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Crônicas — "De Repende Um Texto Amiudado"

De repente Um texto amiudado)…, 

de modo repentino, inesperado, ou de imprevisto, ou, de improviso é, como um relâmpago que sai do oriente e se mostra no ocidente, alguém sussurra ao meu ouvido que seria assim, — de repente —, no entanto, o voraz me rouba a mente e penso que sei alguma coisa, mas, percebo que não sei nada, para não repetir tanto o relâmpago do oriente, desta vez me sinto dentro da costela da humildade, mas ao apagar a claridade me vejo embrulhado cobertor da arrogância, que me faz sentir como se eu fosse um mar de energia sendo roubado pela costela da fraqueza, mas, de repente tenho plena certeza de que todas as peças do quebra cabeça vão se encaixando, porém, dá tudo errado entretanto, subitamente me sinto abandonado pela — vida —, no entanto repentinamente, sinto um braço terrivelmente forte, braço absoluto que me abraça eternamente. Às vezes penso que é o fim, mas de repente, este braço é o — Supremo, o Absoluto — que me levanta, me põe de pé, ou sentado a ler a escrever novamente, visto que, estou apenas começando e, o impossível é apenas o começo!

#JoaoCarreiraPoeta — 04/12/2023 — 13h45

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Crônicas — "A Escrita"

A Escrita

Meu irrefutável amigo, ela é a ação, efeito, ou, a arte de escrever imprescindivelmente, de representar algo por sinais gráficos, escrita é uma arte que se escreve, assim, eu posso fazer a pergunta: — De quem é esta escrita? Escrita é o domínio de escrever à mão representada pelo desenho das letras que damos o nome de caligrafia, sendo que, eu ainda posso dizer que não consigo entender a sua escrita, ou que a escrita do poeta Dom Bridon é romântica, da poetisa Lilian, da Márcia (minha diva), da Margarida (minha (flor) e de outras que não me vieram à mente é apaixonante, cheia de arte e de sensualidade: — 

Indubitavelmente, a escrita é o conjunto dos signos, caracteres, símbolos, sinais gráficos, letras etecetera, que são usados para representar algo como um texto, uma carta, uma crônica, ou  a escrita musical poeticamente falando. A escrita, é um modo de se expressar, é um modo particular e, muitas vezes peculiar de se passar uma ideia, um estilo, é um jeito especial de se comunicar. É através da escrita que o poeta escreve o que está em seu coração, é com ela que ele faz prosas poéticas, é com ela que ele faz poesia, é com ela que ele chora em cima da folha de papel em branco. 

O magnânimo poeta Antonio Domingo é um artesão da escrita e, com ela, ele fala, se expressando sobre qualquer tema, inclusive da insurreição que está em seu peito. É com a escrita que o poeta ZeKaFeliz faz seus poemas, suas rimas e suas estrofes. A escrita está em tudo, está na filosofia, portanto, e sobretudo, é com ela que o filósofo vai filosofando, com a escrita fala-se sobre tudo e, sobretudo, sobre o amor, sobre a paixão. E digo mais: — pode-se escrever sobre qualquer tema "A Escrita" é chover no molhado, é um tema sem fim, visto que, a escrita começa no primário, para ser exato no abecedário, é lá naquelas carteiras duras de madeira é que se tem ideia de como se começa a escrever, mas entretanto, na Grécia antiga, não se escrevia nada, pois, tudo era falado, as poesias todas elas eram recitadas (não eram escritas). Lembra-se de Sócrates? De Platão? Eles não escreviam sobre filosofia e sim dialogavam. Diálogos de Platão.

 Estudiosos já encontraram em parede de cavernas, gravações que datam de 40 mil anos atrás. Todavia, uma escrita sistematizada aparece somente, 3.500 anos a.C., e isto, foi quando os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme na Mesopotâmia. Aí, você vê o valor da escrita, portanto, e, sobretudo, sem ela não teríamos nenhum registro escriturado, contabilidade, eu não seria hoje um contador e nem, teria aberto mais de mil sociedades e, muito menos fechado milhares de balanços, não seria poeta e, não teria escrito centenas de crônicas. Eu reitero ainda: — que a escrita é alma do mundo e, portanto, sem ela viveríamos ainda no tempo das cavernas. Pense comigo; o que seria dos bancos sem a escrita; o que seria das faculdades de letras, sem as letras; o que seria da vida sem a poesia escrita; até mesmo o amor seria apenas falado, não seria escrito e nem romantizado, não teria registro e nem seria documentado; os processos dependem da danada da escrita, não teríamos registros de nascimento, portanto, não teríamos assentamentos e, sobretudo, não existiríamos, nossos nomes seriam simplesmente ecos a ecoar pelo mundo.

A escrita está em tudo, até no falar está a dama do texto, visto que, escrevemos o que falamos, o que seria dos cantores sem os compositores escrevendo suas músicas, infeliz da poesia, pobre da filosofia, desafortunada da vida, pois, esta última não seria escrita e, portanto, não teria nem vida, nem nem morte, nem registro.

Aplausos para esta dama da alta e da baixa sociedade, dama que faz rimas, das poesias, faz crônicas e filosofia. A escrita me permite praticar a escrita escrevendo sobre ela e assim, eu já devo ter escrito mais de 500 (quinhentas) palavras e cumprido meu desafio de escrever no mínimo essa quantidade de palavras todos os dias.

#JoaoCarreiraPoeta 05/08/2021 — 12h45

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Análise Fundamentalista ou, Análise Gráfica

Quando os mercados estão no ponto mais alto não toca uma campainha. Li certa vez, não sei onde e, nem sei quando, certo gestor (muito famoso, porém, nunca tinha ouvido falar sobre ele) dizer o seguinte: — Que é muito difícil você à priori acertar as tendências, só se você for mágico.

Pelo que venho estudando e ensinando há mais de vinte anos, isto não é totalmente verdade, visto que, aquele que desenvolveu a arte de ler e interpretar os sinais emitidos pelos gráficos consegue sim, montar no cavalo da tendência gráfica dentro da “cocheira” e cavalgá-la.

Continua o gestor a dizer que: — 

O cemitério está cheio de traders que tentaram descobrir esta virada. 

Eu não sei quantos por cento ele se refere ao dizer "cheio", visto que, cheio de um cemitério é 100%. Agora se você for seguir a estatística do mercado (não para day-trade) é que, a cada 100 pessoas que entram no mercado de renda variável, 80 quebram (morrem e vão para o cemitério gráfico), mas 20 sobrevivem e 2 viram estrelas. E, ainda reitero: — Quantos por cento de um cemitério fazem parte traders do mercado financeiro?

O gestor continua dizendo: — 

Que, o interessante é, se você for perspicaz, conseguir montar no cavalo na hora em que ele já está disparando, não quando ele está na cocheira, porque ele pode ficar ali durante meses ou anos.

Indubitavelmente, eu concordo com ele que, é muito interessante, montar nem que for num "pagaré", quanto mais num "puro sangue gráfico" fora de uma cocheira gráfica. Já pensou se eu, você e este gestor dominassem não pangarés e nem, puro sangues, mas sim, a ACUMULAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO? Estaríamos comprando dentro da cocheira e de lá sairíamos cavalgando em “pelo” vivo. Infelizmente, poucos dos "gurus" do mercado sabem ler este indicador.

O gestor em questão continua: —

Ele menciona que tem grandes oportunidades para perder dinheiro todo dia.

Eu concordo e você também deve concordar plenamente, e tenho pena do incauto.

O nobre senhor diz: —

Que é impossível prever o futuro, que as pessoas que fazem previsão do futuro estão brincando, porque ninguém vai cobrar delas o que elas disseram.

Qualquer mercado nunca anda em linha reta. Mercado de alta tem correções e mercado de baixa também tem correções.

As pessoas dizem assim: dinheiro é lixo. Tem momentos em que dinheiro pode ser uma boa reserva de valor, como quando os ativos estão esticados para baixo. Se aparecer oportunidade e você está todo aplicado, não tem como aproveitar.

Bom, apoquente seus neurônios comigo: — gestores de fundo geralmente, usam dados da escola fundamentalista, nunca vi, ou, ouvi um que falasse em gráficos de candles então aqui, há um enredo, visto que, a escola fundamentalista acha o preço justo de uma ação, através do "valuation", isto é, o preço é calculado baseado em cima da projeção dos lucros futuros e nós, traders projetamos em cima das probabilidades, das quantidades de sinais altistas, menos as quantidades de sinais baixistas, ou seja, o prato da balança gráfica que pender tem mais probabilidades e aí, você compra ou vende.

