12 de outubro - Crônica da Saudade

Quando eu era criança, era sonhador (e talvez o seja um pouco ainda). Ia à estação dos trens de ferro da NOB – Noroeste do Brasil, àquela época muito movimentada. E me debruçava junto à velha e enorme mangueira que por ali reinava, vendo o trem a sair lentamente da estação. E ele resfolegava, lançando as longas espirais da escura fumaça, vinda da incandescente fornalha. E, apitando, sumia-se na curva da fábrica da Anderson Clayton. Eu dizia-me: Ainda “monto” neste trem, no banco da segunda classe, e vou pra Bauru. E depois pra São Paulo. Quem sabe mais longe ainda. Vou conhecer o mundo. Bem, na verdade não fui tão longe, mas dentre os destinos até onde cheguei estava Aparecida, a terra da Padroeira. Não fui com o trem de ferro, que na Central do Brasil já fora substituído pela locomotiva a diesel. Fui “de Pássaro Marron”. Fiquei pouco tempo por lá, mas o suficiente pra ajudar – num pouquinho, um mínimo que seja – na construção do Santuário. E, ante as torres ainda inacabadas, eu me via da mesma forma que em Birigui, defronte à estação do trem de ferro, a sonhar e, enlevado, exclamar baixinho: até onde, Mãezinha de Aparecida, me levarão meus sonhos?

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Pedro Avellar

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Comentários

  • Tocante seu texto e pertinente ao contexto. Abraços

  • Pedrão poeta!

    Um verdadeiro sonhador, aliás,

    um poeta que não sonha deve ter uma "asa" machucada.

    Vai ter dificuldade de por um pé no passado,

    um no presente e um no futuro!

    Parabéns bardo.

    #JoãoCarreiraPoeta.

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