A minha alma está morta!
Sinto-me tão nua…
Despida das razões de não ser nada.
Sinto-me primitiva, antiquada.
Quero ter idade!
Preciso de ausentar-me
Vestir-me de engano.
Sair para além do que é meu,
E ver-me na precisão da lucidez.
Preciso do pensamento!
Ou do sonho que há nele…
Mesmo que nada seja verdade
Mesmo que nada exista
É dos vícios que me permito,
a única mentira que me lê.
Só nele cresço e não me alcanço
Quero matar os impulsos.
Desorganizar a minha insignificância
Esquecer-me de esquecer,
lembrar e ser lembrada.
Parar para ter fé e desejar prosseguir
Preciso do pensamento!
Ou do sonho que há nele…
Quero não ser só ausência.
Deixar de ser trocos em pagamentos.
E tirar de mim todos os pesos…
Da esperança e desilusão.
Da perda que ainda me doi.
Da exigência e incompreensão.
Da ausência que me destrói.
Dos olhos da indiferença
Do peso das lágrimas
Da minha transparência
Do rasto das mágoas
E pensando acredito…
Que no nada tudo tenha
De pequena sou tão alta
Que o que a mim não venha
Em nada me fará falta
E pensando descanso…
Nada mais ouso querer.
Cresce assim esta semente.
Que me faz querer viver
Só assim um morto sente.
Plácido De Oliveira
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