Gota


 
Gota de orvalho
Pende na folhagem

Gota de suor
Desliza pela face

Gota salgada
A alma extravasa

Gota de mel
Adoça meu dia

Gota de fel
Transborda o cálice de ira

Gota de tinta
Colore o papel

Gota de chuva
Cai lá do céu

Em gotas, cria-se a poesia
Es (gota)  assim, toda apatia!

Lilian Ferraz

04/10/2019

Poesia   Imperativa

Acorda este coração adormecido
que há tempos vivia sentido
por não crer no amor , está desiludido!

Desperta este coração receoso
faz ver ele que o amor bate à porta
Vai lá, atende aquele moço!

Abre este coração fechado
Sê uma boa anfitriã.
Capricha no vestido, use um batom
de tom mais alaranjado
e põe na face um sorriso bem largo.

Corteja o amado, pois lá vem ele,
com um uma flor na mão
e um empolgado coração
pra te ofertar, de bom grado!

Lilian Ferraz

18/09/2019

Setembrina

E, chegou Setembro...
Sempre colorido e festivo
com suas águas pluviais 
batizando de madrugada
o ciclo de uma nova florada
levando de Agosto, seus ais.

Ao longe, lá  na colina
desponta o sol, timidamente 
Sob a trégua da chuva
Rasgando a névoa silente

No olhar da flor menina
uma emoção  que inspira
em tons de rosa e violeta
São os laços de fita de Carolina 

No telhado uma suave sinfonia 
da chuva intermitente bem cadenciada 
faz ressoar uma canção convidativa 
Na esperançosa alma, ali maravilhada 

Na virada do calendário 
O dias mais animados e quentes
Pra quem faz aniversário 
Setembro  é  o melhor presente.

Setembrina, poesia
Que aqui se faz fluente
No mês que se inicia 
Numa escrita singela e fina
Fecunda o coração 
Criando diversas emoções 
Até dispensa a rima.

Bons auspícios virão 
Primavera que contagia 
Antes do outro verão 
Tardes feitas de purpurina 
e manhãs feitas de algodão 
Eu a mulher - menina
Amanheci,  Setembrina!

Lilian Ferraz

03/09/2019

Esse meu coração alado

Vive me deixando em maus bocados

Vivo eu, sonhando acordada

Querendo ser pelo eleito, amada!

Coração alado!

Coração desajuizado!

Me fez cair em pecado

E sofro eu, por te me apaixonado

Coração alado!

Coração avoado!

Sou eu refém, deste teu modo de amar

tão dedicado

aficcionado

atrevido

e abusado.

Tem dó de mim, ó coração alado!

Lilian Ferraz

Oficina Poética Imagempoesia

29/07/2019

 Pé Na Tábua



Trabalhei um mês , com um caminhão
Mas meu patrão, era um tal Manuel
Me pagou a conta e me mandou passear
Depois de xingar atrás do chofer.

Mas o homem tinha lá na sua razão
Com o seu caminhão lá no Tremembé
Eu dei em uma lombada e perdi o para lama,
Quando manobrei o carro em marcha ré.

Mas nessa vida tudo passa, e eu entrei na praça
Num carro de aluguel, trabalhava a noite toda
Quase todos os dias, num posto afamado
Na praça da Sé.

Eu tinha mania de velocidade, dentro da cidade
Eu metia o pé, o meu apelido era pé na tábua.
Não dizia nada, salvem-se quem puder!!!
Usava cabelo penteado, meu boné virado,
Mas sempre assanhado, quando via mulher
Eu pagava multa quase todo mês, tinha vez
Que pagava duas ou três.

Nossa vida veja como é
Hoje sou bom engenheiro, ganho um bom dinheiro
E sou sanfoneiro lá no Tremembé.



Autoria: Gloria Geralda Ferraz

15/08/2019



Homenagem a minha mãe, que gostava e, ocasionalmente, escrevia poesias.

Como nasce a flor do campo
Nosso amor também nasceu,
Como morre uma esperança
Nosso amor também morreu
O sol que vem do horizonte
Deixando outros dias para trás,
Vem trazendo tristeza e outras coisas más
Agora todo este sentimento
De tristeza e desilusão
Porque ele se foi deixando
Este pobre coração.



Autoria: Gloria Geralda Ferraz

15/08/2019

Homenagem  a minha mãe, que gostava e, ocasionalmente, escrevia poesias.

A vida tão desejada, cantada e festejada, se faz poética como um raiar do dia, quando nos enveredamos no querer que nosso coração anseia.

A vida seja ela animada ou entristecida, se faz rica e prolixa quer seja no silenciar da desilusão, no entoar de uma oração, no cantar de um doce canção ou naquele mantra de gratidão.