As grandes oportunidades são quando as coisas degringolam, não quando está todo mundo eufórico. Quem falou isto foi ele e eu, assino em baixo.

Sobre ESG, tem muita gente que diz: se você restringir o universo de investimento, vai ter rentabilidade menor. Pode ser ledo engano, porque à medida que o capital for para as empresas que têm melhores práticas, elas vão tender a se valorizar mais do que as que estão sendo abandonadas. E oferta e demanda afetam o preço.

Como você pega as tendências? Lendo bastante. Quando você olha os gráficos de alguns ativos que subiram bem, eles telegrafaram o que vai acontecer. Quando você junta isso com algumas pessoas mais preparadas falando sobre o assunto, analistas, por exemplo, conseguem chegar mais cedo. Quando sai na primeira página do jornal, já era, esquece que a tendência já está bem adiantada.

O mercado financeiro é muito frustrante, porque não é linear. Não é como engenheiro, que, se fizer tudo direito, o prédio fica de pé. Aqui você pode fazer todas as análises corretas e ainda perder dinheiro. É uma arte, não é uma ciência.

O maior inimigo no mercado financeiro é você. Seu psicológico, sua cabeça, os seus impulsos é que te matam. Se você tiver uma forma de desenvolver um controle muito forte dos seus instintos, você pode suceder.

Você tem que amar o negócio porque são muitas as frustrações. Você está sempre insatisfeito, quando dá certo, comprou pouco; quando dá errado, comprou muito. Não é brincadeira, não, você está sempre chateado. Se você não tiver capacidade e resiliência para aguentar isso por muitos anos, aí desiste.

Tem épocas, quando o mercado está eufórico, em que tudo dá certo, mas tem que lembrar que tem outras épocas em que é uma pauleira danada. Tem que tomar muito cuidado para não confundir um mercado de alta com inteligência e preparo.

A recomendação que eu faço é o teste da sexta-feira. Se chega sexta-feira e você está louco para chegar segunda para o mercado abrir, talvez você tenha chance nesse negócio.

Eu repito, erro frequentemente, menos do que fazia no começo, mas às vezes você se empolga e faz uma besteira. Você tem pelo menos cinco minutos de burrice por dia, não faça nada nesses cinco minutos.

Como as pessoas quebram? Quando não têm stop ou colocam uma quantia gigantesca alavancada no mercado. Uma ação pode oscilar de 30% a 40% em período curto. E não precisa ser pequena a empresa. Se você olhar o histórico dos últimos 10-15 anos, a Amazon do high para o low teve queda em todos eles de 30% a 40%. Então, se você está alavancado, não vai sobreviver.

Leia muito sobre psicologia de mercado, ela ensina você a se defender de você mesmo. Porque você é o seu pior inimigo. Se você conseguir domar seus instintos, têm chance muito maior de dar certo.

Você não pode vender quando já não aguenta mais, tem que vender quando sente que fez o trade errado.

Você pode até ter um número de erros maior do que o de acertos, mas quando acertar tem que ganhar um bom dinheiro. E, quando errar, perder pouco.

A tendência das pessoas é, quando está subindo, querer ter desesperadamente 150% do patrimônio investido em ações. Está errado. Deixa os outros ganharem também, não queira ganhar tudo sozinho. É uma forma de evitar os desastres.

#JoaoCarreiraTraderPoeta — 11/02/2021 — 10h

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Crônicas — "O Bem Sempre Vence o Mal"

"O Bem" Sempre Vence o "Mal"

Canhestramente, todo ser humano no mundo tem dentro de si (e você também não é exceção), os dois adormecidos, no entanto, o "bem" é ser livre, ou seja, é ter imunidade, ser imune, porém, ser cativo representa o "mal", este último, é ter olhos de pássaros cegados por agulhas, já o bem é ser jovem, é conquistar com passos largos e decididos seus ideais. Já o mal é contabilizar rugas antes da hora, é abrir e fechar os olhos e perceber que envelheceu. O bem é ser fecundo através de boas sementes, boas obras, é fecundar de palavras o vento e a terra. O mal não fecunda, pelo contrário, faz a terra estéril e o estalar das unhas, juntando muitos mistérios. 

É imprescindível fazer o bem, porém, é trabalhoso  exercitá-lo, mas, entretanto vale a pena , mas, cuidado, divagar mentalmente sem destino pode ser perigoso.

Você acha que é difícil praticar o bem?

Mas, e se escolhermos o mal?

Escolhendo o último, nunca veremos as paisagens além dos montes, perderemos a juventude do coração, este ficará duro como o pulmão de um fumante, nos fará perder nossos ideais, deixaríamos de provar o néctar que iria nutrir nossas entranhas, clareando nossas escuridões mais profundas. 

Escolher o mal seria o caos!

Escolha fazer o bem em 2024? Não! Sempre, com certeza, ele prevalecerá à perversidade do mundo e como escreveu — Shakespeare — sua felicidade poderá estar dentro de uma casca de noz!

 #JoaoCarreiraPoeta — 19/07/2022 — 14:37

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Crônicas — "Lutando Para Ser Trader Profissional"

"Lutando Para Ser Trader Profissional"

Na tentativa de desenvolver minha criatividade literária/gráfica e, quebrar um dogma na minha vida, ou seja, algo inquestionável que existe dentro de mim, eu começo a exercitar os meus inúmeros pensamentos que, por unanimidade, se comprometem a me ajudar. No momento que tomo esta decisão, algo inefável acontece sendo, esta sensação indescritível que, me faz combater a minha pusilanimidade sim, a minha qualidade de covarde que me tira o sono, o medo que me apavora e queima minha alma. Desenvolver minha criatividade me faz lembrar dos meus tempos homéricos, tempos inesquecíveis e que, me levam ao passado inexpugnável, passado este que teve momentos inamovíveis que fincaram os pés como estátuas. Neste momento tenho um esgar de alegria misturada com tristeza, um trejeito que recrudesce, torna forte todos os dias da minha vida, exacerbando, me faz sentir que o aqui agora seja ululante, isto é, excessivamente, claro e muito óbvio. 

A presença da criatividade nos meus dias torna meu cérebro fulgurante e, meus instantes são brilhantes e resplandecentes como o sol, os meus olhos tornam-se rútilos como duas flechas chamejantes e que, cintilam ao serem disparadas, a sensação lúgubre que outrora havia nestes olhos, são retiradas dando brechas para a alegria e a felicidade, o que era abjeto (símbolo de baixeza) agora caminha por caminhos de beleza e, o vaticínio de prever o futuro, cai por terra à profecia fácil, meu rosto lívido de outrora, já não é tão pálido como se foi no passado. Minha volúpia gráfica, meu desejo de operar a todo o momento para satisfazer meus desejos carnais, já não perturbam os meus trades e nem, meus sentidos. Não sou mais aquele reacionário que, era contra tudo e contra todos, hoje a minha disciplina é irrefutável, nem eu mesmo posso contestá-la, para que isso ocorresse, tive que fazer uma coalizão sim, um acordo com minha mente política gráfica consciente e inconsciente. 

Diametralmente eu consegui chegar passando pelo centro do gigantesco círculo da vida, chegando do outro lado dessa bola que se chama destino, nessa caminhada rumo a esse destino eu senti doer minhas vísceras, minhas entranhas, foi desse jeito que consegui uma coesão, ou seja, uma união harmônica entre o meu eu falso e o eu verdadeiro, não foi fácil adquirir esta aderência harmônica, tive que desenvolver uma qualidade ortodoxa seguindo estritamente, as regras do jogo gráfico, Eu sou um cosmopolitano grafista, visto que desenvolvi a capacidade de me adaptar a qualquer situação do mercado, visto que, tanto faz ele ser altista, baixista, ou, lateral consigo operá-lo e, para chegar onde cheguei tive que desenvolver o silabário gráfico dando início ao desenvolvimento da arte de ler e interpretar corretamente todos os sinais emitidos pelo mercado, através dos gráficos. Mesmo que canhestramente, eu me apaixonei rapidamente pela oscilação dos preços, mesmo acanhado, desajeitado, desengonçado eu não desisti nas primeiras tentativas e erros, visto que, eu estava protegido da desistência, pois estava sob a égide da persistência e da justiça gráfica, sempre que eu errava, eu vociferava contra todos e contra tudo, eu nunca era culpado e, sempre estava à caça de alguém para assumir meus erros. 

