A cova que cavo pá a pá
Abre uma brecha no mundo
E nela planto a muda virgem
Da erva que gerará sombra
Flores, frutos e folhas
Que ajudarão a oxigenar
Os pulmões da terra
Depois nesse espaço nem raso nem fundo
Estarão sepultas as raízes dos meus dentes
As plantas dos meus próprios pés
O esguio tronco que sustenta
Todos os vértices e meu ventre
Além de restos da massa e seiva que sobrar
Continuarei assim parte de barro e calcário
Pó de pedra, musgo e areia
E quando por fim mais nada restar
Estarei presente em livro e retrato
No fundo de sua memória
Ou junto a uma velha estante
Em alguma sala de estar
PSRosseto
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Nunca te extinguirás, estarás no imo da poesia.
Lindo poema.