Conversando com estrelas
No alpendre aqui de casa, onde o vergel arrasa,
enredado em minha velha rede, numa tarde de fazer a sesta,
lânguido, das entre pálpebras vislumbrei malemolente fresta.
Ao levantar o meu olhar vi o amor pairar sob o ar do firma-
mento. As brancas nuvens formavam as estrelas com
as quais me atrevi a conversar. À pincenê, e à
Mandraque eis que ressurge o velho craque.
Era Olavo a dialogar com Assis, que assim lhe diz:
Um afortunado compositor de melodias populares
que deseja desesperadamente escrever música clássica.
Ouve-se uma firme interrupção num Tom com uivos de Lobos:
Brada Francis: Tudo por causa do amor. Regina quase se afoga
com as Águas de Março à frente do Mercador latino-americano
Como Nossos Pais. Grita Tonico de Campinas: Cadê Peri?
Porém, em Guarani. Adentrei-me ao assunto feito bobo, en-
quanto, Bachianas empurravam O Trenzinho Caipira. Es-
se Trenzinho passa tão cheio de graça, agora Tom
soltando o seu som. Logo chega uma Pessoa
com chapéu preto na mão, olhando ao léu
do azulado céu, afirmando ser Fernando,
chamando por Vinícius. Que esse
conclave seja bom, enquanto dure
em nome de Tom, com calmante meiguice
configura-se falsa crendice. Imortais naquela
flutuante academia fulgurante a minha mente confundia,
pela insensatez de atrevimento ao querer entender logo
de vez, sem esperar a minha vez, com enorme pedra
no meio do caminho, quando o poeta nobre, Carlos
me chama de lado e se põe a falar com este pobre
mortal. Educadamente:- Meu velho, não me leve a
mal, pegue esse seu escaninho e se aninhe no seu
ninho, pois, trata-se de conversa de gente grande
que a nós se expande. - Seja claro poeta, que a mim
não me afeta. - Então me entenda, fique na sua tenda
e apenas aprenda, quiçá, será também um poeta do além.
Eis que de repente, surge na frente da gente um arquiteto carioca
de Brasília a querer construir um enorme teto ondulado para agasalhar
os imortais da poesia. E por profilaxia surgem mais
dois por ali com seus bisturis, eram anjos de branco:
Zerbini e Pitanguy. Ah… Aparece também do mundo do
além, mais um estrangeiro, capitão Nemo que de sua nave
bisbilhota um Navio Negreiros, conquanto, um cabeludo
de bigode, alinhado, com a mão a segurar o queixo,
admirado, olhando de lado, sorri desvairado
a recordar o presente passado.
Ai pensei, vamos parar por aqui,
porque, não vai caber mais ninguém,
apesar do céu não ter fim, foi quando
ouvi o despertar do conhecido Bem-te-vi.
Estrela e mais estrelo a estrear o meu espaço,
além do cantarolar de belo pássaro.
Pode?
O papo parou por ali, levantei-me pensativo,
e fui procurar o que fazer.
jbcampos
Comentários
Oi Edith, sempre generosa. Bjs.
Marsoalex, nem sei como agradecê-la faltam-me adjetivos.
Ciducha, adorei o seu poster, e fico agradecido pela generosa consideração. Abraços campônios.
Simplesmente magnífico!!!!! Encantada por demais com teu versar!!! DESTACADO!!!
Obrigado, olhando bem à sua escrita Angelica'l, quem se encanta sou eu. Abraços campônios.