No início, graficamente, falando, tudo para mim era incognoscível, difícil de conhecer, tudo era desconhecível, mas no fundo de minha alma e de meu coração, agitava uma aristocracia, algo me dizia que eu seria um nobre grafista que, teria a fineza, a elegância de saber operar corretamente, tudo na minha mente estava muito explícito, muito claro e, bastava pôr em prática, no entanto, este pódio estava bem mais alto que os demais, as regras e normas, eram ortodoxas e rígidas mas, segui obedecendo. Porém, ainda havia dentro de mim uma voluptuosidade, eu queria sentir prazer fazendo scalps principalmente, os gráficos sexuais e, esta volúpia bruxuleia como treme e brilha a luz da lamparina, no entanto, eu tinha um compromisso de defecção, ou seja, eu precisava abandonar o meu vício de operar em excesso e somente, a proficiência, a capacidade de vencer as adversidades que surge em meu caminho, me ajudou a desenvolver competência gráfica. 

Eu não tive indulgência de ninguém, tive sim que pagar o preço que a liberdade financeira pede, estudar muito e, sem clemência.

As tragédias gráficas que ocorreram em minha caminhada não eram enigmáticas, visto que, não eram difíceis de compreender os motivos dos erros sucessivos. Nada era obscuro, era falta de disciplina mesmo e, havia dentro da minha mente um comportamento anormal por fazer aquilo que eu não queria fazer, era uma invectiva da ganância e da falta de disciplina e que, insultava, provocava e trazia injúria. Uma dor mordaz me corroía por dentro e por fora, eu sentia uma hegemonia atuando sobre meu cérebro e que, me levava para o lado soberbo da indisciplina.

Muitas vezes o mercado era magnânimo comigo e, entregava operações lindas e perfeitas e que infelizmente, foram estragadas pela falta de conduta. Na época eu tinha uma mente multifacetada, onde se destacava o vício do craque gráfico, da ganância e da indisciplina. Era imprescindível a força de vontade para que eu desenvolvesse a disciplina somente, desta maneira eu evitaria uma barbárie, uma selvageria com meu capital, havia uma luta dentro da minha mente, uma verdadeira ambivalência e, era como dois titãs lutando um contra o outro, o desejo de mudança para fazer tudo certo como operar cada dia melhor e o desejo da cocaína gráfica de operar scalps todo dia e toda hora.

Havia chegado o momento da insurreição, uma revolta tomou conta do meu peito e, fez surgir o grande desejo de queimar em praça pública tudo o que era maldito e que estava relacionado com o trade. Algo verossímil, algo verdadeiro começava a dar a luz, o parto de um trader de sucesso. Quando se consegue uma vitória sobre qualquer coisa, o seu dia fica matizado, ou seja, ele se torna colorido, com muitas cores vivas e, fica passando de uma cor para outra, lembrando que, matizes vêm do verbo matizar, é o mesmo que, pintalgues, pintes, tinjas, variegas e, descobri que eclipsar o medo, a ganância e a falta de disciplina ajudou-me a pintar de cores diferentes os meus dias que tinham, uma cacofonia de sons desagradáveis, eu era um verdadeiro cacófato, era ridículo mesmo e, o aforismo que me veio à mente, foi muito forte, visto que, me veio à lembrança o fato de meu pai ser um trader de sucesso e eu, tinha que ser como ele foi, mas eu era tacanho, de estatura reduzida, estreito de ideias e de pensamentos, cabeça fechada, e pobre de espírito, no entanto, dentro do meu peito e dentro da minha mente, crescia o desejo de ser pragmático, de ser prático e, realizar meus sonhos objetivamente, eu estava cansado de ser um proletariado e, queria sair do meio das pessoas que fazem qualquer tipo de trabalho, ou seja, eu queria ter uma profissão resumindo: — eu queria ser um trader de sucesso. Eu não queria ser homólogo, eu queria ser eu mesmo, eu queria operar de um jeito diferente, infelizmente, eu não encontrei como encaixar a palavra acrônimo aqui. E foi assim, sendo mítico nas minhas operações que cheguei onde cheguei. Déjà-vu — já visto. O trader fracassado já estava se entrando na obsolescência, transcodificando os erros em acertos.

A vida de muitos traders é uma vida de dicotomia, ou seja, há uma divisão entre ficar rico do dia para a noite, ou optar pela preparação, investindo em si mesmo. Observe que não estou a farfalhar, visto que, estou falando resumidamente. No entanto, alguns galhofam, divertindo e zombando dos que levam o trading a sério. Já operei muitos anos no perfil de day trade, mas no atual momento, mesmo achando-o uma faculdade, não gosto mais e tampouco, de operações muito mais rápidas como o scalper.

#JoãoCarreiraPoeta — 04/03/2020 — 8h36

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Crônicas — "Ganância De Um Novato No Mercado"

Ganância de Um Novato no Mercado!

Este desejo aparece geralmente na euforia e, quando pega nossa mente, fraca, desprotegida, alucinada pela vida fácil, extermina com nosso sonho de viver do mercado. Neste momento há uma alucinação, que leva-nos para dentro do olho do furacão e, nesta escuridão gráfica, vai levando-nos para o vício, do álcool gráfico da repetição —, de operações repetitivas, vai levando-nos a fazer o que não queremos, visto que, o que queremos já não mais, o fazemos e, fazemos ainda mais o que não queremos.

E assim [...] eu me mato e, você também, na tentativa de agarrar óbvio, a consistência. Que foge. Voando como águia, rolando como a água, escoando como a areia, que escapa entre os vãos de nossos dedos.

E deste jeito, e neste vai e vem, vamos ficando ricos e ficando pobres, ao mesmo tempo, deixando o laço que está em nosso pescoço [...] apertar, mais..., mais..., até que, somos expulsos.

Do paraíso.

Da independência.

Da liberdade.

E, de tantas outras coisas gráficas tão sonhadas!

A verdade? A verdadeira verdade?

É que, Pow!

Estamos sem vida,

falidos,

quebrados,

esbodegados,

emocional e financeiramente, para o mercado!

#JoãoCarreiraTraderPoeta — 03/03/2020 — 11h

P.S. Foto destacada cedida pela Casa dos Poetas e Poesias.

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Crônicas — "A Mosca Jurema"

A Mosca Jurema

Amigos aí é que está Indubitavelmente, meu colega e aluno  Juão Karapuça não entende nada de mulher. Veja a descrição detalhista que ele fez da mosca referida no título desta crônica: — 

— Dr. Carreira sinceramente, e com a certeza que tinha Pedro Álvares Cabral quando chegou aqui na nossa terra, eu nunca vi ninguém gostar de mosca, no entanto, a mosca Jurema tem algo de diferente, fisicamente, é idêntica a toda mosca mas, entretanto, leva vantagem, sobretudo, sobre a mulher, Jurema tem seis pernas torneadas ligeiramente, alongadas, o que lhe dá uma elegância seis vezes maior que as das mulheres. Esta mosca incomum tem um adorno em sua cabeça (duas antenas) que, lhe traz o cheiro de comida e ainda, decora sua aparência, ela tem dois olhos acastanhados gigantes encravado em seu crânio que lhe dá visão de 360 graus, tem duas asas que lhe servem como vestes cobrindo seu corpo seminu. 

Portanto, e sobretudo, quanto mais Juão descrevia a mosca, mais ele sorria dizendo: — esta mosca ainda tem algo que nunca vi em mosca alguma, não sobrevoa podridão, lixo, nada estragado, Jurema sobrevoa e assenta somente em comidas boas e saudáveis, e digo mais, disse Juão: — Ela tem tanto amor pelo ser humano que, pretende escolher uma casa de uma família e assim, vai sair voando elegantérrima a procura desse lar. A primeira casa que ela encontrar, ela vai entrar. E não demorou muito, Jurema já estava defronte a um elegante sobrado esverdeado, infelizmente, a porta social estava fechada. Isso, para uma mosca cheia de amor para dar não representava problema, visto que, em qualquer buraco cabe uma mosca. E, foi isso que Jurema fez, achou um vão e "zummmm". Já estava no meio da sala. Era uma casa muito bem arrumada, toda decorada [...] meio que acanhada, ela pousou num sofá marrom. A mosca encantada fica observando um senhor (septuagenário) que roncava babando pelos quatro cantos da boca. A varejeira levanta voo chegando mais para o interior da casa. Uma senhora discute com o marido, este está discutindo também com seu filho, mas, de repente, entra uma moça tentando acalmar o estresse. Um estresse total. 

