Refúgio em Palavras

Refúgio em Palavras

Na quietude da noite, quando a cidade silencia e o céu parece sussurrar segredos antigos, ele caminhava. Seus passos eram leves, quase tímidos, mas carregavam um peso que poucos podiam ver: o peso da lua. Não era algo físico, mas sim a melancolia suave de quem vê poesia em tudo — nas sombras que se estendem pelas calçadas, nas estrelas que piscam como lembranças esquecidas.

Ele não era conhecido por sua voz, mas por suas palavras. Seus bolsos não carregavam objetos comuns, mas pedaços de céu, pequenas metáforas arrancadas de momentos que escapam aos olhos apressados. Sua poesia era assim: um refúgio, uma confissão velada, uma companhia na solidão.

Nas esquinas, onde outros viam apenas postes e concreto, ele enxergava versos. A solidão não o assustava; pelo contrário, era sua aliada. Sentado sob a luz pálida de um poste, rabiscava no papel o que a noite lhe oferecia. Cada palavra era um fio que tecia histórias e sentimentos, transformando a dor em arte, o vazio em significado.

Havia algo mágico em sua entrega. Mesmo quando não havia ninguém para ouvir, sua poesia cantava. Cada rima era um eco da vida pulsando em seu coração, mesmo que envolto em papel e silêncio. Ele sabia que as palavras, por mais simples que parecessem, tinham o poder de tocar outros corações.

Essa crônica é para todos que, como ele, encontram refúgio na escrita. Para os que transformam solidão em companhia, tristeza em beleza, e silêncio em poesia. Talvez você também carregue pedaços de céu no bolso. Talvez, em suas palavras, o mundo também se renove.

E você? O que escreve quando a lua pesa no peito e as estrelas sussurram?

Helena Bernardes,M

madrugada de 21 nov 2024

 

Enviar-me um e-mail quando as pessoas deixarem os seus comentários –

Helena Bernardes

Para adicionar comentários, você deve ser membro de Casa dos Poetas e da Poesia.

Join Casa dos Poetas e da Poesia

Comentários

  • Belíssimo conto, Helena!

    Essa música é linda!!! Há muita poesia na letra 
    Parabéns!

  • Bom dia, Helena!

    Uma verdadeira contista e cronista é assim,

    mata a cobra e mostra o pau poético.

    Achei simplesmente lindo!

    Sua singela escrita é como um café quentinho

    em um dia de inverno.

    Portanto, amo ler-te.

    Parabéns!

    👏👏👏👏👏👏👏.

    E, dou-te o meu carinho.

    #JoaoCarreiraPoeta.

  • Maravilhosa sua crônica Helena!  Quanta sabedoria!  Parabéns! 

    • Obrigada amiga querida!

      To tentando aprender colocar uma música com o link do YouTube que combina com esta crônica, mas não consegui. 

      Já transformei o texto em HTML, já inseri as 11 letras do link que  fomos orientadas no tutorial, mas a vovó aqui tá apanhando, rsrs

      Grande abraço!

This reply was deleted.
CPP