Eis o homem abstrata criatura selvagem,
Lançando ao sulco da terra suas tragédias,
Empoleirado no arco do mundo feito fera,
Admirando seu estranho túmulo,
Enrugando a obscura face enfermiça.
Eis o homem replicando homens,
A imagem e semelhança de seu caos,
Decompondo-se entre os excrementos do século,
De mãos dadas ao abismo da arrogância,
Tratando-se feito irmão, de pútrido sangue.
Eis o homem recriado pelo deus em si,
Plantando na terra sementes de fogo,
A queimar a razão entediada,
Amando donzelas desfiguradas,
Gerando filhos bastardos.
Eis o homem forjando lacunas,
Amando em seu coração disfórico,
Escravo de suas mazelas,
Sociopata caridoso ao seu zelo,
Odioso benemérito aplaudido.
Eis o homem,
Rasgando o ventre que o gerou,
Patético filho de dúbio amor,
Estranho ao próprio bem maculado,
Rastejando entre os vômitos da rebeldia.
Sirlânio Jorge Dias Gomes
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Comentários
Eis o mundo diante de seus pés e uma massa de gente robótica, vivendo, exatamente, o que a sociedade pede.