Mas foi aí, que chegou o momento de Jurema entrar em ação, dando um pouco do seu amor àquela família totalmente, estressada. Ela voa rapidamente, para onde está o velho senhor babão e tenta fazer-lhe um carinho pousando em sua orelha, porém, o velho tem um reflexo de jovem de dezoito anos e, um som de um tapa é soado, entretanto, Jurema é muito mais ágil e sobrevoa em torno do velho que desperta no meio da baba elástica bovina que escorre dos quatro cantos de sua boca. Irado, ele se levanta e suas duas mãos espalmam no ar — Pow!

Jurema está morta.

#JoãoCarreiraPoeta — 01/03/2020 — 21h

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Crônicas — "Saudade do Amanhecer do Interior"

Saudade do Amanhecer do Interior

Definitivamente é bem diferente, muito diferente do de antigamente, visto que, quando menino, lá no "interiorzão", cidade de Andradina divisa do Estado de São Paulo, com o de Mato Grosso, eu acordava bem cedo, na parede do meu quarto já batia, refletindo uma bola amarelada, era o — Sol —, representado por aquele círculo dourado, desenhado nas podres e carunchadas tábuas da minha alcova, minhas narinas sentia o cheiro de um café sendo coado num saquinho de pano — surrado —, feito por dona Dalvina minha (guerreira mãe), bailando como uma fumaça transparente, mais parecia uma dançarina que a gente não vê mais sente, esse cheiro vinha chegando suave até minhas "ventas", por elas ele entrava sem pedir licença, até parecia que ele sabia que eu estava com fome, ele tinha certeza, que a pobreza era tanta, sabia que não tinha comida para o almoço e, tão pouco para a janta.

Era assim, que eu sentia esse aroma, tinha cheiro e cor de verde, cada vez mais minha imaginação corria solta, o ouvido da minha mente, associado a ela se aquietava ao ouvir o galo cantarolar, eu sabia que era hora de esticar o "esqueleto" e fazê-lo levantar.

Entretanto, hoje na cidade grande é diferente, não ouço mais o galo pigarrear e, quando canta parece um sonho, mas do sonho acordo, e nem o ouço "cacarejar", a beleza, o encanto, a simplicidade dessas coisas, só no meu sítio eu tinha, hoje não tenho mais até isto, o tempo me tomou. Esse tempo tem uma contabilidade, ela se chama — lembrança — lembrança de criança, nela está registrado e documentado no livro da minha história, este livro se chama "Memória" amanhã amanhecerá outro dia e nele escreverei outra página, outra história...,

#JoaoCarreiraPoeta. — 31/03/2020 — 6h

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Crônicas — "Bolsa de Valores Encantados"

"Bolsa de Valores Encantados"

Amigos, eu venho falando há muitos anos, sobretudo deste mercado encantado, eletrizante e cheio de emoções — Bolsa de Valores —. E, muita gente rosna, com tédio e irritação perguntando: — Por acaso você está descobrindo este mercado, já é dono dele? Eu respondo. Estou sim, estou a descobrir esta preciosidade. Eis que, de repente, cada um de nós, cada um dos duzentos e dez milhões de brasileiros passa a ser um Pedro Álvares Cabral.

Estamos descobrindo o mercado e não todo o senhor mercado. Ainda há muito deste senhor para ser descoberto. Não há de ser num relance, num vago e distraído olhar, que vamos sentir o todo do maníaco, do depressivo senhor mercado. Este fantástico senhor é uma descoberta contínua e eletrizante. Deslumbrante mesmo. E justiça se faça a ele: — visto que, é ele que promove quem tem disciplina, controlando o medo subjugando a ganância.

A princípio, o camarada pode pensar que domina a "besta nos cio". Ledo engano, pois, nem mesmo os robozinhos de um — nerd — conseguem tal proeza. Todavia, o mais importante e o mais patético é a descoberta do mercado para os próprios brasileiros. Pergunto. O que sabemos nós deste mercado? Pouco ou mesmo nada. A partir de 1929 (no meio de uma das piores crises mundiais), este cara alienado e deprimente começou aparecer aos nossos olhos.

Digo ainda mais: — Foi o mercado que ensinou [e ensina] os brasileiros a conhecerem-se a si mesmos. Mas o trader tem [e sempre terá] uma informação falsa a seu respeito por falta de confiança, por falta de disciplina, por excesso de arrogância não aceitando o que este senhor tem para lhe dar. O resumo da — falta — em síntese, nada mais é que a falta de conhecimento que o trader tem de sua própria personalidade.

Aí, recordo de um amigo, um símbolo carioca, exuberante, bonachão, um verdadeiro italiano (naturalizado), tinha o gosto do berro na boca e do gesto largo no abraço caloroso, ao ver um vago conhecido, ele abria os braços até o teto se arremessando com efusão de um amigo de infância, tipo gozadíssimo, costuma dizer aos uivos: — "Eu sou ou não sou um quadrúpede"? E para evitar dúvidas, este amigo amplia: — "Eu sou, ou não sou um quadrúpede de 28 patas?" Por que ele se chamava a si mesmo assim? Porque fazia [e faz] tudo errado no mercado.

Por comprar uma ação, um futuro, ou uma commodity perde-se dinheiro, alavancando posições inconvenientes. Daí, ser verdadeira esta autocrítica jocunda e feroz. O pré candidato a trader não acredita nem nos outros, quanto mais em si mesmo. É aquele que se nega, e está ao mesmo tempo negando a própria vida e, quem sabe, a própria alma. Daí, quando ele diz: — eu sou, ou não sou uma "besta quadrada" - estamos vendo bestas por toda parte. 

Não há nenhum ufanismo no mercado. Em absoluto. Como meu amigo citado, cada um de nós é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem.

Mas, esquecendo 1929, chegamos à euforia de 2008, oito anos de ufanismo exagerado, muitos ainda embarcou na canoa furada [mas, ainda compradora] da alegria, visto que, o Brasil recebia o grau de investiment grade. O país era a bola da vez. Mas, já uma dúvida pairava na mente dos profissionais que suara [além da camisa] seus neurônios. Muitos começaram a zerar posições e até suas carteiras, montava-se o palco da quebradeira trazida pelos estrangeiros [com sua crise imobiliária]!

Mas, por que montar uma carteira depois de oito anos de alta? Por que não acreditar no ditado popular que diz: — Compre na baixa e venda na alta, ou ainda, compre no meio da guerra [ao som dos canhões], e venda quando for céu de brigadeiro.

Sou, ou, não sou uma Besta quadrada?

#JoaoCarreiraPoeta — 02/03/2020 — 20h

P.S. Foto destacada cedida pela Casa dos Poetas e Poesias.

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Crônicas — Uma Bola Chorosa

Crônica — Uma Bola Chorosa

Gidhecon era um rapaz nem alto, nem baixo, nem magro, nem gordo, nem feio nem bonito, enfim, era coluna do meio em tudo, mas infelizmente, era o meu dono e, quando me colocou no chão pela primeira vez, não pensou duas vezes e me deu um tremendo, um horroroso pontapé (sinto dores até hoje). Achei que ele — Gidhecon — devia ter brigado com sua esposa. Será? Que "estúpido". Pensei. No entanto, com o tempo fui tendo a percepção de que estava enganada, visto que, meu dono (apesar de não saber jogar bola) estava a brincar comigo, diante disso, comecei a perceber que ele sentia amor por mim, mas que amor selvagem , algumas vezes me pegava com todo carinho, me alisava, algumas vezes até me beijava e suavemente me colocava no chão, recuava alguns metros e corria na minha direção e — POW —! Dava-me um bico nas nádegas. Eu chorava de tristeza, mas a beleza começava a surgir e eu entendia cada vez mais que realmente o que ele fazia, era brincar comigo. Chutava-me, porém, ao mesmo tempo, me perseguia como um louco desvairado babando uma baba — elástica bovina — e, alcançando-me, muitas vezes me dava toquinhos, me rolando pra lá, e pra cá.

