DETERMINAÇÃO

 

Eu não consigo explicar para as flores

O motivo do teu adeus tão violento

Das tuas mãos suaves jamais pensei

Que seriam capazes de gesto tão cruel

 

A mágoa que você deixou em mim

Como uma nódoa da noite no lençol

É ferida aberta por onde agora sangra

As desilusões escondidas nos senões

 

Eu vou tentar me acostumar com o dia

Sem ter teu corpo vagando pela casa

O amor que eu julguei tão solidificado

Desmanchou-se com tua decisão fútil

 

Não consigo juntar os cacos espalhados

Pela nossa história com mais de três anos

E encontrar o erro que acaso tenha cometido

Ou a palavra que não coube bem no verso

 

Eu sei que ainda não domei essa saudade

Enjaulada dentro do meu peito em decadência

Mas estou determinado a não pedir que volte

Pela janela das horas que não consigo trancar

 

(Cláudio Antonio Mendes)

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