Quando as violentas ondas do mar
baterem no meu peito desnudo,
como um náufrago eu penso em me afogar
neste eterno mar e esquecer de tudo.
Quero entregar-me a este nada absoluto,
nestas ondas mortas, loucas, enfurecidas.
Corta-me este vento descabido e bruto,
sou apenas um fruto podre nesta vida.
Entregar minha matéria a esta mistura
de água e a este ser supremo que perdura
no céu e na terra, num corpo fálico,
e a estas águas de salmoura que me calam.
Tento gritar, arremessando minha amargura
a este mar reverso, desconexo e ardiloso,
mas sou um boneco de pano, uma patética figura,
a me entregar aos mistérios deste mar majestoso.
Alexandre Montalvan
Comentários
Quanta inspiração! E que vocabulário rebuscado! Parabéns poeta Alexandre!