Há pessoas que sentem saudade Sentem a dor e procuram a noite Decidem se afastar de sua cidade Mal veem que aceitaram o açoite
Há pessoas que escolhem o rancho Fogem dos medos da queda d’agua Vivem nesse sereno em seu remanso Mas seus cercados são feitos de tábuas
Foi o orvalho assíduo de suas lágrimas Que fez ceder a madeira o libertando Como se fosse uma ave trocou a lástima Pelo voo livre e bateu suas asas cantando
Voltou ao centro de sua linda cidade Sorriu reescreveu uma antiga poesia Aquele olhar triste já não mais existia Reconstruiu o ninho fez dele majestade
Hoje se chama felicidade....
Deus abençoe as canções que vêm da viola Carlos Correa
Talvez eu veja o mundo de outra forma Isso não me faz alguém melhor ou pior Fiz coisas ruins muito longe das normas Salvo por uma dama de um plano maior
Eu a vejo no alto de uma colina cuidando De mim como se tivesse a certeza de que Sozinho não teria chance longe do bando Seria derrotado não perderia meu sotaque
Por isso ela deixou sementes em meu bolso Esperou que germinassem e aos poucos via O mundo do jeito daquelas canções que ouço E por elas a dama da colina dizia o que queria
Pelos seus olhos eu conheci as sereias do mar Dediquei-lhes minha devoção visitei lá no céu As estrelas as que já haviam retornado ao lar Fiz o que ela pediu e a noite escrevo em papel
Sei que do alto da colina ela sussurra bom dia E boa noite sinto seu perfume através do vento Alguns me julgam tolo por ter este sentimento Mas sei em meu coração nada disso é fantasia
Obrigado meu Deus pela Dama da Colina Carlos Correa
Eu queria conseguir falar sobre o amor Mas mesmo que eu talvez conseguisse Eu estaria falando sobre você seu sabor O tempero do olhar até chegar a velhice
E quando a gente mistura os ingredientes Picantes de uma paixão que tem a receita Escrita no encontro de corações ferventes O resultado só poderia ser a noite perfeita
Mas eu explicava sobre minha vã habilidade De falar sobre o amor e isso me lembra que Escrevi versos e alguns deles me dão saudade Mas nada que se compare ao seu doce toque
Falar de amor é só para os Poetas apaixonados Aqueles que olham para o mundo com lentes Cristalinas que buscam nos sonhos os Sábados De juras mãos dadas até vir o Domingo fremente
O amor quando encontra uma folha em branco A toma para si não escrevendo palavras bonitas Ele imprime emoções paixões sentimentos francos Que levam consigo as mais lindas causas já ditas
Mas um dia quem sabe eu consiga ser assim Pode ser que venha o vento a pedido do mar Enquanto isso fico com meu copo nos confins Dos que sonham procurando no real esse lugar
Deus abençoe os que mantém a inocência Carlos Correa
Talvez eu tenha sido um romântico Quem sabe foi no tempo das flores Quando nos festivais e seus cânticos Nos perdíamos em mil e um amores
Ou talvez não posso só ter sido Don Juan buscando nas canções a chance De sentir os vários sabores de batom Um disfarce para colher um romance
Uma onda do mar que tocava sua mão E sempre recuava depois do Sul e Norte Até que um dia chegou veloz de supetão Essa razão trancafiou-me sem passaporte
Cresci virei gente o romântico adormeceu As Cocas e Fantas da noite viraram Vodka E o romântico adormecido foi se ofereceu Às estrelas buscou perdão por uma época
Encontrou na madrugada as vozes da Poesia Onde aquele último romântico ainda oferece Flores do campo em forma de versos e fantasia No fundo cada rima cada palavra é uma prece
