Posts de Marcia Portella (83)

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Anjos de verão

 

 

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Anjos de verão

A tarde cai quebrando
em cores  esparramadas.
 
cantei sua ausência 
em poemas com a alma 
encolhida no  momento que
seguíamos à deriva 
 
flutuamos lado a lado sem asas
como anjos de verão de mil
maneiras diferentes,em um
mundo sem memórias,
ouvindo um sino que soava
 distante,vago, em lembrança final.
 
 
Marcia Portella_Go
Imagem_Pinterest
 
 

 
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Por onde passo

 

 

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A rua tem memórias que se

 assentam como uma névoa que

 perdura muito depois de ter sido

 soprada ao tempo.

 

Vozes do passado fincaram raízes

em sua antiga fundação.

São sussurros que descem como

musgo nas calçadas e paredes

 das casas antigas.

 

Há uma cafeteria na esquina.

Uma casa estilo Déco com portas

almofadadas e floreira apinhada

de crisântemos coloridos

 Uma igreja de nome Santa Luzia

 triste como de costume.

 

O antiquário do outro lado da rua

 fechou e uma placa na vitrine escura

 informa; Aluga-se.

 O sol bate em cores na calçada: formando

 um halo vermelho azul, púrpura com o dia

 criando vida com as mãos estendidas. 

 

Janelas abertas vibram em lembranças

desatando recordações que dançam

vaporosas ao ritmo das cortinas rendadas.

O ar quente do verão levanta pedaços

 de papel que se elevam delicados,

 rodopiando rasteiros e graciosos na calçada.

 

Pássaros voam acompanhando o vento numa

 espécie de ritual ao encontro do horizonte

Nesse instante sinto o amor que eleva os homens

 a altura dos anjos.

Essa é minha rua que está sempre guardada no

silêncio entre portas e janelas que se fecham

arrematadas por bordas de sonhos e nostalgia.

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Sublimação

 

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Sublimação 


Com suavidade movimentam-se
em volta um do outro brincando
de amar extasiados com o colorido
da primavera...


Velhos pecados florescem novamente;
levando suas essências a se unirem
como seda tecida em milhões de teares...


Juntos, ouvem flores desabrochando
no campo; deitadas pelo vento
em suave despertar flutuando
em um abismo luminoso e profundo.


A respiração torna-se leve cantante
como a voz dos anjos levando
o amor florescer suave, amante uno;
um hino encantado singrando
delicado e sedutor no canto do vento.


Marcia Portella_Go

Imagem _Lauri Blank

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No escuro

 
 
 
 
 
11036125076?profile=RESIZE_400x
 
No escuro
 
Às vezes tenho a sensação de estar tateando no escuro,
num sótão cheio de coisas velhas,sem conseguir
entender o real significado dos objetos que foram
largados ao longo do tempo por pessoas que,não conheço
e sobre o qual não fui capaz de descobrir nada
realmente significativo.
São lembranças impiedosas que percorrem 
como uma onda triste de música ativando a memória 
que  assenta como um sopro de saudade;
despertando vozes do passado em acusações
resentidas como penitências.
Elas persistem por ser a penitência
sentimento duradouro.
Talvez no final eu encontre uma luz trêmula; 
um rasgo minúsculo de tempo-espaço na poesia 
derramada
 
Talvez!
 
 Marcia Portella-Go
Imagem _Pinterest
 
 
 
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Senhora

 
 
 
 
 
 
10739417465?profile=RESIZE_400xSenhora
 
Senhora, dá-me atenção nesse instante 
de oração em que a vida surge por inteiro
 e o dia se abre de luz.
Rogo que acalme minha alma repousando
suas mãos em minha fronte retirando a febre
que abate meus sentidos.
Livra-me dos caminhos tortuosos elevando
 meus pensamentos aos guardiões da paz,
 tirando-me do estado conflitante com  
os mistérios da vida.
 Me ensina a voar em direção à luz que
 emana dos anjos confortando minha alma
 que clama por sua benção. 
 
Marcia Portella_Go
imagem_Pinterest
 
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Momentos

 
 
10444164067?profile=RESIZE_400x
 
 
Onde estás neste momento 
 em que a melodia cria asas
 e dança no infinito da saudade!
Onde o instante é ilusão apagando
 caminhos esquecidos como 
 uma conta no colar do tempo
 preste arrebentar voando 
...como pequenos pássaros
que acompanham o recorte 
das falésias.
 
Marcia Portella_Go
 
Arte_Viktoria Prischedko
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Onde estão as flores!

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Onde estão as flores!
 