Muitas vezes me levava para o campo, lá estava uma "molecada" dos diabos, eu sabia e estava preparada, pois, muitos pontapés viriam. Apesar de tudo, eu passei a amar aqueles finais de semanas, porque tinha certeza de que todos estavam ansiosos por brincar comigo. Eu rolava pela grama, assim como a pena do poeta rolava (e ainda rola) pela folha de papel. Apesar de ser sempre a mesma brincadeira boba, chutes e mais chutes nas minhas nádegas, hora rolando-me na grama e hora me fazendo voar pelos ares, até me enfiar numa grotesca rede de barbantes podres velhos e surrados — eu era amarradona naquela arte. Mas, o mais interessante e estranho é que a hora que isto acontecia, a "molecada" fazia uma farra danada e gritavam — "Goooooolaaaaço" — essa é a parte que mais gostava, pois, dela viria os beijos, abraços e carícias.

Mas, todavia, nem sempre é felicidade, certa vez uma fatalidade ocorreu, não foi no campo, lá tudo corria às mil maravilhas, mas desta vez, foi na casa da tia de Gidhecon, era véspera de ano novo, meu dono — Gidhecon —  estava muito alegre, até parecia estar meio que "chumbado" e, no mesmo estado, estava meu tio, tio do meu dono. Com um "bafo" de jibóia, me pegou sem fazer carícias, me socou no chão, afastou uns dez metros e, meio que transando as pernas, me deu um chute nas nádegas. Voando (por mais que eu fizesse), nada pude fazer, foi mais um POW! Estourei o vidro do carro do meu tio.

Levei toda culpa (e não entendo até hoje), passei muito tempo de castigo, fui jogada num porão escuro, convivi com baratas, camundongos e outros bichos que nem sei o nome. As fibras da minha alma e de meu coração ansiavam para que aqueles dias de festa passassem e, tudo voltasse ao que era antes. Ai que saudades, dos chutes, dos pontapés, daquela rede podre, dos três paus "fincados" no chão e do grito de guerra da molecada. Gooooooolaaaaço!

#JoaoCarreiraPoeta — 28/12/2023 — 17h

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Crônicas — "O Excêntrico Megalomaníaco"

"O Excêntrico Megalomaníaco"

Osório nasceu em maio de 1890 e justamente, quando li sobre este cidadão ele estava completando vinte anos, estava desabrochando para sua mocidade, era um homem diferente da espécie humana, alto, forte, loiro e de olhos azuis (parecia uma estátua grega) que disputava espaço com o céu cor de anil, seu cheiro era mortal, visto que, cheirava a homem macho, seu feromônio era mortífero para as mulheres que vociferavam que sua pele era macia como seda e, seus lábios tinham o gosto da maçã pecadora. Por onde quer que Osório passasse ouvia-se gemidos eróticos femininos que, se o tempo fosse alongado, levaria as donzelas ao orgasmo mental:—

A voluptuosidade de Osório era exatamente assim, o macho em referência sabia de sua fama de garanhão e atuava como tal, não perdoando nenhuma que cruzasse seu caminho.

No entanto, nosso personagem tinha um defeito: — não era mau hábito — o moço sofria de uma patologia psicológica, por sua fama de gostosão e beleza física, ele sentia por si mesmo uma valorização excessiva; uma macromania, o seu excesso de orgulho era tão grande que sua patologia de beleza contaminou todas as áreas de sua vida, visto que, se achava o homem mais rico da cidade, suas roupas tinham que ser as melhores e mais caras, seus carros tinham que ser os mais caros e, todos importados, suas fábricas tinham que vender mais que todas, quase perdeu todos os dentes pelo fato de querer ter os dentes mais brancos da cidade. 

Osório fazia de tudo para ser um deus grego, ele era um verdadeiro megalomaníaco. Entretanto, certa noite ele com ciúmes de si mesmo deu um tiro no peito jogando toda sua beleza e riqueza dentro de um paletó de madeira. 

A maioria das mulheres da cidade vestiram-se de preto.

#JoãoCarreiraPoeta — 22/03/2020 — 10h

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Crônicas — "Meu Gato ZéKarreira"

Descrição Gato Zékarreira

Zekarreira é o nome do meu gato que vive penteando seus pelos com sua língua cor de rosa e áspera, mas, todo bichano além de se pentear, ama uma poltrona, uma cadeira, qualquer canto é canto, para se cochilar. ZéKarreira não é diferente, com seus pêlos alongados (quase dez centímetros) cor de sujeira amarelada, suas orelhas são de um preto cor de cinza que dá água na boca, entre elas (as orelhas) tem trilhas esverdeadas que vão morrer no seu gelado nariz, um pouco acima deste último, tem lado a lado duas bolas azuis celestiais, são seus olhos, morteiros que, junto com sua voz rouca me chamam quando quer algo pra comer ou beber, meu Zéka tem uma bocarra diferente, grande e forte e, sempre que espreguiça lembra-me um leão abobalhado, mostrando seus dentes pontiagudos e amarelados, ao longo do tempo adquiriu um corpo esguio, magro, mas forte, ao longo do seu espinhaço nasce um rabo grosso feito de pelos finos, mas fino de estrutura. Muitas vezes chamo meu companheiro de "gato de botas", visto que, do seu joelho para baixo, não é amarelado (cor de sujeira) , sim, é preto e não tem como não dizer que não é uma bota de pelos pretos.

Meu bichano ama tanto um aconchego que, basta beber água, ou comer algo que, já sai alongando sua carcaça e, de mansinho ele sai à procura de um cantinho é desse jeito, que ele se “emburaca” em qualquer canto, qualquer buraco (côncavo de preferência) e ali, ele hiberna dormindo quase 24 horas todos os dias. 

ZéKarreira também gosta de dormir de um jeito diferente, numa cama ele se esparrama, rola pra lá, rola pra cá e de repente, estaca com as quatro patas vira pra cima ali, ele fica com os olhos parados fitando algo no teto ou no infinito, Zékarreira é um bicho incomum, visto que, fala comigo e eu com ele, seu miado parece miado de gente, pede água, pede comida, pede para abrir a porta, quando não abro, ele pula a janela e, num segundo escala a escada adentrando minha sala (escritório) ali, ocorre o encontro da saudade de uma noite, tanto ele quanto eu quer fazer mais carinho um no outro.

ZeKarreira é um fofo!!!

#JoãoCarreiraPoeta.

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Crônicas — Raimunda

Raimunda

Era uma linda manhã de maio, o céu estava azul anil e as gaivotas bailavam de um lado pra outro. A donzela Raimunda acabara de realizar seu maior sonho, visto que, ficara noiva, era muito rica, porém, feia como o cão, mas, seu corpo era torneado, macio como pêssego, tudo estava milimetricamente, em seu lugar e, tudo era volumoso, no entanto, o que tinha de excesso e beleza no corpo faltava no rosto, espantava até aquilo que não se espanta com nada. Seu noivo (Raimundo) jurara (não a ela, mas diante daquele corpo — escultural —, que o deixava louco de desejo) que seria amor até que a morte os separasse.

De repente, bate o telefone, a criada grita: — é pra senhora.

Raimunda desce correndo, pois aguardava uma ligação de Raimundo. Ofegante, mas com uma voz apaixonada diz: —

— Alô meu amor! 

Uma decepção, pois, do outro lado da linha, uma voz estranha e macabra diz rispidamente: —

— Sou eu, Jurema.

Raimunda desmonta no sofá: —

— Jurema? Quanto tempo. Achei que você tinha morrido, está tudo bem com você?

A outra responde: —

— Vou devorando o tempo ou, é o tempo que vai me devorando e, preciso falar contigo agora, urgentemente.

— Comigo?

—Sim contigo. E escuta bem o que vou te dizer, estou aqui embaixo. Não demore. Desça agora.

Raimunda quase desmaia, pois era a ex de Raimundo. Mesmo sôfrega e arquejante, ainda conversa com sua mãe antes de descer.

Esta última diz: —

— Quem era filha?

— A senhora nem imagina mamãe — Jurema —, esta mesma a maldita ex do Raimundo.

A mãe réplica: —

— Aquela chata!