Esta é uma simples obra de ficção e insanidade Pequenas tolices que a gente esquece mas tem saudade
Existem canções que apenas continuam ecoando E pouco importa se chove ou se você está sorrindo Os versos simplesmente voam soltos um bando desordenado Que não pede licença ou por favor um rebanho que perde o guia
Elas doem e você não faz a menor ideia do porquê Assim como a gente para e olha para a lua cheia Sob um poder que não consegue definir de onde vem A canção te paralisa e o que te mantem vivo dentro de si
É o coração febril que busca desesperadamente o controle Canções de um amor que está muito acima de nossa carne O amor dos que sonham dos que não conseguiram se proteger De uma sensibilidade que faz da lágrima um instrumento de corte
Então hoje os versos abandonaram as rimas que ficaram caladas Respeitando a explosão de sentimentos esperando que o toque Dos anjos aquietem o espírito devolvam à serenidade a luz que Se apagou numa valsa interrompida e que continua ecoando e ecoando
Deus abençoe os que se acham impróprios... Carlos Correa
Tenho medo quando sinto toda a imensidão Do universo dentro deste corpo envelhecido Meus sonhos são como galáxias na escuridão Se afastam de mim num rumo que foi perdido
Ficaram uns esquecidos no bolso de sonhador Como cartas escritas num tempo já amarelado Linhas que resistem teimosas borradas de licor Um perfume doce que sinto dormindo acordado
Tenho a impressão de que possa ter amadurecido Me preocupo mais com o tempo chamado agora Do que com as cartas com endereço desconhecido Mas contrasta um moleque que não quer ir embora
Cedo ou tarde terei de voltar às profundezas do mar Talvez eu tenha a chance de escrever algumas linhas Ao voltar à superfície saberei onde irei te encontrar Estre as estrelas reconhecerei seu brilho minha trilha
Algumas vezes eu poderia gritar para o mundo E lembro que ele não tem obrigação de me ouvir Resolvi falar baixinho você a fada eu o vagabundo Contei coisas quase segredos até fazer você dormir
E quando seus olhos cederam dei-lhe um beijo suave Para não te acordar era tarde corri até a minha janela Avisei a estrelas para não se preocupar foi nada grave O céu teria de esperar quem sabe ponham ali uma vela
Talvez não percebessem sua ausência mas eu sentiria Naquela noite enquanto dormia fiz um poema de amor Sussurrei os versos em seus ouvidos quem sabe haveria Uma chance de entrar em seus sonhos se tornasse flor
E lembrasse cada vez que o vento soprasse ao amanhecer o dia...
Deus proteja os vagabundos porque as fadas já vieram do céu Carlos Correa
Eu queria que a noite me trouxesse um presente E francamente tenho muitos na minha imaginação Poderia pensar em mil e uma coisas bem diferentes Talvez quem sabe os versos daquela formosa canção
Acho que não...
Poderia ponderar sobre suspiros em lençóis de cetim Te vestir de prazer depois despi-la e vesti-la mais uma vez Eu queria pedir que a madrugada gentil lembrasse de mim Mas não deixa assim quem sabe sorver um cálice de xerez
Poderia então ser bem mais altruísta e pensar no mundo Pedir para noite inspirar todos os poetas e fazer do amanhecer Sorrisos e glórias que as pessoas possam por apenas um segundo Experimentar a felicidade que as crianças possam brincar pra valer
Acho que eu deveria sim...
