Vazio...
Espaço vago sem noção do tempo,
E o tempo preguiça,
Teima em não prosseguir...
A mente vegeta no esforço do nada,
E o “nada” obscuro, projeta-se no vão,
Onde a esperança é mera assombração...
Vazio...
De mim, de nós, do tempo...
Ricardo Sales.
Emoção ao rever tuas fotos,
Eu sentado em teu colo querendo teu olhar,
Só para ter tua atenção,
E dizer: eu estou aqui com você.
São memórias infinitas
Guardadas com carinho,
São momentos que jamais terei,
São momentos mágicos,
As vezes penso que são frágeis,
Com receio de te perder no tempo,
Com os afazeres do dia a dia,
Já nasce o dia e não tenho tempo pra você
Mais suas lembranças serão eternas e ternas.
Você ouvindo Martinho da Vila,
Tomando cerveja,
E eu hoje te agradeço por gostar de samba.
Só na poesia eu te vejo,
Através das palavras te enxergo,
Nos versos fico perto de você,
Trago comigo o amor pela vida,
Se viajo pela inspiração,
Porque quero te lembrar,
E teu nome Tiago,
Sempre, sempre,
Ficará eternizado em minha memória,
Sua história,
Não foi em vão,
Ela ficará para sempre,
Em cada brisa do entardecer,
É porque nela vou adormecer,
E quem sabe sonhar com você.
Ricardo Sales.
Observava-te sempre por perto,
Andando sem rumo certo,
Sem se importar, sem ao menos me olhar,
Sem se incomodar com o certo e o errado,
Sem se perder, sem se achar.
Está sempre presente,
Estais em meus pensamentos,
Estais, mesmo estando ausente,
Estais em todos os momentos.
Vou mandar meu pensamento,
Ir de encontro ao teu, sorrateiramente,
Quem sabe fica sempre presente,
Como marca, infinitamente.
Ricardo Sales.
Seja bem-vinda
A esta fértil vida
Que habita teu ser.
Germinar-se no fundo d’alma,
E na lágrima uma gota perdida,
No vão do nada chorando a vida,
Encrustada num soluço estático.
Germinar-se,
Na pureza de uma gota
Amarga da vida,
Vida seja vida,
Diante do teu reflexo,
E afaga teu suor,
Meticuloso, escorregadio.
Germinar-se,
Conforme a forma
Que a ti cabe.
Ricardo Sales.
Quero falar, mais estou mudo.
Quero ouvir, mais estou surdo.
Quero andar, mais minhas pernas não se movem.
Quero olhar, mais estou cego.
Quero acenar, mais não tenho braços.
Quero sentir, mais estou demente.
Já não há mais nada a fazer,
A não ser pensar,
Que o mundo e eu nunca existimos.
Mais esperem!...
Descobri que sei pensar.
Então meu Deus!
Já vale a pena existir,
Pois é raro o dom de (pensar).
Mais eu penso! Eu penso!
Hei de fazê-los perceberem que estou vivo.
Pois estou pensando.
Por isso vou lutando,
Acima de tudo vou amando,
Amando até os que riem de mim,
Pois eles não sabem de que jeito acordarão amanhã de manhã.
Ricardo Sales.
Vi você caminhando,
Lentamente a vagar,
Tal como uma folha,
Que sem destino se deixa levar,
E na imensidão dessa solidão,
De tantas recordações,
Deixa-se flagrar,
E como vítima se deixa acuar,
Sem se importar,
Dos infinitos motivos,
Que a levaram a se condenar.
Vi você,
Em contraste com o tempo,
Feito trapo de gente,
Tropeçando na mente,
Corroída pelo tempo,
Que já nem sente o suor sujo e morno,
Lavando ingenuamente todo o corpo,
Marcas visíveis que o tempo,
Sem piedade a massacrou,
E tão cruelmente a deixou,
Como um simples caso de amor.
Ricardo Sales.
Estou só...
Ouço meus próprios murmúrios,
Lastimo as minhas lamúrias,
Só me resta às sobras,
Sou mais um, hipócrita,
Despercebido, ninguém me nota.
Fico bisbilhotando cada passo que passa,
Ouço suas mentes, penso...
Em que mundo eles estão?
Não, não é sonho,
Deixei de sonhar,
Sou expectador desta vida.
Logo vem o entardecer,
E assim, o tempo me ver passar,
A noite logo vem me envolver,
Seu manto escuro me apavora,
Meus medos de ontem,
Ou talvez os de amanhã, afloram.
Pra não sentir mais meus medos,
Quem sabe, criaria asas e voaria,
Seria talvez um anjo,
E a liberdade de cada um, zelar,
Ou da minha própria, sei lá.
Lá de cima,
Vejo-me solitário das minhas incertezas,
Sentado em um muro qualquer da vida,
Me pego esmiuçando meus segredos.
Quem sou eu? Louco talvez? Quem sabe?
Pra tirar-me desse desassossego,
Lá do íntimo do meu arremedo,
Nunca mais meus desmazelos,
E minhas decadências.
Sóbrio, volto de onde estava,
Para onde nunca deveria ter ido,
Mais quem sabe um dia eu volto pra lá.
Por quê? Pra quê?
Não sei...
Ricardo Sales.
Que cheirinho gostoso que você tem,
Que cheirinho cabocla,
Que dá água na boca,
De onde que vem?
