SONETO DA TRISTEZA INFINDA
Medita o bardo em silêncio profundo...
Na tarde opaca dum dia sem cor,
sua alma chora um revés sem rancor
e o coração se afoga em lago fundo!
Cada uma lágrima é pingo de dor,
cada suspiro é lamento rotundo,
e só tristeza povoa seu mundo,
já desprovido do fado do amor!
Sua alma é noite escura de saudade;
porém, no fundo, uma luz que é sem par
traz a esperança de novo porvir, pois
que a tristeza, embora possa durar,
é passageira como a tempestade
que destrói, mas traz beleza depois!
Nelson de Medeiros