RABISCOS

Fico a perguntar
Qual a diferença da fome
Entre um lado e outro da fronteira
Da sede se é maior ou menor aqui ou acolá
Das ideias, ideais, culpa e ideologias
Da necessidade de entendimentos
Das concepções, expectativas e experiências
Da beneficência que assimila o beneplácito
Das nuances da língua, transcritas na fala
Da confidência do acerbo causal
Que por vezes exacerbados nos toma

Achamos que somente nós detemos
A bandeira mais bela
Um hino emblemático
A épica epopeia
Um enviesado ontem de glórias
A certeza mais pródiga
Um futuro tão próximo
E esse presente útil e absoluto
Que nos imprime soberanos

A mesma chuva que aqui orvalha ali molha
E quando aqui encharca talvez ali apenas serene
Mas a neblina é só uma
E jamais apequena a terra
Apesar das duras penas e da febre
Que sem dó tapa, impõe, arrolha
A consciência de quem labuta e assume a batalha

Quem dividiu os lados
Esqueceu-se de desligar os rabichos
Dos rabiscos sujos de guerra

 

PSRosseto

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Paulo Sérgio Rosseto

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Comentários

  • 1363448484?profile=RESIZE_710x

  • O que decorre da disputa pelo poder sobre os mais fracos é nefasto.Texto profundamente reflexivo sobre os confrontos que vemos noticiados na telinha.

    Reverências poetas.

    Parabéns!

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