Posts de Diego Tomasco (230)

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O rei Sol

 Um dia o Rei Sol estava triste e solitário, então decidiu entrar na sala ou galeria dos espelhos, 

 

O salão era de uma opulência quasse constrangedora, sua imagem refletia-se por todos os lados, inclusive sua tristeza, 

 

Sabia ele que o palácio de Versalhes representava bem uma monarquia em decadência, seu luxo armazenava a pior espécie de nobreza, 

 

Luis XIV sabia que também era refém de caprichos, intrigas, luxúria e da sua própria fome de poder, 

 

O Rei Sol acabara de descobrir que os espelhos não mentem ...

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Flecha invisível

O amor é o combate contra essa flecha invisível,

Te conheço com essa doçura entre espinhos,

e agora nada mais me deixa confuso.

Saber que existes como fogo que queima;

Manantial escondido,

Última fronteira,

Te conheço e não sei mais o que dizer-te,

São como uma prisão esses teus olhos,

como diamantes que abrem e invadem meu peito.

Sentir-me pequeno, esperando teu corpo...

 

O amor é o combate contra essa flecha invisível,

Âmbito nosso,

Tradução sem idioma,

Estatua esculpida no meu mundo sombrio,

Te conheço e não sei mais o que dizer-te,

Maldição sinistra, arrastada e turbia,

Pra que fazer-te renascer?

Se me énches de olvido...

 

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De casa ao mercado

Levanto e caminho, vou no mercado levando minha pobre bilheteira tão generosa e tão estéril,

Deslizo suave minha mão entre laranjas e memórias oxidadas, escolho algumas entre carências e alguns pudores inúteis,

Continuo naquele corredor escolhendo alimentos , tentando algo impossível e desafiador, sei que nada justifica essa inoportuna e diária rotina, esses anos com hora marcada, essa impotente vontade de ser algo mais que atira a queima roupa e nao me deixa fazer nada.

Pago e vou embora seguindo meu próprio rastro, ninguém me pergunta coisas que sei, ninguém usa a verdade por vocação,
Entre a abundância e o necessário existe um pouco de utopia e vaidade.

 

 

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A casa

Naquela casa o tempo não passa, parece que está sempre pendurado na parede,

Havia uma monotonia quasse tangível, uma sensação de solidão indescritível,

Neste bairro somos todos iguais o tempo parou entre calçadas vazias, onde nada acontece onde a vida parece fria,

Somos como bruxos do tempo, nada nos abala, nao parecemos envelhecer...

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Vivaldi

 Em meio a tantas versões de mim mesmo encontrei uma que não conhecia, e que se escondía na profundidade esquecida do meu ser 

 

Eu não aceito essas alucinações que são como verdugos e que fazem do desprezo um lugar seguro, 

 

Eu que preferia viver sem viver, pedindo desculpas ocasionais enquanto ouvia Vivaldi, agora gasto minha última defesa inútil contemplando atribulado essa rotina que vai descalcificando meus últimos sonhos,

 

Em meio a tantas versões de mim mesmo o futuro irremediável parece um labirinto, como um delírio que transita entre meus medos ...

 

 

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Metaforía

 Já somos muitos e a vida pode ser um alvo móvel,

 

Já tivemos que explodir de raiva quando a tristeza nos abraçava a cada dia de incertezas,

 

Já choramos quando o relógio e as planilhas nós manipulavam com seus cálculos e juros,

 

A duras penas aprendemos as lições, esses martírios com seus subúrbios de ausências eram cheios de escrúpulos e de futuros utópicos,

 

Já somos muitos e sempre tivemos pressa,

 

De acreditar em sonhos,

 

De aceitar promessas.

 

 

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Orvalho

Quase da pra te ouvir junto com o vento;
Quase sinto teu perfume no travesseiro;
As vezes a noite chega como um castigo,
e noutras tenho um sonho quase real,
um prazer quase verdadeiro.

Agora sei onde estas alem de dentro de mim;
Talvez muitos outros já passaram por ti,
e sentiram tua pele e o frescor dos teus lábios
leve umidade de orvalho que transpira teu corpo

 

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Hemisfério escarlate

Represento a verdade com medo de ser dita,

 

Represento um voluntário quasse invisível,

 

Sou um vidro quebrado visceral e delicado,

 

Posso entrar nesse vazio, acreditar nas mentiras e gostar de ser iludido,

 

Represento essa trepidante fronteira que não espera , mais ultrapassa sonhos a procura de outras primaveras,

 

Posso desmoronar no teu hemisfério escarlate, e acreditar no drama de olvido a que me remete teu universo seco,

 

Mais destronar o medo trás a claridade genérica do silêncio ,

 

Represento o incêndio que bebe na fonte da doçura e devolve a claridade dessa última aurora.

 

 

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Aurora boreal

Não existe o silêncio, e as palavras se vão com o vento que cobre as estrelas no firmamento,

O poço de tédio que nós persegue reverencía um mundo desolado, logo sentimos olhamos e relacionamos sonhos alimentando o passado,

As vezes lembro vagamente desse deserto polar, dessa piedade fria de aurora boreal,

As coisas de verdade nunca mudam...

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CPP