantas…tantas vezes
as vezes que me libertei só para ti
num verso clamando solenemente
Deixei o eco das minhas palavras
elucidar-te indelevelmente
Apaziguar-te os medos, forrando
a madrugada com sonhos vivificados
num abraço te procurando freneticamente
Frederico de Castro
Comentários
Maravilhoso poema.
Poeta
Parabéns
Abraço