A vida é passageira, fazemos dela aqui com efeito, uma rica obra do Criador, com nossos desejos, anseios e fantasias damos a ela novas tons e cores.

No apagar das luzes, o tom, escuro e soturno...o silenciar de tudo...é apenas uma transposição de mundos, até que tudo novamente seja luz.

Na fantasia, na poesia, na alegria, na melancolia, na ousadia, na noite em sua magia, no despertar do dia, tudo enfim, cria espectros de uma alegoria que vivemos em cada instante desde que a Vida se inicia.

Lilian Ferraz

15/08/2019

CONVERSAÇÃO

Ah! Que saudades, amor meu!
Das conversas que a gente tinha
ficávamos a prosear sobre tudo
conversávamos sobre Deus
e sobre o mundo; de fantasias
diversas e temas atuais
misturávamos enredos dispares
e neste mote, tu criava as poesias
e eu, caprichosamente, as lia.

Sabe aquelas conversas deixaram saudades
O tempo ido, não volta mais
Ah! aquele nosso tempo, foi bom demais...
Tínhamos discordâncias
então faziamos criticas uma ao outro
e depois ríamos de tudo, feito duas crianças

Hoje, tu não estás mais aqui
Ficamos entendiados? Houve um marasmo.
O que aconteceu com a gente
que fez criar desejos em outras vertentes?
Nos distanciamos demasiado
E sabemos, ambos, com o coração pesado
num enorme vácuo... sem saber o motivo de fato.

Como queria estar contigo nesta hora
poder contar meus desejos infames
meus  sonhos indecentes
meus pesadelos mais recentes
queria ter você aqui
preenchendo meus dias tão carentes.
Sinto falta da nossa conversação
Sinto falta de ti,ó coração
Uma lágrima teima em rolar a face
quando lembro de ti e de nós, juntos,
e sofro com esta saudade
Dias e noites que se vão
Quisera voltar a fazer parte da sua vida
e ter novamente sua atenção
Reconquistar seu coração
E sermos de novo o casal de introvertidos
que além de amor e amantes, éramos amigos.
Renovar e mudar a situação
E dar um basta nesta desilusão!
Sinto falta da nossa conversação.

Lilian Ferraz

23/07/2019

Desavenças

Os poemas meus, estes dormirão ao relento
e a ti, ó alucinado Romeu,
darei meu voto de silêncio! 

Lilian Ferraz

09/07/2019

Graças

Acordo e agraciada recebo
a luz que invade meu quarto
e uma nova manhã anuncia
Graciosamente, o sol atrás dos montes
fulgura lá longe...
rasgando a neblina, com sua luz
que nos anima e contagia.
Graças por um dia!
me invisto desta aura mágica
que a chance de uma nova expressão
aqui se aviva.
Acalento o sabor que a vida neste momento
inspira
Ouço o cantar dos pássaros, ruídos matinais
que dão graça e valor a paisagem que o 
dia descortina.
Meu corpo se rende ao contágio 
e se espreguiça
Com graça, o bichano na sala faz
suas estripulias
enquanto esboço um sorriso
de cumplicidade com sua alegria
Sem alarido e nem exaltação,
numa silenciosa oração
dou graças ao dia que se anuncia
com fé e esperença
sendo as guias do coração.




 

Lilian Ferraz

Julho/2019





 

O Lavrador

O simplório lavrador

trabalha a terra

ara, cava, semeia,

faz a irrigação.

Com suas mãos calejadas

e sua sina ali

no cabo da enxada

Cultiva e não se angustia

com o amanhã

Se sonha? Talvez,

mas aduba as sementes

com sua fé inconteste

Mal sabe ele, o simplório

lavrador

que ali na terra que fecundou,

fez brotar a linda flor

num mundo seu, sem cor

Eu na poesia

não consigo com a palavra

expressar o

que ele fez  de belo e vivo

na sua lavra.

Lilian Ferraz

21/06/2019

Tantas em mim

Já fui um cisne
e na não aceitação
do meu ser
busquei inovação e poder,
me tingi de azul

Já fui uma donzela
Numa imagem florida e bela
meiga e suave com a brisa da primavera
me tornei musa de um tal poeta

Já fui a Mulher transtornada
que  no calor da emoção
Me perdia nas palavras exaltadas
fazia tempestade em copo d'água

Já fui a atrevida e lasciva
que nas linhas causava cobiça
faceira, sedutora, charmosa
Vivendo sempre de bem com a vida

Já fui tantas
nelas meu eu se superou
Agora sou apenas a mulher
imprevisível e sensível
que ainda crê no amor
que um dia nas linhas da vida
o destino pra mim desenhou 

Lilian Ferraz

14/06/2019