Acordei com os olhos marejados de dor
(E a bendita da novela mexicana nem me esperou)
Uma lágrima sobressai entre as gotas de sangue
A vida quer se esconder sob a palidez do tapete e
Você nem sequer me empresta seu sorriso irônico
Puxei as orelhas do tempo entre tremuras e gracejos
Não posso mais me conter de tanta vontade de amar
Eu só queria que a tarde fosse feliz em nossos olhos
Mas você sequer consegue algemar os raios do sol
Vou partir para minha tristeza dissonante feito cinza
E teu dia foi embora entre os dedos sujos de tinta
Por você ter tentando maquiar o rosto dessa cidade
Mergulhada nos acasos de uma história sem floreios
A embriaguez que me belisca o fígado enquanto voo
Em calçadas sujas na busca da decência crepuscular
Existe como uma planta que cria raízes sobre a rocha
Só enxergo flores quando a garrafa me revela o fundo
E se os cacos de uma vida não consegue mais ferir
Os desavisados em suas caminhadas inquietantes
O sereno da noite passa a ter efeito de um analgésico
E o que resta de memória recorda as cantigas de ninar
Daquela infância (agora tão distante) que ainda me acena
- Cláudio Antonio Mendes -
Comentários
Belo trabalho, parabéns amigo Cláudio.
Lindíssimo poema, Claudio.
Aplausos ao teu momento de composição, magnífico.
Brilhante composição, poeta... Aplausos!