O sol ainda despontava tímido no horizonte, derramando os primeiros raios dourados sobre o quintal da Vovó Onça. Era uma manhã fresca, carregada de orvalho e do cheiro de terra molhada. Do alto de uma jabuticabeira, um pássaro azul de plumagem brilhante soltava uma melodia tão doce que parecia abraçar o silêncio do amanhecer.
Vovó Onça, com sua xícara de chá nas mãos e o olhar atento, sorriu ao avistar aquele visitante encantador. “Ora, ora, quem é você?”, murmurou, como se o pássaro pudesse responder. E ele respondeu, mas com outro canto, ainda mais alegre, que parecia uma saudação especial para ela.
Decidiu batizá-lo ali mesmo: Matina, o pássaro azul das manhãs.
A cada dia, Matina tornava-se parte da rotina do quintal. Sempre pontual, aparecia ao romper do dia e iniciava sua sinfonia matinal. Seus amigos não tardavam a juntar-se a ele. Nina, a bem-te-vi espevitada, respondia com sua voz característica. O beija-flor azulão, sempre agitado, trazia um ritmo rápido e vibrante, enquanto Zé e Maria Pretinha, os pássaros pretos enamorados, entoavam duetos harmoniosos.
Vovó Onça, sentada em sua cadeira de balanço, observava a cena com ternura. “Que orquestra mais animada! Vocês enchem meu coração de alegria!”, exclamava, às vezes acompanhando o coro com sua própria voz rouca e desafinada.
Matina parecia ter um papel especial na banda. Ele era o maestro, aquele que dava início e ritmo à música. Seu canto se elevava no céu, unindo vozes e criando uma melodia que ecoava longe. Os pássaros vizinhos também eram atraídos pelo espetáculo e, pouco a pouco, a sinfonia matinal do quintal da Vovó Onça crescia em número e harmonia.
Nas manhãs mais calmas, quando até o vento parecia segurar o fôlego para não atrapalhar, Vovó Onça sentia que a música de Matina era um presente da natureza para sua alma. “Ah, meu Matina, você é mesmo um anjo emplumado!”, dizia com gratidão.
E assim, entre cantos e risos, as manhãs da casa da Vovó Onça ganharam mais vida. Matina, o pássaro azul, não era apenas um visitante. Ele era a melodia da manhã, o amigo que acordava a todos com doçura e enchia o quintal de esperança e encanto.
E Vovó Onça, com sua sabedoria, sabia que Matina não estava ali por acaso. Ele era um lembrete diário de que a vida, assim como os pássaros, é mais bonita quando se canta em sintonia com os amigos e com a natureza.
Helena Bernardes
Comentários
Boa tarde, minha querida Vovó Helena!
Eu já escrevi algumas vezes que,
o poeta tem o poder de estar com um de seus pés no passado,
e o outro no presente, ou, futuro.
Eu não me considero um poeta,
talvez um "rascunho"!
Mas, estou constantemente, nestes três temporais,
mas hoje,
(no presente)
foi simplesmente mágico,
pois presenciei este belíssimo conto
dentro do quintal da Vovó Helena. A fantasia do poeta é incrível minha amiga!
Parabéns, sou teu fã.
👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏.
#JoaoCarreiraPoeta.