MATREIRA

Há um quarto de lua minguante

Outro tanto dela crescente

Uma face bela e tão nova

E uma fase ousada e bem cheia

 

Tem noite que se retrai

Outras vezes ela incendeia

Perfuma agita e faz troça da terra

Que não sabe se a ama ou odeia

 

Prende os cabelos, solta as madeixas

Faz juras e queixas, invade as loucuras

Dos rios e dos mares, rasura as margens

Baixa e ergue as marés

Joga palavras, remoinha os ares

Treslouca excitada, extrapola, rebela

Se esconde nas nuvens, se disfarça em estrela

Abre-se inteira, líquida, sem mácula

Se delicia nas águas, goza faceira

E repousa e acalma igual à pétala rosa

Que gangorra cheirosa

Entre o lábio carmim e a língua vermelha

 

Lua matreira, tão calma e bonita

Tem pena de mim

 

PSRosseto

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Paulo Sérgio Rosseto

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