Neste poema, Murilo Mendes emprega uma série de imagens poéticas
de forte carga emocional e simbólica para explorar temas como a fragmentação
da identidade, o desejo, o erotismo e a transitoriedade do tempo.
O surrealismo é uma característica marcante da sua escrita,
com associações incomuns e expressões que provocam o pensamento e a reflexão do leitor.
A poesia se caracteriza pela constante tensão entre o visível e o invisível,
o real e o imaginário, o corpo e o espírito.
Corte transversal do poema
Murilo Mendes
A música do espaço pára, a noite se divide em dois pedaços.
Uma menina grande, morena, que andava na minha cabeça,
fica com um braço de fora.
Alguém anda a construir uma escada pros meus sonhos.
Um anjo cinzento bate as asas
em torno da lâmpada.
Meu pensamento desloca uma perna,
o ouvido esquerdo do céu não ouve a queixa dos namorados.
Eu sou o olho dum marinheiro morto na Índia,
um olho andando, com duas pernas.
O sexo da vizinha espera a noite se dilatar, a força do homem.
A outra metade da noite foge do mundo, empinando os seios.
Só tenho o outro lado da energia,
me dissolvem no tempo que virá, não me lembro mais quem sou.
Eu ainda acrescentaria que se trata de um poema de simetria arrebatadora e de uma fascinação profundamente intrigante. Alexandre
Comentários
Parabéns poeta Alexandre! Achei bem interessante. Saudações.
Genial! Aplausos, caro poeta pela escolha.