Desconfio que algo diferente acontece
Penso ainda ser moço apesar dos noventa
Consigo flanar sobre o tempo como antes
Apesar de que por tantos modos é verdade
Tenho perdido o interesse e a esperança
Desconfio trazer os passos mais lentos
A memoria lerda que nem lembra o que sinto
As mãos inábeis e maneiras desconexas
Porções de amor escondidas nas gavetas
A cama imensa onde comigo ninguém deita
Olhos que não mais evitam mostrarem-se aflitos
Aflições que admoestaram e se foram
Mas deixaram o peso preso aos ombros
Arqueados dos reparos e conflitos
Palavras praticamente inaudíveis ao vento
Que ao invés de serem ditas ficam presas no ventre
Se há grito nem ouço e se escuto não choro
Quando choro disfarço a lagrima que rola
Dependo de ti que me venha ao encontro
Que me põe no leito e dele me levante
E abra os braços e entre eles me encontre
Apesar dessa desconfiança
Nada mais me espanta nem entedia
O que me resta é rir dessa comédia
PSRosseto
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