Mas eu vou pedir desculpas e hoje vou pedir algo mais elementar Não por favor não me chame de egoísta por pensar só hoje em mim Me deixe ser fraco só por uma noite eu queria estar perto e te olhar Passar as mãos em seus cabelos chegar bem perto até você dizer sim
Deus abençoe os infinitos da imaginação Carlos Correa
Noites e mais noites buscando o equilíbrio Desperdiçando bons whiskeys e Bourbons Eu ouvia ei cara para com esse desperdício Levante-se e vista seu melhor Louis Vuitton
E foi assim que passei apreciar meu Kentucky Envelhecido como eu mas trazendo uma doçura Perdida por entre desvios e erros que eu cometi Ainda assim não estava pronto e sair na procura
Velhos whiskeys mantém sua tradição devolvendo Ao corpo doente o espírito que estava sofrendo
Velhas histórias mas quando bateu em minha porta Trazendo um sorriso arrependido e dois copos com gelo Me fiz de durão por uma ou duas doses mas o que importa No final da noite tinha você de volta minha mão em seus cabelos
Velhos whiskeys mantém sua tradição Trouxeram você de volta ao meu coração
Deus abençoe os caminhos tortos mas bebam com moderação Carlos Correa
Um dia qualquer você acorda caminha na praia Torcendo para que o sol faça o que o comprimido Mostrou-se incompetente você imagina histórias Uma ou duas ri desanima não gosta do que tem sido
O que não sabe é o que prepara a ardilosa máfia do destino
Acostumado a dizer adeus daquela vez estava mudo A vida girou tão rápido que não viu quando chegou ali Já era tarde para contestar já havia tirado seu sobretudo Expondo tantas armadilhas as mais lindas em que eu já caí
Um dia qualquer você acorda e caminha sobre a areia do mar Descobre que a maliciosa máfia do destino te deu um presente Mas todos escrevemos algumas palavras erradas e não há como apagar Talvez seja o segredo errar aprender a superar a vida ensina a gente
Que só quem perdoa de verdade vive de fato o que é amar
Deus abençoe a máfia do destino, esses que nos acompanham Carlos Correa
Como não acreditar nas estrelas lá de fora Eu costumava sentar no chão e eu sonhava Eu costumava levá-los nas asas sem demora E elas riam de minha impaciência e lá estava
Eu ia ao lado dos sonhos e não olhava pra trás Não tinha qualquer importância se eram reais As estrelas mostravam o certo e o que era fugaz E eu sentia que elas sabiam não errariam jamais
Mas eu cresci e por muito tempo eu esqueci... Desaprendi o caminho até as estrelas de menino Os sonhos perderam a virginidade eu os deixei ali Sozinhos imperfeitos desorganizados sem destino
E daquele vazio nasceu um verso triste um órfão Acolhido por uma estrela que reconheceu seu amor Ficaram amigos e o verso cresceu poema virou canção De uma estrela do mar delicada como um doce beija flor
E do mar ela voltou ao céu fez dos sonhos uma constelação Linda donzela que me guiou de volta ao caminho iluminado Da noite fez de sua casa meu lar onde me protejo da escuridão Hoje não sou mais menino se enfrento o mundo é por tê-la ao lado
Existem histórias de amor devem existir Não não poderei pegar a lua com a mão Muito menos te segurar firme e sentir Teu corpo contrair numa dança de salão
Mas tudo isso muda quando ouço uma canção Abrem se portas por onde bagunço o universo Lembro por instantes devo ter sido um cortesão Mas hoje sou moleque te beijo nas rimas e versos
Existem Romeus e Julietas existem juras no olhar Eu não saberia escrever uma bonita canção de amor Ainda acredito nas serenatas declamadas sob o luar Mas somente ao ouvir uma canção sou esse malfeitor
Aqui dentro pouco importa a parede desbotada de fora Dentro da canção eu voo além dos limites de velocidade Até mesmo sei dançar pego a lua com a mão e roubo a aurora Assim não terá de amanhecer e faremos da noite nossa liberdade
A madrugada aguça minha fome minha visão Se os felinos caçam a noite livres na grande África Eu saio e vivo meu deserto mais forte que um leão Busco na inspiração capturar minha própria mágica
