Eu não sou nada
Não sou o que penso ser
Sou tão inconstante
E no percurso da jornada
É que eu percebo
O quanto me deixei por fazer
Vivo tentando pegar
O curso da minha infância
Procurando me lembrar
Das poucas coisas que fiz
Não dá cem metros rasos
Porque o cansaço me alcança
E como buscar o fôlego
Sem o sopro das lembranças...ah!
E da minha juventude
Perdi o trem da alegria
Barganhando com a sorte
Sonhos que não realizei,
E quanto ao tempo, eu sei
Me debrucei em vaidades...
E aquele cara que eu fui
Não mudou quase nada
As atitudes são as mesmas
Não há o que vencer... O que, quem?
Eu guardei boas lembranças
Das vidas com quem cruzei
Sem se dar conta de mim
Do que quis, fui, eu não sei
Eu só sei do que sei e o que ontem fui
Será assim amanhã e depois de amanhã
Com um pequeno reparo
O tempo me pôs de bruços
Galho velho e cansado
Flertando com a alegria
Talvez até pra que eu possa
Num flash de luz me lembrar
Um pouco mais do que eu fiz...
Das lembranças do que eu era...
Antes que alguém me conte, ou
Quem sabe, até.... Apenas, contem-me.
(Petronio)