Posts de Robert Ramos de Oliveira (6)

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A peste em mim

A peste veio me visitar

Minha mente em moléstia, margeia os gritos do meu silêncio

Sou pecado, eu sangro em diferentes tons, sabendo que, de sede vive meus tormentos.

A luz tem um lado tão escuro, a vela de sétimo dia queima, regressivo se torna os instantes.

Dou um gole na água empoeirada, e o tempo passa até para as portas que rangem sua idade.

Percebo em loucuras, o quão normal é queimar a febre, vomitar os sintomas de tempos ruins, e versejar o que só eu entendo.

A peste vem de madrugada, as baratas se alimentam na pia, algo me prende na cama, me sufoca em Lençóis e me apaga, como se eu já não soubesse de tudo.

Certas noites, cai em oceanos profundos, cada um com seu frio peculiar, futuros e desejos, mas meu vinho não salga quando afundo.

Levanto pra mijar, titubeando , e excitado

Ascendo um cigarro e agarro um lapiz, imitando inspirações de bukowski, mas escrevo na tela do celular.

Utilizo minha época, e meus demônios, para sentir que sangrando, tudo é real, tudo é leve e pesado ao mesmo tempo, lágrimas como chumbo, facadas como brisas da manhã, e por ai vai.

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Renascimento de um poeta

"Aquele amor morreu, só não consigo enterra-lo"

 

Estava escrito naquele papel

escondido debaixo das calcinhas, dentro de sua gaveta. 

 

E ao ler aquilo, me senti pequeno

dos versos tão trabalhados que tento escrever

a simplicidade daquele, me deixou boquiaberto. 

 

E ela sempre me disse que não era inteligente

que não era nenhuma poetisa

aquilo me fez pensar.

 

"Minhas palavras bonitas não dizem nada

são apenas ruídos escritos

letras antigas que ninguém mais entende".

 

Uma linguagem fora de época

tentando imitar e filosofar ,como gente que nem conheço

e mal dominando o português correto na boca.

 

Como posso passar meus sentimentos 

descreve-los com palavras que ,já foram ditas por outros escritores

mas que só eu vivi?

 

Não posso usar suas bocas 

para beijar as mulheres que irei amar na vida

e nem ver com olhos voluptuosos, de alguém que chorou por motivos contrários aos meus.

 

Seria como doar algo, sem ter para dar

amamentar os filhos, com amas de leite e água

crescer e se reproduzir , reciprocar 

sem aquilo, com o que trocar

 

Lendo-a, percebi que meus versos são escuros 

cheios de firulas , e que se esquecem de, me transmitir em suas linhas

são como dançar na frente de um cego, esperando aplausos fervorosos.

 

Confesso que ler aquilo, foi um tapa na cara

uma borracha em tudo, o que há de concreto em mim

achei maravilhoso, mesmo com a modéstia, de ser o protagonista

sem saber que cabia num verso só.

 

Fiquei extasiado e perplexo, admirado com a caligrafia 

fina e solene , enquanto a minha é borrada, como receita médica

é tremida e mal compreendida, mas necessária para poder me dopar.

 

Senti em meu âmago, um estreitar de vontades escondidas

daquelas que temos, de engolir de volta a seco

lendo um verso final, se tornar o epicentro de coisas vividas

 

Tão puro e categórico, como ver o próprio cariz 

trombar-se com o peso da negação

frente ao espelho... como eu fiz. 

 

Lendo-a, me perguntei como alguém pôde me descrever

tão bem, melhor até do que eu mesmo?

a resposta estava escrita, em palavras de quem nunca quis

ser uma poetisa.

 

Então eu dobrei o papel, e fechei a gaveta

e naquele largo silêncio do quarto

eu renasci... de um texto de gaveta.

 

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Até você aparecer

Pausar-me a mente não tens o dom 

nem a navalha da tristeza 

ó tristeza

não me tira o que é bom

 

Aqueles olhos verdes, que de noite é tão lindo

nem passos estranhos

de estranhos

deles indo e vindo

 

Não me tira o desejo medroso nos lábios

nem a garoa gelada e fina

que cai e te faz menina

dona dos meus sorrisos 

 

Ela é pequena , de cabelos longos

mãos cheirosas...macias

em tímidas carícias

me abraça os ombros 

 

e me faz perder

o jeito que tentei ser

a vida toda dura

até a chegada tua.

 

 

Minha pequena o que você tem?

que me prende em fantasia

como a canção que eu escrevia

esperando alguém que nunca vem...

 

até você aparecer.

 

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CPP