Raimunda entra em seu quarto e, troca de roupa, dá uma ajeitada nos cabelos e desce as escadas de seu apartamento. Rapidamente, avista sua pedra, que sempre esteve em seu caminho. Mas, ainda tem força pra dizer: —

— Bom dia, você está bem? Jurema.

Jurema sorri com dificuldade e começa:

— Eu soube que, você mesma sendo feia como o cão acaba de ficar noiva de Raimundo, vamos responde. É verdade?

Raimunda toma fôlego, levanta os olhos e empina o nariz dizendo: —        —Posso não ser bonita de rosto, porém, meu corpo, é de parar o trânsito já o seu, é um corpo mole, flácido, sua barriga cai por sobre as calças...

Jurema invejava o corpo de Raimunda, mas, não se deixou abater e, foi dizendo: —

— Minha barriga qualquer cirurgião resolve, já sua cara. Só milagre. Mas, o que eu quero lhe entregar é que, vou ter um filho de seu noivo e é batata.

Raimunda balbucia com esgar de choro: —

— De Raimundo? Não pode ser.

Com um sorriso macabro, Jurema desaparece virando a esquina dizendo, este casamento não sai nem a pau Juvenal.

Em casa, Raimunda joga-se nos braços da mãe com um choro agudo e sofredor. A velha sebosa corre e liga pra Raimundo. O susto foi o diabo para o rapaz, mas como um relâmpago que sai do oriente e vai para o ocidente, o rapaz já estava diante das duas. Ele recebeu uma enxurrada de cobranças e acusações. As duas diziam ao mesmo tempo: —

— Houve isso, assim, assim. É verdade? Fala seu asno?

O rapaz meio assustado se defendeu: —

— Filho meu? Meuzinho? Disse que era meu? Meu uma ova, este filho é de outro ordinário, pois, eu tive caxumba! E, a maldita desceu!

Raimunda chorando ajoelhou-se dizendo: —

— Com ou sem caxumba, com ou sem filho eu, caso de qualquer jeito e digo mais, se eu não me casar, me mato!

#JoãoCarreiraPoeta. — 21/03/2020 — 24h

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Crônicas — "Reminiscências"

Reminiscências

Observando atentamente a memória do passado, vejo que, cada mudança de casa me leva a uma profunda reflexão, hoje fiquei pensando na grande mudança que deve ser a morte, nossa, eu vou morrer, e você também! Todos vão! É algo certo, só não sei quando, mas às vezes vivo como se fosse ficar eternamente nessa Terra. 

Agora veja você: — Soturnamente, me preocupo com coisas tolas e acumulo bens que vão ficar aqui. Daqui não levarei nada. Serei apenas fotos desbotadas ou em tempos de não impressão, perdidas em alguma nuvem por aí. Infelizmente, tudo vai passar, bens materiais e imateriais, tem gente que pensa que vai levar as viagens que fez o que viveu os bons momentos, mas tudo isso também morre com você, não levamos nem mesmo nossas memórias, e ao invés de vivermos bem cada dia, sendo mais leves e plantando amor para que ele floresça mesmo quando não estivermos mais presentes, nós nos perdemos abobalhadamente, em meio a tanto trabalho, correria, disputa de poder, discussões bobas e falta de tempo para amar ardentemente. 

Para aqueles que acreditam que tudo acaba aqui deve ser extremamente difícil viver sem esperança. É uma pena que tenha tanta gente que pensa assim. A morte é só um processo de transformação, somos seres espirituais e eternos e nessa eternidade reside a grande plenitude da vida. Que saibamos viver cada dia como se fosse o último, procurando fazer o máximo para melhorar o mundo à nossa volta.
"O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar" —, São palavras de Deus.

#JoãoCarreiraPoeta. — 26/02/2020 — 10h

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Crônicas — "Ahhh, Meus Vinte Poucos Anos"

Ahhh Meus Vinte Poucos Anos

E aqui eu exclamo a minha tratativa comigo mesmo: — Infelizmente parece que foi ontem, eu tinha vinte e poucos anos, eu acariciava o meu viril corpo sem temer o poderoso e temível tempo brincando com ele e com a vida, como quem brinca de amor, de paixão, de “namoricos” eu vivia a noite, sem contar meus dias que corriam pelo tempo, fazendo castelos de areia, meus sonhos pueris, meus projetos se dissipavam no ar, eu fundei tantas esperanças que se desvaneceram prematuramente, e agora, eu fico perdido preso no meu cárcere da emoção, sem saber o que fazer, sem saber para onde ir, com os olhos vasculhando o céu a procura do nada, porém, meu coração está preso à esta terra mundana, ontem parecia que eu tinha vinte anos desperdiçando meu mais precioso bem (o tempo) crente de que o retinha, no entanto, para retê-lo ou mesmo aproveitá-lo eu não fiz outra coisa senão correr e, agora estou ofegante, ignorando o passado jogado no lixo, conjecturando sobre o futuro, eu me antecipava em tudo conversando fiado e, dava minha opinião sobre o que eu achava ser bom, criticando o mundo com minha desenvoltura e revolta. Mas...

Por onde andará minha frágil juventude, meus sonhos?

Visto que, eu perdi meu tempo fazendo loucuras, que no fundo não me deixaram nada que realmente eu precisasse, exceto muitas rugas na testa, na cara e o medo do tédio, pois, meus amores morreram antes de existir, meus amigos partiram e jamais voltarão, por minha culpa eu criei um vazio ao meu redor estragando a minha vida juntamente, com os meus jovens anos que se foram, do melhor e do pior, desperdiçando o melhor, eu petrifiquei meus sorrisos, congelando meus choros diante do cárcere da minha frágil memória.

Por onde andará minha frágil juventude?

Por onde andará minhas energias, minha saúde, meus sonhos?

#JoaoCarreiraPoeta. — 22/02/2020 — 22h

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Sonho do Primeiro Carro — Segunda Parte

Quem não teve este sonho, que atire a primeira pedra. Sonhar com o primeiro carro, é como sonhar com o primeiro beijo na boca, é como sonhar com a primeira transa. Novamente, não era no tempo do rei, mas era setembro de 1976 eu estava tirando minha primeira habilitação. Indubitavelmente, eu queria comprar meu primeiro carro. E, foi assim que, um fusca verde oliva atravessou meu caminho e, me ajudou a passar de primeira, no exame de autoescola (prova de fogo).

Não foi amor à primeira vista, no entanto, este sentimento foi crescendo, crescendo e se tornou muito forte, em cinco dias eu estava apaixonado. 1962, era o seu ano de fabricação; era um fusquinha 1200, 12 volts, sua potência era fraca sim, mas, tinha uma cor inesquecível, um verde de dar água na boca, tinha hora que parecia azeitona, ao mesmo tempo parecia folha verde, cor de laranja esverdeada; seus bancos eram pretos e intocáveis, seus para-choques eram diferentes dos de hoje, tinha canos metálicos curvados com desenhos arquitetônicos, o duro era a capota, todinha amarelada de ferrugem com algumas bolas azuladas (desbotadas), mas, bastava um retoque pra ficar zerinho novamente. Este carro era do meu chefe - Adamastor, (contador de uma construtora civil) eu, sendo seu auxiliar, conhecia toda a história do "Azeitona", carro zero tirado da loja, único dono, baixíssima quilometragem super conservado, a capota era apenas um detalhe.

A capota não tirava (bastava lixar e pintar) minha paixão por este "Azeitona" verde oliva, ela nasceu há poucos meses atrás, foi quando cinco dias antes do meu exame de autoescola, pratiquei percurso, baliza e garagem e, foi praticando nele que o amei pela primeira vez. Quis comprá-lo, porém, Adamastor não quis vendê-lo alegando que acabara de tirar da loja um opala comodoro cor de "ovo" e que, o fusquinha ficaria pra sua esposa.

O desejo de ter um carro pela primeira vez era tão grande e, a paixão pelo "Azeitona" gigantesca, bem maior que o primeiro beijo na boca (dado aos quinze anos), bem maior que a primeira transa dada aos dezesseis (será que seria maior que esta última mesmo?). Alguns meses se passaram e, fui chamado pra ser contador de outra construtora e lá, num certo dia, de repente, bate o telefone, era Adamastor, como sempre deu um grito ao telefone.

— Carreira bom dia, preciso de sua ajuda pra fechar cinco anos de contabilidade (atrasada) e me dar o balanço de uma empresa, quantas pratas você me cobra?

