O TEMPO

Sou um mercador de sementes
Não somente um semeador ou reles sementeiro.

Sou eu a verdadeira pureza
Que deteriora o fruto, arrebata o bago
Estala a vagem, decompõe a polpa
Resseca o talo, carcome a carne
E oferece aos homens, ventos e pássaros
As chances cruas da refloresta
A oportunidade de novas mudas
O reinicio dos ciclos
A perene teia que peneira.

Independo que tuas mãos sintam
A repentina ou comprometida fiança em plantar.

Os meus amigos passam pelo pórtico da Cidadela
Arrebatam jardins e pomares
Sentem as rosas, colhem mangas maduras
Descansam sob os pequenos arbustos
Conversam com as cigarras ciganas
Que adivinham as manhãs e temerosos
Entreolham nos olhos da venenosa esperança.
Simplesmente trabalham, comem, engendram
Regeneram, recuperam as forças tamanhas.

Ao invés, sou essa incólome presença
Porque trago a teimosia resoluta dos amanhãs.

PSRosseto

Enviar-me um e-mail quando as pessoas deixarem os seus comentários –

Paulo Sérgio Rosseto

Para adicionar comentários, você deve ser membro de Casa dos Poetas e da Poesia.

Join Casa dos Poetas e da Poesia

Comentários

  • E tudo se passa nesse tempo que permanece, que nunca envelhece. Ciclos chegam, findam e tornam a voltar.

    Belíssimo poema, cheio de reflexões existênciais.

    Parabéns!

  • 418999950?profile=RESIZE_710x

This reply was deleted.
CPP