Eram de todas as cores lindas
ainda em botão.
Não mais existem.
O jardim foi destruído por bolas
  de fogo vindas do céu sopradas
  por um dragão alado;lenda que
  tornou-se realidade cruel.
A jardineira tenta encontrar
entre pétalas caídas uma
  única flor inteira e no enlace 
 ... colocar no aconchego silencioso
 de suas entranhas essa vida
arrancada por insanidade e poder.
Com suas lágrimas tenta lavar a terra
mas o vermelho do sangue que escorre
é mais forte que o branco da paz.
Tudo vira lamentos e a pergunta: onde
estão as flores?
Quando a força do dragão acabar 
e seu fogo apagar restará a  lembrança
de uma passagem sombria onde todos
são perdedores e uma  pergunta
 pairando no ar:
Onde estão as flores!
 
 
Marcia Portella-Go
 
(Rogamos paz para que rebrotem flores na primavera)
 
Arte pinterest sem autoria
"nenhuma violação de direitos autorais pretendida".
 
 
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Chuva

 

9994002284?profile=RESIZE_400xA chuva entrou no silêncio

escorrendo em gotas mudas

de natureza chorada.

 

Brilhante gelada e doce

desceu do santuário em

nuvens dissolvidas pingando

...germinando vidas.

 

Terra molhada onde um dia

repousarei meu corpo liberto

alma libélula leve livre

no espelho das águas.

 

 

Marcia Portella_Go

Imagem_Pintereste

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Ele

 

9739407082?profile=RESIZE_400x

Ele viaja por minha casa
como se fosse sua.
Traz a paixão ardendo
entre os vãos da noite...
Bebe meu vinho,
Ouve minhas músicas,
Revira  minhas gavetas,
Esconde seu retrato,
Abraça meu silêncio,
Vai embora deixando
uma dor avassaladora_
uma sombra, que
deslocou do corpo
deixando uma mancha
Na parede....

 

Marcia Portella_Go

Imagem_Pintereste

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Sombras bailarinas

 
 
9611077694?profile=RESIZE_400x
 
Mesmo que você passe
como a neblina fria
por planícies esquecidas
receberei seu calor...
 
Quando sua sombra
escondida no aquário
da memória me tocar
serei verso soluçante
entre flores cristalizadas
no frio da madrugada.
 
No encanto desse amor
 infinito adejando em sonhos
engolida pela noite serei
 mancha devorada pela 
bruma dançando entre 
sombras bailarinas...
 
Marcia Portella _Go
 
 
Arte_Anna Razumovska
 
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Sonhos antigos

 
 
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O céu está cinzento: uma chuvinha de verão pinga das árvores,

das calhas dos telhados.

Lá fora o vento em pequenos soluços, um quebrar de ondas distantes.

 A mulher na sala olha para as pequenas galáxias que vão

se formando na vidraça desmanchando contra a luz do sol.

Acende uma vela perfumada e uma corrente de ar atravessa

na sala como um fantasma fazendo a chama do pavio tombar.

Pega o copo de vinho aperta entre os dedos leva até os lábios

observando a dança das sombras na parede à sua frente.

Ouve a respiração profunda da cidade onde milhões de sonhos

se entrelaçam para formar uma bola gigantesca que sobe 

lentamente para o céu pronta para estourar a qualquer momento

no mundo de ...sonhos antigos.

 

Marcia Portella_Go

 

Paiting_Francine hove

 


 
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Sem atalhos

 

9307487056?profile=RESIZE_400xSei que não volta mais,

partiu silenciosamente sem que 

 seus olhos vissem minha dor.

 

Meus cabelos bastos rarearam,  

 ...e muitos anos atravessaram a estrada

  do meu corpo que trava uma guerra

 dentro de mim.

 

  Meus sentimentos investem em batalhas

 violentas e bravamente sonhos

 morrem deixando suas tumbas tatuadas

 em dores em minha pele.

 

Sinto-me frágil, cansada e perdida  

...arrastando minha alma que afoga em um

 poço de dor onde continuo vivendo 

  amando e ao mesmo tempo ...morrendo.

  

Marcia Portella_Go_

 

(30/08/2018)

 

Art_Zzzele Paper

 

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Jazz

 

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Notas ressoam em pálida

 vibração audível 

  deslizando nos sentidos em

  leve roçar de murmúrios...

Acordes fogem da harmonia. 

 Sons crescem descompassados  

 Ecoando desejos em...

 fôlegos esparsos.     

  Notas suaves serpenteiam 

  arpejos embriagando sentidos.    

 corpo canta, sibila prazer

 soando em ritmo afinado.

 É música noite adentro. 

 No descanso...

um jazz sonolento. 

 

Marcia Portella_Go

Lady jazz_Loles Romero

http://marciaportellago.blogspot.com 

.