Respondi, Adamastor preciso avaliar o movimento da empresa. Marcamos um dia, fiz a avaliação e dei o preço. Meu ex-chefe era um italiano alto, gordo avermelhado, falava muito forte (sangue de italiano) e gostava de cantar e tocar violão. Recebendo o preço ele responde:

— Carreira como posso pagar essa fortuna? Estou comprando um novo carro pra minha esposa (outro fusquinha vermelho ano 1968, "mosca branca"), pode entrar um carro no negócio?

Quando ouvi essa fala gritada de Adamastor eu emudeci por alguns segundos e, nesses segundos passou dezenas de coisas pela minha mente, uma delas, seria o "Azeitona"? Adamastor dá outro grito na outra ponta da linha e me tira do devaneio.

— Vamos homem. Responde!

Eu fiquei muito emocionado e balbuciei, que carro é esse, é seu comodoro?

Decerto que não. Carreira é o carro dos seus sonhos e que, você o chama de "Azeitona".

#JoãoCarreiraPoeta — 01/04/2020 — 11h

 

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Sonho do Primeiro Carro — Primeira Parte

Amigos, aí é que está: —Hoje após minha meditação matinal, me veio à memória a história do meu primeiro carro, veio-me também, à minha mente, a imagem do meu sofrido exame de autoescola e a quase realização da compra do meu primeiro carro. E aqui pergunto: — Qual foi, ou qual é o homem que nunca sonhou em ter um carro novo ou usado?

Quando comprei meu primeiro carro? O mês da compra, não me recordo, nem o dia tampouco, mas o ano acho que foi em 1976 ou foi em 1977? Deve ter sido em 1978. Naquela época, eu trabalhava numa empresa de construção civil como sub contador e, o meu chefe tinha comprado recentemente, um "carrão" zero quilômetro amarelo "ovo", um lindo opala comodoro, ele também tinha um fusquinha verde oliva 1200, ano 1962, seu teto estava todo desbotado, meio esverdeado (sua cor de origem), meio azulado com tom amarelado pela ferrugem, mas o resto da pintura e do carro estava impecável. Naquele mês, eu e algumas amigas de trabalho (inclusive a esposa do meu chefe) estávamos praticando na autoescola "Caravela" pra tirar nossa tão sonhada carteira de habilitação (CNH).

A preocupação era geral, pois, as aulas eram poucas e caras, isto, agitava nossos corações e também nossos bolsos, mas nesse caso, nossa agitação não era tanto pelo dinheiro, mas sim, pelo medo de fazer o exame e ser reprovado. Mas eis que de repente, meu chefe (sabendo que eu ia tirar carta) diz-me que, todas as tardes daquela semana nós (eu e ele) iríamos praticar em seu fusquinha verde oliva, pois, sua esposa já tinha sido reprovada várias vezes, isso, segundo ele, me ajudaria a não reprovar tanto ou, até (quem sabe) passar direto no exame. Eu fiquei muito agradecido, pois, a gente mal se conhecia e ele prestou-me tal ajuda. Aquela semana passou rápido como um raio, passou "vuando", praticamos os cinco dias úteis de sua composição com isso, eu, me encantava mais e mais com o fusquinha desbotado de meu chefe. No sábado seria a prova — fatídica — e, este dia não vou esquecer jamais, pois, aquele sábado amanheceu nublado, escuro com cara de chuvarada. Isso fez com que aumentasse a ansiedade gostosa que havia dentro do meu peito e agora já não tão gostosa assim, no entanto, passando na prova eu estaria apto a dirigir e, poderia comprar meu primeiro carro, porém, começou a chover. Cheguei ao local da prova e logo a seguir meu nome foi chamado. Entrei no carro (um fusca branco ano 1972), muito tenso dei partida, quando fui por primeira marcha, meu pé esquerdo (o da embreagem) não tremia, ele trepidava, minhas mãos estavam frias, suadas, minha camisa ensopada, a calça parecia que eu tinha me mijado todo e, pra complicar meu desespero, começou a chuviscar forte, na minha frente tinha duas senhoras, a primeira, estava atropelando a baliza, subindo na calçada e, descendo do carro foi reprovada pelo delegado, a segunda vendo toda aquela tragédia entra em crise, o carro morre, mais uma reprovação. A partir daquele instante, eu não vi mais nada a não ser a baliza e a garagem, meu pé esquerdo só parou de tremer quando desci do carro e ouvi meu instrutor dizer: -

— Joããããão, você está aprovaaaado! Fique calmo que o pior já passou e, você fez uma boa baliza e uma ótima garagem (hoje não tem mais esta última modalidade) você tocou perfeitamente os dois pneus traseiros na sarjeta e, não subiu na calçada.

Eu estava todo esbodegado, porém, ainda tinha mais um desafio, o exame de percurso, nisso volta novamente, meu instrutor dizendo em tom de gracejo: —

— Estás preparado Joããããão? Agora vamos fazer a prova de percurso. Relaxe.

O percurso foi tranquilo, éramos em cinco, eu fui o primeiro, entrei sentando no carro (não coloquei o cinto e, não perdi pontos por isso) dei partida, coloquei a primeira marcha, depois a segunda e percorri mais ou menos trezentos metros, dando seta virei à esquerda, fazendo o retorno, o delegado mandou encostar dizendo — cai fora!

Fui aprovado! 

Se eu estava feliz? Decerto que sim. Eu estava feliz da vida e, mesmo molhado (como um pinto) comecei a pensar no meu verde oliva,  o meu primeiro carro? Quem sabe. Naquela noite eu não consegui dormir, pois, as imagens do exame, a chuva, as mulheres sendo reprovadas, eu todo molhado, mesmo assim, eu não parava de pensar no meu verde oliva.

Passei o final de semana pensando no meu primeiro carro de capota desbotada e enferrujada, e não via a hora de chegar segunda feira pra fazer uma pergunta pra meu chefe: — será que ele me venderia o carro? Cheguei mais cedo ao trabalho, de repente meu chefe chega também. Depois de três horas de serviço desconcentrado, tomei coragem e fiz a pergunta. Ele pensou um pouco e meio que constrangido disse: — 

— João, infelizmente, meu carro não está à venda, pois vou deixá-lo pra minha esposa que acaba (depois de muitas reprovações) de passar no exame. 

Muito triste, quase desolado e sem o verde oliva desbotado, eu continuei indo de ônibus pra minha casa por um bom tempo.

#JoãoCarreiraPoeta — 02/03/2020 — 12h

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Crônicas — "A Velha Máquina Olivetti"

A Velha Máquina Olivetti 

Não era no tempo do rei, entretanto, foi há muitos anos atrás, pra ser exato 1969, eu devia ter uns quinze anos de idade. Quem tinha curso de datilografia tinha uma profissão. Com muito orgulho, tive meu primeiro contato com as teclas naquela época.

Mas, o que eu queria dizer mesmo é que: — Quando se muda de residência, até nossa vida muda-se. É tempo de mudança e, foi assim na última que fiz, mexia-se em tudo, até no que não se devia, mexia-se, não podia ser diferente na mudança para o "Carmel". Empacotando o que era bom e utilizável, jogava-se fora o que não era e era descartável. Deste jeito esvaziamos a casa anterior.