A luz ofusca meus olhos aflora minha sensibilidade Isso me permite ver o que está escrito nas estrelas Se durante o dia escondo meus sentimentos da verdade A Escuridão me ensinou tudo que posso e possuo junto dela
Se eu sinto sua presença bem aqui ao meu lado sob a lua E sob a chuva é porque eu construí meu próprio Serengeti Meu lugar infinito onde tento nas noites transformar palavras cruas Em emoções saciar meu apetite até que venha o dia e eu aquiete
Quando a noite chega apago as luzes Abro a janela para você poder entrar Imagino aqueles marcados com cruzes Sinto suas angústias seu desejo de falar
Eu quero apenas que esqueça sua dor Que imagine como um lugar qualquer Um velho botequim onde pode compor Quem sabe fique mais leve e voe se puder
Perdão minha cegueira e a minha surdez Mas eu posso te sentir transmitir o que diz Suas palavras fazem fértil toda minha aridez Suas paixões desaguam nesse oceano aprendiz
Quando a noite chega eu abro meu piano você chama E em silêncio deixo que me aponte a direção das luas E das estrelas percorrendo do Blues aos Paralamas Fazendo de meus erros berros afogados por essas ruas
Deus abençoe os bate papos pelas esquinas Carlos Correa
Eu tenho um lugar seguro protegido Cercado por muro firme inalcançável Vou ali todas às vezes que estou aflito ou apenas quando não estou sociável
Há neste mundo uma ou duas canções Que revelariam uma fraqueza existente E elas estão bem guardadas nos porões De uma juventude que rouba o presente
Existiu um tempo em que a lógica fugia Não existiam muros havia uma liberdade Inerente aos sentimentos fazíamos poesia Hoje restou-nos escrevê-las pelas cidades
Nada mais normal vem junto com a idade Com toda a responsabilidade de ser lógico Meu coração então insistiu em sua vontade Quando criou seu próprio parnaso ontológico
É aqui onde estou agora ouvindo e sentindo O que na madrugada irá virar um verso digital Onde ainda ouço os bicos dos pássaros cantando Onde olho no espelho e sorrio simples e natural
O balanço do mar pode nos trazer sonhos Ou nos levar até a fonte onde eles nascem Não tenho muita coisa e só o que disponho Palavras maltadas que não sei de onde vem
Tem vezes que olho imagino ter visto alguém Passa o trem já não consigo ver mais ninguém Mas junto das palavras tenho também alguma Coisa mas se for whiskey eu não tenho nenhuma
Já criei tantas histórias dentro de minha mente Verdade fantasiei algumas delas numa canção Cheguei até acreditar que poderia ser diferente E no final apenas fico contente de não ser o vilão
Eu queria ser o que veem dentro deste meu retrato Mas a verdade é que o Rock’n’Blues toca mais alto O que vejo aqui dentro não me deixa nada orgulhoso Mas me escapa um sorriso e ele me parece malicioso
Ah o balanço do mar deixa a gente um pouco tonto Aí percebo que o timoneiro voltou a ser o garçom Meu amigo melhor trazer a conta já estou pronto Mas antes poderia me dizer de quem é esse batom?
E todas as vezes que eu me deito Fecho meus olhos e escuto o mar Vem a maresia aqui em meu peito Afasta os pesadelos me faz sonhar
Tenho a intuição que me esperam Fechar os olhos e me puxam rápido Não sei de onde todos eles vieram Mas usam sons pelos quais sou ávido
Todas as vezes que me deito eu sinto Ainda que o seja por poucos segundos O colchão de leve afundar no meu leito E num instante estou em outro mundo
As vezes eu queria ficar acordado atento Eu queria ficar só um pouquinho a mais E quando eu percebo já se foi o momento O destruidor de sonhos toca em meu cais
Meus sonhos sombrios são todos acordado E ainda assim eu luto pode parecer loucura Mas sinto que preciso estar aqui deste lado Tempo suficiente para encontrar minha cura
Era outono e eu caminhava junto a saudade Vi todas aquelas folhas espalhadas pelo chão Lembrei das juras do mistério da genialidade Da arte que vive hoje sulcada em minha visão
Resolvi então pegar cada uma em meus passos Escrevia versos e as devolvia como se fosse eu O Outono fiz poesias até que voltasse em março E revivesse minha saudade no beijo que me deu
Deus abençoe quem faz da dança um lindo poema Carlos Correa