Fecha a cortina para diminuir o sol
Retrair a luz
Tornar opaca a mera visão do dia
Cochila recostada à cadeira
Cerra os olhos
O instante congela quando fecha a janela
A nuvem densa esconde a lua
Depois chove
E a noite se molha negra e ensopada
De silêncio a madrugada silencia
Tranca os lábios
Aquieta a língua e o pensamento flutua
Não há morte encomendada
Tudo é normal
Como qualquer ato cedente
Apenas continua o gesto motor
Repetido movimento
A gente segue e o tempo expira
Há quem adoeça e soluça e suspira
O prazo extingue
E o corpo – ah o corpo não mais respira
PSRosseto
Comentários
A vida, o tempo e a morte... Lindíssimo!