Em meio aos milhares de livros
A moça de leve eleva até a boca
A borda da delicada xicara
E abraça com os lábios
O líquido que arrebate expresso
A espuma quente da beira da louça.
A fumaça lhe embaça as lentes
O negro néctar alveja ainda mais seus dentes
Ela sibila, cerra os olhos com candura
Enquanto sorve e disfarça a voz
Envolta em doce encantamento
Depois arrebatada de momento
Deita a chávena no colo do pires
Observando a vastidão da mistura
Vestígios do seu batom no café
Açodado por um torrão de chocolate
Como quem lesse placidamente as entrelinhas
E o moço admirando ali as displicentes capas
Floridas dos mágicos títulos da livraria
Retém da memoria uma infância de rimas
Torrando as sementes de um vasto cafezal
Banhado por dizeres, frases e poesias
PSRosseto
Comentários
Escreveu todo procedimento de uma dama tomando um café num shopping , breve nao veremos mais estes momentos
parabens PAULO SERGIO
Poema retratando um momento de puro encantamento numa livraria. Que belezura de poesia.
Minhas reverências, poeta.
Parabéns!