Porém, de repente, no meio da bagunça total, achei algo incrível, algo fantástico, meu passado veio às pontas dos dedos, do coração e d'alma, a minha primeira máquina de escrever, estava muito bem embalada, porém, verdadeiramente, esquecida. Este encontro meu e dela, revolve, folhear páginas viradas e praticamente, esquecidas do livro de nossa vida, nossa história. Paro um segundo e, fico fitando-a (como se fita o primeiro amor), retiro-a da caixa e, suavemente a coloco em minha mesa, sento, continuando a olhar cada detalhe, cada letra, fico pensando quantas letras eu teclei, quantas palavras formei, quantas cartas, quantos contratos [...] Um filme passou na minha cabeça; quantas “decas”, quantas “dics” e relatórios preenchidos. E digo mais reiterando que: — Hoje abandonada num canto, visitas somente, de insetos, mas no passado ela era a "vedete" visitada todos os dias e até noites, era minha companheira nas madrugadas frias de imposto de renda, eu teclava nela sem parar, minha amiga companheira, descrevê-la, de que maneira? É uma máquina que trabalhava vinte e quatro horas sem parar, não me cobrava salário, nem férias, muito menos décimo terceiro, horas extras. Indenização? Nem pensar, nunca me levou às barras do tribunal, Além disso, era fantástica essa minha amiga companheira do passado, ela tinha uma impressora ligada ao seu teclado, mas assim, ligada direto sabe, bastava teclar e já imprimia de imediato na folha de papel A4, sem fio sem nada, ela era maravilhosa, eu ia escrevendo e ela imprimindo, dava pra ver na hora a impressão letra por letra; Não tinha essas coisas de ligar e esperar hóóóras entrando no computador, escrevendo na tela branca do Word, salvar, comprar uma impressora e mandar para a impressão, não, não tinha nada disso, era impresso instantaneamente. Pra que estabilizador, pra que comprar cartuchos caros pra quê? Era muito legal (mas, esquecemos-nos de tudo), não tinha nem que colocar na tomada; É verdade, você está duvidando, mas, eu escrevia direto na folha da impressora; O único problema é que era fonte única, não tinha como aumentar o tamanho das letras, mas até aí tudo bem, pra que aumentar se o tamanho era e ainda é padrão? Doze.

Mas, de repente, fiquei pasmo por ter trocado tantas coisas boas do passado, pela correria e modernidade do presente, no mínimo preciso e vou arrumar um lugar de destaque na minha nova casa e, colocar a minha velha, mas fantástica "OLIVETTI".

#JoãoCarreiraPoeta. — 02/02/2020 — 23h

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Crônicas — "Megacena"

Megacena 

Certo dia estou calmamente andando em um shopping, quando de repente, para em minha frente um senhor que, aparentava uns trinta e cinco a quarenta anos de idade, cabelos meio que querendo mesclar o branco com o preto, seus olhos eram espertos e negros como a noite, rugas começavam a surgir na face, mas tinha um ar jovial, tinha uma barriga avantajada que, mais adiante eu descobri o motivo, ele grita: —

- Doutor Carreira?

Sim. Exclamo eu, em que posso ajudá-lo e, de onde me conhece?

Ele rapidamente, diz ser Teodoro Bebedouro (estaria seu nome ligado à bebida?), um dos meus inúmeros seguidores nas redes sociais e que, reverencia o meu trabalho como trader, coach e diz ser minha escrita muito boa deixando-o de boca aberta. Eu meio que sem jeito agradeço, mas, ele insiste: —

— Doutor aceita tomar um cafezinho, um cappuccino, ou algo mais forte comigo?

Sim. Aceito, ainda tenho algum tempo, pois, estou com um compromisso para daqui uma hora.

Durante o café, ele contou-me (resumidamente), um pouco de sua vida, mencionando já ter ganhado na loteria algumas vezes. Brincando eu menciono que, ele devia ser um cidadão bem de vida? Ele responde: —

— Nem tanto, nem tanto Doutor, todas as vezes que ganhei, pouco ganhei, pois, muitos ganharam tornando o bolo pequeno para uma divisão com muitos ganhadores. Mas, gostaria de fazer-lhe uma nova pergunta: — Qual é seu entendimento sobre os ganhadores de muito dinheiro em uma "Megacena"?

Ele parecia ser uma pessoa do bem, (estava muito bem vestido), entretanto, qualquer um que passasse ouvia sua voz alterada (falava alto gesticulando), percebendo sua excitação. Enquanto eu terminava meu café, Teodoro já tinha degustado uma garrafa de cerveja e, já tinha solicitado outra. Resolvi resumir muito bem resumida a resposta de sua pergunta: —

Teodoro. Na minha percepção e estudos feitos por mim, entendo que, o dinheiro que vem fácil geralmente, ele não é valorizado e, tende a ir fácil também, estudos feitos sobre quem já ganhou (não uma "merreca") uma "bolada" na loteria geralmente, eram pobres e, ficaram ricos do dia para a noite assim como, ficaram pobres novamente. Você precisa entender que, uma fortuna precisa ser alicerçada na escalada de uma vida, é como construir uma casa com alicerce bem projetado dificilmente, essa casa ruirá, já uma feita sem o devido fundamento dificilmente, aguenta os ventos e temporais da vida. 

Finalizando, eu  continuei: —

A maioria dos ganhadores em loteria esportiva perdem tudo em pouco tempo, pois não tem uma boa gestão do dinheiro, saindo a gastá-lo a bel prazer.

Teodoro ficou em silêncio alguns minutos e, com uma voz bem fraca respondeu: —

— Dotô, sua fama corre mundo e, em poucos minutos, eu entendi tudo, todo o dinheiro ganho, perdi praticamente tudo, parte gastei com viagens, mulheres, jogatinas e parte na Bolsa de valores...

Teodoro era mais um que não valorizava o que tinha nas mãos...

JoãoCarreiraPoeta — 14/02/2020 — 11h

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Crônicas — "Caminhando Em Volta da Lagoa"

Caminhando Em Volta da Lagoa

Certo dia estava caminhando no lugar de sempre, em volta da minha lagoa favorita e, caminhando ouvia-se o pular dos peixes, as conversas variadas das pessoas que caminhavam, misturando-se com as dos que corriam, os de mais idade num passo lento e outros sentados nos bancos jogavam dominó, com um sol brilhante refletindo nas águas esverdeadas da lagoa. Era um dia magnífico, para correr, caminhar, jogar dominó, e, até jogar conversa fora, mas, de repente, um garoto de olhos azuis, esverdeado com tom acastanhado me chama tocando em meu ombro: —

— Tio! Estou a vender pipocas salgadas e pipocas doces, me ajuda, compra algumas?

O garoto era muito lindo; um cabelo aloirado, porém, judiado por falta de trato, uma camiseta branca rasgada que, de tão surrada estava até escura; seu tênis estava na mesma situação, porém, ainda estava furado; suas mãos eram fortes, mãos de garoto que não tem infância, que não brinca, sobretudo trabalha todos os dias. Pedi dois saquinhos de pipoca, um doce e um salgado. Ao nosso lado tinha um banco vazio, ele olha para o banco e diz: —

— Tio quer sentar, parece que o senhor está cansado?

Eu não gosto de interromper minhas caminhadas, visto que, parece tirar o compasso do coração e da pressão arterial, mas como resistir a um pedido de um garoto que, já não era tão estranho para mim, sentamos, o garoto era bom de prosa e começou a fazer várias perguntas: —

— Tio, o senhor vem sempre aqui caminhar? O que o senhor faz? O senhor trabalha em que?

Com muita paciência e carinho eu respondi todas as perguntas do garotinho e, fiz as minhas também, pois, queria conhecê-lo melhor. Ele contou-me que era órfão que, perdera sua mãe com dois anos de idade e seu pai foi-se para outro mundo quando completava cinco anos, disse sentir vaga lembrança de papai, porém, de mamãe quase nada lhe vinha à lembrança, falou-me com os olhos cheios d'água que fora criado por seus avós (que estão doentes) e que, sua família era somente os dois. Ao mesmo tempo em que proferia estas palavras fez um bico e, caiu num pranto que até eu comovido, chorei, entre lágrimas e choro ele atirou-se nos meus braços, ali ficamos um abraçado ao outro e, nenhum dos dois dizia nada, pois, tínhamos dois nós na garganta, um na dele e outro na minha. As pessoas que passavam não entendiam nada, um velho septuagenário, bem vestido, abraçado com um garoto mal trajado, sofrido e carente de um afago, carinho nem que fosse de um estranho. Comprei toda pipoca (doce e salgada) do garoto e disse: —

— Jorginho, hoje você não trabalha mais, o seu dia está ganho e garantido, venha comigo!

Sim, respondeu Jorginho, (Jorginho era o nome do meu mais recente e puro amigo). Fomos para minha casa, lá, ele tomou banho, dei-lhe roupas novas, sapatos novos e almoçamos juntos. Acho que Jorginho, nunca teve uma tarde como aquela, aqueles olhos azuis esverdeados com traços acastanhados, não tinha mais aquela nuvem de tristeza daquela manhã de domingo. Bem a tardezinha eu disse a ele que gostaria de visitar seus avós Jorginho explode novamente, num pranto que me assustou, mas disse: —

— Não se assuste seu dotô, pois estou chorando de alegria!

#JoãoCarreiraPoeta — 26/02/2020 — 22h

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