                           

 

 

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Borboleta cega

 
 
8755816699?profile=RESIZE_584xE a  noite chega como uma farsa.
Num instante, ela se insinua como uma parceira
 alquebrada de uma esplêndida aliança fria e 
exigente de um passado nem sempre cálido
sendo assim,prefiro manter  lembranças não
 importa o quanto dolorosas sejam.
Às vezes as uso como os religiosos usam
os cilícios:são abrasivos e você os amarra
 em volta da cintura deixando marcas que vivem
 e morrem na solidão lembrando que, o amor
   é uma poção transformadora mas às vezes é uma
  obsessão;uma borboleta cega que voa batendo em
 cercas e muros,varrendo o ego para longe da realidade
como se fosse um balão que alegremente, 
plana em direção ao sol.
 
 
Marcia Portella-Go
 
Imagem_Pintereste
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Versos mudos

 

8653591279?profile=RESIZE_584xAmar em versos mudos

Ser página em branco

Colher lágrimas para que

Seja tinta, imprimir no papel

 Para que leias.

Serão letras delicadas, matizadas

De violeta para um poema

Melancólico que seduza a mente

Para cobrir de pele e erotismo.

Estarei à espera desenhando sonhos

 Em doces suspiros de saudade que

Irão estender-se como o deserto.

Talvez sejam versos de tempo vencido

De quem amou demais e cantou esse

Amor como há muito não se via

...Nas entrelinhas de um poema.

 

Marcia Portella_Go

Imagem_Ewa Huauton

http://marciaportellago.blogspot.com 

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Deusa louca

 

 

 

8378913264?profile=RESIZE_400x

 

Cansada de ficar solitária ante tantos desditos, saiu em uma tarde

como uma deusa louca.

Despenteada em gritos roucos rasgou sua roupa e na desdita sina de ser

  sombra que  escorria nos muros,entrou nos bares à procura dos boêmios

onde o aroma de tristeza pairava no ar em perpétuo luto.

Riu de forma escandalosa e ninguém ouviu ou sentiu sua presença.

Cantou sua música preferida, dançou e chorou.

Saiu fazendo reverência a plateia muda e de repente na porta, um sorriso

flutua na sombra de um rosto.

Todos os ossos iluminados, e os olhos melancólicos em perene solidão.

Ele a viu e acalentando seus dissabores, amores, dores e solidão escreveu

seu mais belo poema  para a deusa louca  de nome...Poesia.

                                                                            

 

                                                                                                                                                                   Marcia Portella_Go

Imagem_Ewa Hauton

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Libélulas

 

8286443683?profile=RESIZE_584xSomos libélulas livres do casulo

 Alcançando voo, fugindo da escuridão.

Temos asas frágeis e transparentes

Que explodem em energia 

Somos magia, mistério e fascinação.

 

Nossas asas enfraquecem com 

O peso da realidade.  

Temos alma mística e compaixão.

 Nos comunicamos com o mundo

  Transcendental com a leveza

 Impregnada em nossa composição.

  

Viemos em busca da comunicação

  Onde possa haver intimidade,

 Cumplicidade e transformação.

  

Na boca da noite, somos atraídos 

Pelo brilho fictício da luminosidade

E na busca incansável da 

Imortalidade, nos debatemos em 

chamas agonizantes.

  

Marcia Portella_Go

 

Imagem_Marina Podgaevskay

 

http://marciaportellago.blogspot.com 

 

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Na janela

 

 

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A senhora na janela tem a pele branca que destoa de todo o mobiliário antigo do salão, parece uma personagem saída de um filme noir dos anos quarenta.

Sua  sombra se estende no carpete como se quisesse se libertar. 

Tem sete meses que ela vê o mundo por sua janela ouvindo lamentos das perdas através das paredes.

 Às vezes se sente aprisionada como uma matrioska aquelas bonecas russas onde uma, esconde dentro da outra. Olha a praça vendo os contornos do salgueiro inclinando-se sobre a água de uma pequena fonte lembrando uma linda pintura pontilhista.

Ao longo da rua as sibipirunas enfileiradas parecem uma procissão de flores amarelas.

O céu de um azul luminoso tem pequenas nuvens brancas que logo somem dando a impressão que de repente um aspirador de pó passou e fez a limpeza matinal. A cidade desperta aos poucos: a rua estaria vazia se não fossem os gatos-pingados que passeiam com seus cachorros e o dono da delicatéssen que abre um fardo de jornal.

 Alguém toca um fado antigo que corta sua carne, deixando uma cicatriz de nostalgia jamais satisfeita quase uma ferida à espera que

alguém venha para abrir as portas como se fosse afastar uma pedra de uma sepultura.

Uma sirene passa, uivando aflita invadindo a luz vermelha do semáforo que parece com o olho de uma criatura malévola.

Tudo é uma fúria de cores, um tumulto de sons amenizado pela chuva que chega com seus fios lavanda e prata com o vento farfalhando as cortinas ali dentro.

Ela, com seu encantador descontentamento de harém, seus véus de infortúnios e olhos brilhando ironicamente, fecha a janela e volta a sentir-se uma matrioska.  

 

Marcia Portella_Go

07/11/2020 

 

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