Teu cheiro morena,
De moça donzela,
De cravo e canela,
De terra molhada,
De mulher amada.
Teu cheiro morena,
Vem da pureza do orvalho ao amanhecer,
Do reflexo do mar ao entardecer,
Da alma que ilumina todo teu ser.
Vem da tua pele de menina que é só minha,
Da tua seiva desejada e ultrajada,
Do eterno brilho do luar,
Do teu jeito inconfundível de amar.
Ricardo Sales.
Um amor quando começa,
Ele aflora tua autoestima,
Uma luz clareia tua alma,
Um coração transborda de intensa magia,
Uma vida se enche de alegria,
E a felicidade preenche o teu dia adia.
Um amor quando termina,
Esvai-se a outrora autoestima,
Um vazio preenche a alma,
Um coração se enche de mágoa,
Uma vida se torna vazia,
E a felicidade triste se refugia.
Ricardo Sales.
Sou eu quem passa por ti,
Te olho te querendo despi,
Desejo ardente sem fim,
Sou eu quem implora por ti.
Sou eu quem vela teu sono,
Defendo teus sonhos e planos,
Te guio ao caminho mais longo,
Sou eu o amor chegando.
Sou eu o teu enfado,
O suor do teu cansaço,
Teu orgulho e vaidade,
Sou eu o amor de verdade.
Sou eu os teus pequenos passos,
Teu incansável anjo da guarda,
Teu sossego ultrajado,
Sou eu um cântico no espaço.
Sou eu o teu tudo,
Desta vida,
Que pouco recebe.
Ricardo Sales.
Vivi...
Amei e fui amado,
Cultivei flores,
Admirei o amanhecer e o entardecer,
Fiz poesias,
Ainda que crua,
Iluminado que fui pela lua,
Mais vivi,
Junto contigo minha vida,
As vezes somos parceiros,
As vezes te esqueço,
Outras não te reconheço,
Mais confesso que com você vivi.
Vi a flor numa vida,
E a vida numa flor,
Quem dera teu sublime perfume,
Fosse meu mensageiro,
E falasse do meu amor,
Só para não te esquecer,
E tuas lembranças,
Vão sempre me aquecer.
Vivi...
As vezes entre as incertezas,
Mais também busquei
Nas madrugadas solitárias,
Muitas vezes tive ilusões,
Do verdadeiro amor,
Outras vezes só restou dor.
Vivi...
Nem sempre viver é ver,
O que está tão próximo,
A cegueira te domina,
E mina teu domínio,
A vontade escasseia,
E a vida que é tua dona,
Te abandona,
Vive a mercê,
Solitário me agarro,
Ao frágil fio,
Na esperança a transformo,
Em aço,
Só assim me acho,
Me idolatro,
Sinto o sabor de mim,
Sou o lastro da vida,
Mais confesso que mesmo assim,
Vivi...
Ricardo Sales.
Escorregando lentamente,
Meus leves dedos suavemente,
Pelo teu alvejado dorso,
Inusitado, puro e dócil,
Como que dedilhando em transe,
Um teclado de um piano,
Uma romântica música de Tom Jobim,
E furtivamente alcançar,
Em êxtase tua imaculada flor,
Meu sagrado objeto de desejo,
Há! Como faz bem a um poeta,
Dedilhar assim intuitivamente,
Um lírico e doce poema.
Ricardo Sales.
Desculpem...
Estive ausente,
Mais minha mente,
Sempre com vocês esteve presente.
Aos poetas e poetisas,
Jamais um poeta esgota sua imaginação,
Sua veia poética sempre germina,
E cresce no coração.
A poesia se alimente de palavras,
E elas constroem e edificam,
Versos e trovas de misturam.
Assim nasce a poesia,
Que Alegria,
Sou poeta, sou feliz.
Ricardo Sales.
Um olhar,
Um simples olhar,
Profundo,
Enigmático,
Querendo um carinho,
Querendo um ninho,
São olhos,
Lagrimejantes,
Querendo amar,
Querendo fincar,
Infinito olhar,
Pecaminoso,
Ativo azul dos teus olhos,
A cor do mar,
De amar,
Ser teu dono,
Fincar,
Desejos,
Paixão,
Deixar meu coração,
A tua mercê,
Porque sou teu,
Somente teu,
Amor...
Ricardo Sales.
Perdoar...
Um ato de amor,
Um sinal de que sabes amar.
Amar...
Não é simplesmente admirar um sol nascer,
Germinar uma flor e vê-la florescer,
Perplexo, ver um lindo entardecer.
Perdoar é algo imaginável,
Está encrustado em tua alma,
É algo natural,
Nasce dentro de você,
E sem você perceber,
Você o estar concebendo,
Nada é forçado,
Não é planejado.
Perdoar...
Não é simplesmente um estado de espírito,
E nem se sentir um bem estar,
Por que fez um gesto bonito,
Que todos vão de admirar.
Perdoar...
É um sentimento profundo,
É um ato de pura sensibilidade,
De extrema necessidade de se fazer felicidades,
Sem amor um coração,
Jamais dará perdão,
Um deserto sem oásis,
Uma vida sem alma.
“Perdoem, eles não sabem o que estão fazendo”.
ELE, surrado, humilhado e crucificado soube perdoar,
Então sejamos humildes humanos,
Um perdão vale mais do que mil ações,
Não pecamos por omissão,
E nem deixe seu coração livre desta ação.
Ricardo Sales.
