Era bom passear na garoa
Saltitar poças após qualquer chuva boa
Molhar-se na salseira mansa
Encharcar no aguaceiro de final de tarde
Coisa de criança, brincadeiras da adolescência
Que permanecem na memoria
Corríamos na velocidade das enxurradas
Melados de lama, cantando feito pássaros
Correndo pelo barro revolvido
Pisando descalços o capim ensopado
Balançando galhos
Roubando as flores molhadas no jardim
Nascia uma fina sintonia
Entre nossa liberdade e alegria
E as nuvens
Encantada meninice que inocentemente fluía
Sem explicação
Agora temos medo da molhaceira
Qualquer molhadela nos põe tensos
Presos à pressa, broncos com a agua a escorrer
Que não passa e não nos deixa passar
Andar, caminhar, correr
Nos esquecemos de morrer
De rir largados na chuva
Tão disforme e aguada tornara-se nossa vida
PSRosseto
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